Frontal de altar
Autor desconhecido, século XVII
Chacota pintada e vitrificada
Inv. n.º DLF.386-MUS.115
Nota histórico-descritiva
Entre as estratégias artísticas de enobrecimento dos espaços celebrativos, encontra-se em Portugal, sobretudo entre os finais do século XVI e os inícios do século XVII, o revestimento azulejar que chegou mesmo a tomar as frentes dos altares a partir do desenho típico dos frontais de altar amovíveis que, neste caso, se tornavam perenes.
Atualmente desintegrado do seu contexto arquitetónico, este frontal de altar apresenta frisos constituídos por folhas de acanto amarelas, colocadas sobre fundo azul, que se encontram dispostas nas extremidades laterais e superior. Esta última faixa apresenta, ao centro, uma figura à maneira de carranca típica do Maneirismo, na orla superior, um friso de elementos vegetalistas e, na inferior, franjas pintadas.
Os frisos de folhagens de acanto emolduram um painel decorativo polícromo que pode ser lido como alegoria. Na parte inferior, encontra-se um friso com seis animais de caça: leões (símbolos de Cristo), veados (símbolos das almas que têm sede de Deus) e coelhos (símbolos da fertilidade). Possui cinco árvores em flor de ambiência oriental, glosando a árvore da vida e a central suporta um medalhão circular com a legenda: «S. GONÇALO DA VARZEA»; as restantes possuem, cada uma, um pavão, símbolo da abundância. A paisagem natural completa-se com vegetação rasteira e com caracóis. Os tons dominantes do programa decorativo são o ocre, o azul, o amarelo e o verde, que contrastam com o fundo branco.
O painel guarnecia, de forma permanente, a mesa sobre a qual se celebrava a missa e a sua decoração assenta no conceito da abundância da criação teologicamente recriada na Eucaristia.
Rubrica “Arte e Ver o Património” subordinada ao tema da “Eucaristia”, no âmbito do triénio pastoral. É publicada semanalmente na Revista Digital Rede. Subscreva gratuitamente em https://rede.leiria-fatima.pt