A formação sinodal continua: “Se estiver tudo bem não faz sentido falar em sínodo”

A sessão de 9 de novembro, foi dedicada ao tema “Somos um povo a caminho”, apresentado pelo padre Gonçalo Diniz, pároco de Leiria e Cruz da Areia.
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Na noite de 23 de novembro terá lugar a quarta aula da formação “Rumo a uma Igreja sinodal a convite do Papa Francisco”, a decorrer este semestre, até 18 de janeiro de 2022, na Escola Diocesana Razões da Esperança (EDRE). Sob o tema “(A Igreja é) Comunhão, Participação e Missão”, a aula estará a cargo de Eva Vieira, delegada diocesana para o Sínodo 2021-2023.

A última sessão, a 9 de novembro, foi dedicada ao tema “Somos um povo a caminho”, apresentado pelo padre Gonçalo Diniz, pároco de Leiria e Cruz da Areia. Durante uma hora, o biblista mostrou por meio de alguns relatos da Sagrada Escritura que a sinodalidade não é algo de novo no percurso da Igreja. “A sinodalidade, com as suas caraterísticas, está profundamente enraizada na mensagem bíblica, quer no Antigo quer no Novo Testamento”, começou por dizer.

Os relatos selecionados, alguns mais desconhecidos, escolhidos propositadamente para incentivar à leitura e ao estudo da Bíblia, começaram no Livro do Génesis, para mostrar que desde o momento da criação, “a imagem de Deus está presente em cada pessoa, o que a capacita para ser corresponsável”. No homem e na mulher, criados à semelhança de Deus, “está presente a diversidade e a complementaridade, próprias do ser humano, o que nos coloca no centro do grande desafio do sínodo”. 

Noutro relato do Génesis, Abraão é apresentado como “o primeiro caminhante”, convidado “à desinstalação, rumo ao desconhecido, confiante que Deus sabe para onde o leva”, imagem daquele que “deixando-se guiar por Deus, parte em comunidade”, em sentido de sinodalidade, já que sínodo significa caminhar juntos. 

“Se estiver tudo bem não faz sentido falar em sínodo”, referiu o padre Gonçalo Diniz.

Do livro do Êxodo, o padre Gonçalo Diniz destacou as passagens da vocação de Moisés, que, na descoberta da sua missão e na caminhada pelo deserto, “fez uma experiência sinodal”, de um povo, Israel, “onde conta a colaboração de todos”.

Em outros relatos selecionados, o pároco de Leiria e Cruz da Areia mostrou que também os “profetas convidam a caminhar ao longo das adversidades da vida”. No caso sublinhou, a exemplo de outros, os clamores do profeta Jeremias que lamentava do povo a “falta da capacidade de ouvir a Deus, pois só escutando é que se pode caminhar”.

“Os planos de Deus são diferentes dos nossos. Será que nos deixamos surpreender?”, interrogou o sacerdote, no caso ao sublinhar algumas pistas extraídas dos relatos de Isaías, nos quais o profeta descreve que “Deus pode falar por qualquer pessoa e por tudo”, por isso, é preciso viver “em escuta e conversão permanente”. 

Ao entrar no Novo Testamento, o padre Gonçalo Diniz começou por escolher os relatos do Evangelho de São Marcos sobre a pregação de Jesus e o chamamento dos discípulos, nos quais, “Jesus de Nazaré, Messias, é o peregrino que proclama a Boa Nova do Reino; Ele é o caminho, proclama em caminho e é em caminho que chama os discípulos à desinstalação, a deixar tudo, a com Ele serem comunidade”, a tal ponto que, “os discípulos participam da missão e vão participar da paixão de Jesus”. 

Também nos relatos bíblicos dos Atos dos Apóstolos sobre o Concílio de Jerusalém, e em outros, sobressai “a liberdade do que somos, do que temos e do que estamos habituados”, do “caminho permanente” e da “comunhão na humildade” onde “todos são iguais na dignidade do serviço”. 

Ainda nos Atos dos Apóstolos, “deparamo-nos com uma Igreja em cenáculo, com Maria”, uma Igreja “aberta ao Espírito, uma Igreja à procura de soluções para poder continuar a sua missão”. É preciso, disse o sacerdote, “reconhecer os problemas, reconhecer que há coisas que não estão bem, em comunidade, à procura de soluções, com o objetivo de que a missão continue”. Com uma referência à Carta aos Gálatas, o padre Gonçalo Diniz chamou a atenção para a importância de a Igreja ser uma “Igreja onde se fala em liberdade e se luta pela justiça, em igualdade, liberdade e verdade”.

Para encerrar o percurso da sua reflexão pelas páginas da Sagrada Escritura, o padre Gonçalo Diniz escolheu o Apocalipse, em que “se pode perceber que a meta do caminho é a Nova Jerusalém”, e a Igreja é “esposa de Cristo, morada de Deus e cidade dos homens, que nela encontram a consolação de Deus”.

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