Alegrias do Natal e questões postas a João

As leituras do terceiro domingo do Advento, a pedir alegria e a fazer perguntas, fazem pensar, hoje e no passado. Há mais gente a viver alegrias ou tristezas, prazeres consumistas ou sofrimento e pobreza? Muitos sofrem, enquanto outros à volta gozam numa «alegria de carnaval», como lhe chamou o Papa na Córsega (15 de dezembro de 2024). Tantas cenas dos ecrãs mostram pessoas tristes, sem alimentos, sem abrigo, sem cuidados de saúde, sob ameaças de violência e riscos de morte. Entretanto, os mesmos ecrãs entristecem ainda mais os sofredores, agredindo-os com cenas contrastantes de «tanta gente com a ânsia de consumismo»; que é «um mal que todos os cristãos, padres, bispos, cardeais, todos nós, mesmo o Papa», podem ter, como o Papa alertou. As observações do que se vê no dia a dia são leituras da realidade que alegram e entristecem. O bem feito aos frágeis e sofredores dá alegria aos corações dos que fazem o bem e dos que recebem a ajuda, «porque quem vive para si mesmo nunca será feliz».

«Vi aqui muitas crianças (…); façam filhos, eles serão a vossa alegria e consolação no futuro», disse ainda o Papa, que na Córsega, como em Timor-Leste, viu muitas crianças. As notícias frequentes de realidades egocêntricas sufocam as pessoas com espetáculos tóxicos e doentios; e escondem o bem realizado para alegrar e socorrer as necessidades dos pobres.

O termo inglês scan, tão usado hoje, significaria ler e ver com cuidado para descobrir o bom sentido da realidade que pode estar oculto. A origem do termo vem do latim scandere, que em poética significa saltar e subir o ritmo para obter outro sentido bom que sem essa subida não aparece. Esta etimologia da leitura da realidade, do viver atual e da vida de há séculos, recorda um certo João que batizava no Jordão. Ontem como hoje, não faltam leitores da vida dos homens. Olham à volta para as multidões ou para as televisões e telemóveis, leem livros e jornais, e fixam-se na vida dos ricos e dos pobres, dos que ainda trabalham à jorna, dos que cultivam as terras de outros donos; dos servos da gleba, que trabalham doze a dezasseis horas por dia, em oficinas, fábricas e campos, a dormir em cabanas, palheiros ou ao relento, olhando para os que vivem na abundância e numa alegria de circo.

Alguns, com a missão de profetas, olham os sofrimentos desta gente, que adoece por falta de agasalho, que sofre de fome e de não ter alimentos. Veem os que se queixam e os que tentam revoltar-se, os que morrem de fraquezas e doenças, e os que sucumbem aos maus-tratos dos poderosos, que não elevam o seu pensar e cismam que têm de ser assim. Outros que observam elevam o olhar, veem outro sentido de viver e, profeticamente, convidam todos à sua volta a ver esse sentido novo: a Boa Nova. A visão de João Batista era semelhante à de muitos outros de séculos longínquos, como Amós, Isaías e outros de visão penetrante, como Balaão, que ouvia as palavras de Deus (Nm 24, 15-17).

Alguns, ao ouvir falar de sentido elevado, correm a perguntar a esse João de há dois mil anos, no vale do Jordão, o que podem melhorar. E perguntas surpreendentes não param: «E nós, que devemos fazer para viver com mais alegria?» Diziam: nós, e não: o que devem fazer os políticos, os corruptos, os ricaços e os cheios de dinheiro sujo? É de esperar que estes façam eles a mesma pergunta: «E nós, que devemos fazer para ter e dar alegria?»

O João que respondia já fazia o bem que mandava fazer: «Quem tiver duas túnicas» (hoje seria quem tiver várias casas), dê uma a quem não tem e faça o mesmo com os alimentos; e um João de hoje acrescentaria: dê escolas e cuidados de saúde a quem não tem.

E nós? Perguntavam os dos impostos e os governantes. E também os do poder político armado vieram perguntar: «E nós?» Nem hoje faltariam perguntas de gente das religiões, dos partidos políticos no poder, de gestores, educadores, responsáveis pelo bem de todos; dos donos de multinacionais gigantes, de pais que «não fazem filhos» (Papa Francisco). Mas a quem fazer, hoje, as perguntas sobre o que cada um deve fazer? Terá de ser a Alguém que já faça o bem.

E se esse Alguém for o humilde Menino do Natal, que veio para fazer o Bem e o receber em cada pequenino? Afinal, Aquele de quem João disse que tira o pecado do mundo, «revogando a sentença de condenação» e remindo a pena de todos com a oferta da própria vida. Para isso nasceu e foi reclinado na manjedoura no curral do seu Natal e, pregado no madeiro da Cruz, morreu por amor. O Menino do Natal ressuscitou! Alegrai-vos! É Natal! Fazei o bem a todos, pequenos e grandes!

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