A tarde de domingo, 5 de outubro, levou à Aula Magna do Seminário de Leiria mais de uma centena de representantes das paróquias, movimentos e serviços da Diocese de Leiria-Fátima. O encontro marcou o Dia da Diocese e o início do terceiro ano do projeto pastoral com o lema “Ser testemunha da esperança batismal”. A Assembleia Diocesana teve como principal objetivo avaliar o percurso das Unidades Pastorais, recolher sugestões para o futuro e lançar um trabalho alargado sobre a pastoral do batismo.
Um caminho sinodal em construção
A abertura da Assembleia esteve a cargo de D. José Ornelas, que sublinhou a importância da sinodalidade e do diálogo a nível europeu. “Esta manhã passei a celebrar com os ucranianos em Fátima. Está aqui o Patriarca de Kiev, que vem participar na reunião das Conferências Episcopais da Europa. É fundamental que a nossa Igreja também esteja presente neste diálogo continental”, afirmou o bispo.
Sobre as unidades pastorais, D. José Ornelas deixou uma mensagem clara: “Não é um processo acabado, mas apenas começado. Agradeço às comunidades e aos padres que se dispuseram generosamente ao serviço deste projeto, saindo da sua comodidade para se colocarem ao serviço deste caminho de transformação.”
O bispo reforçou ainda que o processo não é meramente administrativo. “Isto não é uma negociação política para formar governo. É uma reunião de irmãos e irmãs que procuram olhar, antes de mais, para Deus, e perguntar: o que temos de fazer? A resposta vem dos irmãos à volta da mesa. É este discernimento que nos permite caminhar juntos.”
O batismo no centro da reflexão
Seguiu-se a apresentação do padre Leonel Batista, responsável por orientar o grande trabalho pastoral do ano. O objetivo é compreender e melhorar a forma como o sacramento do batismo é preparado, celebrado e acompanhado. “Queremos analisar não só o que os padres e paróquias fazem, mas também como as famílias vivem este sacramento”, explicou o sacerdote.
Sobre as motivações das famílias, o padre Leonel acrescentou: “Há razões sociais, psicológicas, de festa ou espirituais. Queremos perceber cada uma delas para que o batismo seja verdadeiramente vivido como porta de entrada na comunidade do povo de Deus.”
O projeto inclui inquéritos a sacerdotes e famílias, incidindo sobre dois períodos distintos: 2019, antes da pandemia, e 2024, já num contexto mais normalizado. “Os resultados serão compilados num relatório que será apresentado ao bispo e servirá de base a propostas concretas de ação pastoral ao longo deste ano”, concluiu.
Grupos de trabalho: escuta e partilha
A partir das 15h30, os participantes dividiram-se em 21 grupos para refletirem sobre a implementação das unidades pastorais. O padre Orlandino Bom explicou a metodologia: “Cada grupo vai analisar três pontos: aspetos positivos, aspetos negativos e sugestões para o futuro. Alguns começarão pelos positivos, outros pelos negativos e outros pelas sugestões. Todos vão passar pelos três temas.”
Cada grupo tinha um animador e um secretário encarregado de registar as ideias. “Em cada fase, dois elementos apresentam respostas que são recolhidas e sistematizadas para o plenário”, explicou o padre.
O ambiente nos grupos era dinâmico e participativo. Um representante de uma paróquia comentou: “É bom sentir que a nossa voz realmente conta. Podemos partilhar o que funciona e também os desafios que enfrentamos, sabendo que alguém vai ouvir e registar.”
Outro participante acrescentou: “O trabalho em grupo ajuda a perceber que as dificuldades que sentimos não são isoladas. Há sempre alguém com soluções ou ideias que podem inspirar a nossa comunidade.”
Um espírito de comunidade e esperança
Entre discussões, anotações e momentos de reflexão, ficou evidente o espírito sinodal que o bispo destacou no início da Assembleia. “Cada comunidade é chamada a ser um lugar de acolhimento, de escuta e de diálogo. Este encontro é parte de um caminho em que estamos todos empenhados”, afirmou D. José Ornelas.
Para o bispo, o trabalho realizado não é apenas uma avaliação: “Estamos a criar condições para que cada batizado participe ativamente na missão da Igreja, articulada em toda a diocese. O nosso lema ‘Ser testemunha da esperança batismal’ não é apenas uma frase, é um convite à vida comunitária e ao serviço do Evangelho.”
Próximos passos
A primeira parte da Assembleia terminou às 17h00, com as respostas dos grupos já organizadas para apresentação no plenário. Os trabalhos abrem caminho a uma reflexão mais ampla sobre a pastoral do batismo, a implementação das unidades pastorais e a corresponsabilização de toda a comunidade.
Como sintetizou um dos animadores de grupo: “Hoje saímos daqui com muitas ideias, mas acima de tudo com uma sensação de que podemos construir juntos, de mãos dadas, a Igreja que desejamos para todos.”