Acompanhar o Sínodo com um olhar crítico

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Um tema que tenho acompanhado com interesse é o do Sínodo, lançado pelo Papa Francisco e agora continuado por Leão XIV , mas tendo ficado sem acesso à internet a partir de março, só retomei o tema no início de outubro com a assembleia diocesana e depois com a entrevista ao padre Armindo Janeiro. O artigo de quase há um ano sobre a apresentação do documento final do Sínodo por D. José Ornelas é duplamente relevante , pois não só revela o rumo que os bispos de todo o mundo querem dar à Igreja, como permite aos fiéis localizarem-se em função do conhecimento alargado que têm sobre o que é a religião, o que implica a fé em Jesus Cristo e o próprio funcionamento e missão da Igreja. Por isso, este meu contacto visa um olhar tão crítico quanto possível acerca das lacunas numa matéria tão vasta quanto o nome de Deus.

Após um resumo do artigo, tirei umas notas situadas entre o que se veicula na intuição geral — que tende a ser deturpada com as opiniões tão grosseiras nas redes sociais — e o meu próprio (des)conhecimento sobre a Igreja. Penso que é importante manter a distância entre vulgaridade e elevação, ignorância cristalizada e procurar saber sempre mais. A quantidade de ruído multimédia impede a compreensão do que está em causa quando falamos da Igreja, ou melhor, pretende-se uma obscuridade propícia à conversa primária e produção de preconceitos.

Apesar destas considerações mais ou menos desequilibradas, considero o assunto do Sínodo bastante entusiasmante, percebendo como a instituição mais antiga criada pelos homens procura sempre adaptar-se aos tempos por mais conturbados e néscios que sejam.

Neste sentido, após focar o que não passa de uma perceção pessoal sobre o que é a Igreja e as pessoas que a constituem, simplifiquei tanto quanto possível a mensagem do Sínodo em modo esquemático para melhor apreensão e transmissão do que a Igreja propõe. Uma vez que chamando todos os batizados a participar os resultados só serão visíveis e positivos se apontados na mesma direção de dar presença a Jesus Cristo no meio de nós.

É claro que os esquemas são sempre redutores, mas vão diretos ao assunto, relevando o que pode ser posto logo em prática, uma vez que foi bem pensado em conjunto. Foi esta a ideia deixada pelo artigo da REDE 354 sobre a assembleia diocesana deste mês com várias sugestões apontada aos participantes, porém essa dinâmica contrastou com a posterior entrevista ao padre Armindo Janeiro, parecendo que estava a ser pressionado a fixar-se numa perspetiva apenas funcionalista sobre regras e procedimentos burocráticos nas paróquias. É evidente que sendo a Igreja uma instituição formada por pessoas tem de estar regulada por diretrizes quanto à sua estrutura interna, mas quando se fala aos fiéis tudo isso se torna muito pesado. Por isso, sem esconder nem negar a componente organizacional da Igreja é importante fazer corresponder logo a cada norma uma expressão coletiva, uma afirmação que mobilize e entusiasme ao encontro.

Deixo estas impressões em andamento à maneira do Sínodo, sempre vou aprendendo a caminhar mesmo agarrado ao manto d’Aquele que é tudo em todos.

Síntese do artigo

➢ Paulo Rocha fala-nos da estrutura do documento final salientando que não é mais uma iniciativa conclusiva sobre a reunião dos bispos mas antes um processo que procura transformar a vida eclesial em todos os seus aspetos destacando-se a participação das comunidades locais que assim reforçam a unidade da Igreja.

➢ Leopoldina Simões por seu lado destaca o encontro com participantes de todo o mundo e a metodologia com base no diálogo, oração e reflexão com intervenções individuais sobre as varias realidade das igrejas locais, salientaram-se temas como o papel da mulher na Igreja, participação ativa dos jovens e inclusão de comunidades marginalizadas, foram escutados grupos excluídos mas foi na participação das mulheres e nas novas lideranças que se centraram as discussão sobre o futuro da Igreja, destaque ainda para a transparência nas votações, o apelo a compromissos e corresponsabilidade na Igreja e fomentar a participação e colaboração entre fiéis.

