Lisboa, 28 set 2025 (Ecclesia) – O processo de atribuição de compensações a vítimas de abusos sexuais na Igreja Católica em Portugal tem sido «moroso», mas 94,95% dos pareceres já estão «prontos», revelou Rute Agulhas, coordenadora do Grupo Vita, em entrevista conjunta Ecclesia/Renascença.
A responsável sublinhou que o tempo dedicado às entrevistas se justifica pela logística necessária para contactar vítimas em todo o país e no estrangeiro. Até ao momento, foram entrevistadas 70 pessoas de um total de 84 candidaturas, algumas das quais desistiram ou deixaram de contactar.
O trabalho da Comissão de Fixação da Compensação, composta por sete juristas, inicia-se este mês, com o objetivo de concluir o processo até ao final de 2025. Rute Agulhas explicou que a clarificação de informações junto das vítimas é essencial para garantir decisões justas e que ninguém foi solicitado a reviver situações abusivas.
Além das compensações financeiras, o Grupo Vita continua a apoiar mais de 140 vítimas, oferecendo acompanhamento psicológico, psiquiátrico e espiritual. A coordenadora destacou ainda a evolução positiva das instituições católicas, reconhecendo que a mudança de cultura é um processo lento e complexo.
Para reforçar a prevenção da violência sexual, serão apresentados dois programas educativos: Girassol, para crianças entre 7 e 9 anos, e Lighthouse Game, dirigido aos 10 aos 12 anos. O objetivo é criar uma Igreja mais segura, ensinando respeito, limites e consentimento, com o envolvimento de catequistas e professores de EMRC.
Em novembro, o Grupo Vita organiza um congresso internacional em Fátima para partilhar experiências e aprofundar estratégias de combate aos abusos.