Dos três países visitados a Estónia é especial nalgumas caraterísticas. Talin trouxe algumas surpresas: apinhada de turistas, muitos despejados de cruzeiros e ferries de Helsínquia e Estocolmo. Esta enchente notou-se logo na zona alta de entradas e saídas da catedral ortodoxa russa (Alexandre Neveski). Dentro dela impressiona a devoção daquela gente. Transbordavam também as lojas, ruas e miradoiros dessa zona alta. Por ser domingo? Dali avistavam-se troços da muralha dos Cavaleiros da Espada e dos Teutónicos. O nosso guia local, um cubano, lá nos ia dizendo que 50% por cento das pessoas da cidade falam russo e resistem a falar o estónio, falado por outros 50%. Língua de bela sonoridade com sílabas repetidas. Feitas as compras, talvez alguma joia de âmbar, o grupo desceu o escadório para a baixa medieval de ruas estreitas dentro das muralhas que ainda mantém 16 torres com a “Gorda” das canhonadas perto do porto. Em minutos de tempo livre, deu para um café na pastelaria da esquina por 3€ e visita à igreja medieval luterana.
Na praça do edifício da Câmara Municipal, de 1322, o mais antigo e emblemático edifício municipal do norte da Europa, fazem-se fotografias também à farmácia mais antiga em funcionamento, desde o ano 1422 até hoje, e logo, a pouca distância, à casa mais estreita da cidade com a data 1656 e, quem diria, com o lema do Jubileu “Spes Mea Christus” (a minha esperança é Cristo). O almoço foi em restaurante típico em cave. A Estónia tornou-se católica em 1219 por ação de bispos e sacerdotes trazido da Dinamarca pelo rei Valdemar II. A primeira catedral da Virgem Maria foi na cidade alta (Toompea) e assim continuou até 1523 com a chegada do luteranismo que o regime sueco impôs em 1561, proibindo o catolicismo e as missas, destruindo altares, expulsando os Dominicanos, reformando os Cistercienses em 1543. Em 1575 as tropas russas arrasaram o convento de Santa Brígida. Em 1786 a cidade já tinha 284 católicos e em 1832 passaram para 1500, crescendo para 6.000 em 1914 e 2.536, em 1922 (cf. Opúsculo da Catedral, 2024 pp.12-13). Até 1918 a atividade missionária era proibida.
No dia 24, o grupo celebrou a missa dominical na Catedral católica de S. Pedro e S. Paulo, junto à muralha a qual só em 1924 passou de “igreja polaca” a igreja estónia ao cuidado de Jesuítas. Em 1936 foi ordenado bispo o jesuíta Eduardo Profittlich de origem alemã, o qual durante o regime comunista soviético, em 1941, foi preso e fuzilado em 1942. Foi beatificado no dia 7 de setembro de 2025 na simbólica Praça da Liberdade desta cidade, junto à Igreja luterana de S. João. Na sacristia da catedral tivemos uma surpresa. Apareceram dois seminaristas para dar apoio. Perguntei em inglês de onde era um deles e logo respondeu, em português, que era da área de Lisboa e era diácono do Caminho Catecumenal e já se encontrava em Talin há uns dez anos; o outro era italiano. Ambos estudavam teologia. Na catedral estava as imagens de S. António e a de Nossa Senhora de Fátima, como é de esperar por todo o mundo.
A situação política atual destes países oferece esperança? Todos os media fazem conjeturas; não me atrevo a palpitar. As impressões desta peregrinação são ricas de balizas cristãs e dão esperança. Até ao século XII vigorou o tempo pré-histórico do Cristianismo católico nestes países, com algumas sementes cristãs na Letónia e Estónia no século XI; a Estónia, continuou a ser cristianizada pela Ordem Teutónica no século XIII. A Lituânia é um caso à parte como país católico. Estes países foram visitados pelo João Paulo II em 1933 e pelo Papa Francisco 2018, de 22 a 25 de setembro. Ambos deixaram palavras de esperança principalmente sobre os mártires que deram vida por Cristo nos campos nazis e nos gulags comunistas. Será que o grupo conseguiu ler os sinais de esperança mais significativos para estes países, a Europa e o mundo? Os medos de alguns têm a ver com Drones e Migs ou com o paganismo sem esperança difuso pelo mundo? Um dito ouvido era de que Putin teria 5 milhões de espiões a defendê-lo. E quantos destes e doutros serão infiltrados para roubar a paz. Contudo, nada parecia assustar os habitantes e os turistas que circulavam pelas capitais e lugares turísticos visitados. Será que se está perante “tigres de papel”?
A esperança cristã não vem da confiança nos drones nem de espiões infiltrados, mas do Senhor da História e de Maria Virgem, a Mãe Protetora e Rainha da Humanidade. As igrejas, catedrais, capelas e tantas outras presenças da Igreja e de Cristo são promessas de esperança.