➢ D. José Ornelas refere como a “sinodalidade é um caminho de conversão e comunhão”.

É este o estilo da vida eclesial:

  • Ser Igreja com origem no Evangelho em escuta pelo Espírito Santo.
  • Estilo que organiza a Igreja na sua missão.
  • Escuta abrangente a todos em espaços de acolhimento e diálogo.
  • Processo dinâmico com continuo recurso de dons.
  • Conversão de relações.
  • Igreja implicada com a realidade do mundo.

Igreja tem origem no Evangelho e não O pode esquecer, com a ajuda do Espírito Santo as mudanças vão no sentido de maior participação e contribuição dos leigos com ideias claras que reforcem as estruturas da Igreja e as transforme como é o caso dos conselhos paroquiais e a inclusão de mulheres na liderança e decisão para isso é preciso dar abertura aos dons de todos enriquecendo a missão da Igreja.

➢ Deste modo a sinodalidade está sempre a decorrer e requer um compromisso de quem toma parte na comunidade onde as relações têm de ser diretas e explicitas sem faltar ao respeito por uma estrutura que além de ter uma hierarquia tem de dar resposta a todos os grupos e pessoas que nela participam.

➢ A questão não é apenas social mas principalmente espiritual denunciando como se vive o “Evangelho nas nossas relações” daí que sejam necessários espaços de escuta e diálogo e apresentação de conteúdos para todas as realidade culturais e sociais.

➢ Inclui-se também uma distribuição de funções e responsabilidades entre paroquias sendo preciso formar lideranças que assumam responsabilidades pois só assim a Igreja é comunitária.

➢ Igreja tem se ser unida como uma orquestra revitalizando comunidades tendo voz ativa na sociedade, Igreja contribui decisivamente para a vida comunitária e a coesão social.

➢ Como implementar o sínodo: o Escuta ativa transparência, inclusão e responsabilidade. o Envolvimento ativo de todos.

Opinião sobre o artigo:

Tópicos revelam-nos como a Igreja não se deixou condicionar pelos temas da moda que decoram a vulgaridade do entretenimento nos media.

Perspetiva dentro e fora da Igreja como templo vivo e centro e periferia da vida eclesial: o sínodo desinquietou os olhares e pôs em relação os lugares chamando-nos a tomar vários pontos de vista que podemos começar por simplificar vendo de um lado a pressão dos assuntos que supostamente são prioridade no mundo e do outro a missão da Igreja e a estrutura de fé que tem de manter a todo o instante para dar respostas aos fiéis sobre o sentido das suas vidas, ou seja, a Igreja tem de se diferenciar do mundo, na identificação dos problemas e respetivas soluções.

Temas do mundo: o Diaconado feminino. o Celibato dos padres. o Casamento homossexual. o Temas “curiosos” que apelam sempre a um raciocínio sexual facilmente manipulável na opinião publica que assim pressiona a Igreja através de grupos “progressistas” ou habilidosos influencers nas redes sociais.

Temas da Igreja: o Maior envolvência e participação de todos, mulheres, leigos e jovens. o Maior proximidade nas relações. o Inclusão de excluídos e marginalizados. o Conversão ao Evangelho. o Discernimento no Espírito Santo. o Apelo à oração e comunhão na Santíssima Trindade. o Transparência, responsabilidade, inclusão mulheres nas decisões, fomentar relações autênticas e reforçadas/próximas maior envolvimento dos leigos nas diferentes comunidades locais, incentivar a comunicação entre fiéis.

    ➢ Para quem vê de fora pode pensar que a pedida abertura da Igreja resultou numa perda de identidade perigando assemelhar-se à conversa dispersiva do mundo apenas vocacionada a alimentar os media com frivolidades, é possível que haja falta de conhecimento sobre o funcionamento da Igreja levando a que não se saiba o que é o clericalismo, porquê chamar os jovens pois nunca se viu nada que os impedisse de entrar, qual o motivo para abrir as portas a todos considerando como nunca se assistiu a exclusões e por fim a insistência em fomentar a participação de mulheres e leigos quando estão em maioria na Igreja, ficamos então com a ideia de se estar a repetir ou a insistir no que sempre existiu pois todos são convidados a participar assumindo o propósito de proclamar que Jesus Cristo é o Senhor e a ajoelhar-se diante d’Ele, de facto quem não está disposto a converter-se a Ele, à comunhão no Espirito Santo e a viver no Evangelho deve considerar que a Igreja não é o lugar que procura.

    ➢ Padre distingue-se pelo: o Conhecimento das escrituras. o Apego à espiritualidade no Espírito Santo. o Testemunho da humanidade maior em Jesus Cristo. o Convergência a indicar o caminho da unidade em Deus.

    ➢ Igreja distingue-se por: o Ocupar o espaço da espiritualidade com o Espírito Santo quando o mundo a asfixia e O tenta substituir pelo espiritismo digital, a nova moda abstrata que só confirma como o homem só se completa alimentando-se da Palavra de Deus. o Ser especialista em humanidade, relevar, cultivar e guardar a pureza dos sentimentos revelados por Jesus Cristo. o Chamar os homens à reconciliação com Deus, a uma unidade como irmãos antevendo a paz universal. o Proclamar o caminho do Evangelho com Jesus Cristo Vivo apontando a todos a realização do Reino de Deus.

    ➢ Sugestões: o Formação continua partilhando o conhecimento acumulado da Igreja em conteúdos e meios que interpretem o mundo à luz da Palavra. o Fomentar a assinatura da imprensa cristã para fazer circular informação que enriqueça a linguagem na família e comunidade. o Incentivar a construção de uma opinião publica cristã sobre temas da atualidade através de debates tomando lugar na sociedade. o Dar espaço para a composição de nova música como já se faz nos festivais diocesanos. o Divulgar as músicas da liturgia em conteúdos multimédia como já há no Youtube para ensaio nas paroquias mas mais pedagógico. o Dar exemplos de expressão visual de interpretação das Sagradas Escrituras com pintura e ilustração. o Idealizar conteúdos para internet com animações digitais no mesmo intuito de interpretar os gestos do Evangelho. o Participação ativa no espaço aberto com caminhadas bem assinaladas como movimento cristão mais desinibido e afirmativo. o Não ter receio de ocupar o espaço público como os cafés para falar sobre religião, Deus e o Evangelho.

    Sínodo entra nas dinâmicas criativas revelando o movimento perpetuo que nos envolve:

    Reconciliação com Deus: É o primeiro passo para acalmar ânimos destruidores provocados por necessidades de afirmação e de poder que vão desde o insulto gratuito conflitos inúteis a guerras mortíferas, só a filiação a Deus apazigua o homem consigo mesmo dando-lhe o sentido para a vida à medida do potencial da maior humanidade em Jesus Cristo que Deus lhe soprou e ele tanto despreza, só pela espiritualidade no Espírito Santo o homem se realiza plenamente.

    Conversão ao Evangelho: Colmatando a devastação que o homem causa na natureza e a autodestruição que infringe a si mesmo tanto melhor para ele assumir como não está capaz de lidar com a delicadeza da vida que Deus lhe pôs nas mãos por isso ganha mais em seguir Jesus Cristo escutá-lo e perceber como resolve as contradições e incoerências a que o mundo o sujeita, o Evangelho é o caminho para a paz interior e encontro dos homens como irmãos reconhecendo-se semelhantes e não estranhos.

    Comunhão Eucarística: realiza a unidade humana no universo criado por Deus uma vez que Jesus Cristo justifica os erros dos homens para que continuem sempre a caminhar para o Seu Reino, a sinodalidade tem de chamar sempre ao encontro que eleva o Pão e o Vinho em Nome de Jesus Cristo.

    Reconciliação, conversão, comunhão e Eucaristia: São quatro palavras fortes não adulteradas pelo mundo que distinguem o discurso da Igreja no meio da cacofonia multimédia mas também distingue entre os fiéis quem cresce na unidade do Espirito com os irmãos e quem se aparta de Jesus Cristo numa fé solitária à boleia das estruturas da Igreja, afinal Ele é a maior e única novidade que o homem pode conhecer, a fé cristã está no Ressuscitado não permitindo substituí-Lo por uma ídolo de ocasião como é fácil fazer-se nos meios digitais.Tentar novamente

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