Acaba de ser editada, pela Hora de Ler, a obra Constituições do bispado de Leiria de D. Frei Brás de Barros, com introdução, transcrições, traduções e estudos da responsabilidade de Agostinho de Sousa Matias e Mário Rui Simões Rodrigues.
O livro compõe-se de cerca de seis centenas de páginas, organizadas em quatro partes:
A primeira inclui os “Estudos preambulares”: 1. Constituições do bispado de Leiria; 2. D. Frei Brás de Barros; 3. Constituições do bispado de Leiria: estudo bibliográfico; 4. Constituições do bispado de Leiria: estudo histórico-religioso.
A segunda parte contém a edição fac-similada da impressão quinhentista.
A terceira parte apresenta a “edição paleográfico-interpretativa”, que permite uma leitura mais acessível ao público.
Na quarta parte reúnem-se os “Complementos”: 1. Os mais antigos artigos sobre as Constituições do bispado de Leiria; 2. “Tavoada” factícia das Constituições do bispado de Leiria; 3. Tabela comparativa das constituições diocesanas impressas antes das Constituições do bispado de Leiria; 4. Frontispícios das constituições diocesanas impressas anteriormente; 5. Frontispícios semelhantes aos das Constituições do bispado de Leiria; 6. Documentos relativos a D. Frei Brás de Barros; 7. Cronologia crítica da vida de D. Frei Brás de Barros, especialmente do seu episcopado em Leiria; 8. Glossário.
Na introdução, justifica-se a relevância da obra agora publicada nos seguintes termos:
No momento em que se publica esta obra, apenas se conhecem dois exemplares das Constituições do bispado de Leiria publicadas durante o episcopado de D. Frei Brás de Barros, provavelmente em 1549 ou em 1550. O escasso número de exemplares impressos, a pequena dimensão territorial da diocese, a obsolescência prática do seu conteúdo normativo após a publicação, em 1601, das Constituições synodaes do bispado de Leiria de D. Pedro de Castilho, a destruição causada pelas Invasões Francesas e o proverbial descuido português na salvaguarda do património cultural: tudo isto poderá explicar o desaparecimento quase total dos espécimes tipográficos.
Ter sido, talvez, a primeira obra impressa sobre Leiria e a sua diocese, bem como a sua enorme importância enquanto fonte histórica para o conhecimento do passado desta urbe e da sua circunscrição eclesiástica, se não foram motivo suficiente para a sua preservação, constituem agora razão bastante para que se republique.
A sua excepcional raridade justifica, por si só, o esforço de evitar a perda irremediável de toda a impressão quinhentista desta obra.
Com a edição fac-similada das Constituições do bispado de Leiria ora publicada, consegue-se não apenas prolongar, por mais algumas décadas, a vida de uma vetusta obra com quase cinco séculos de existência, mas também torná-la acessível a todos os interessados – desde os simples curiosos do passado episcopal leiriense até aos mais exigentes investigadores da sua história – este preciosíssimo documento, até agora de tão difícil consulta.
Dos dois exemplares actualmente conhecidos (2025) – um na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, muito aparado para permitir a encadernação conjunta com outras duas obras; outro no Arquivo da Casa Episcopal de Leiria, incompleto e bastante degradado – foi escolhido para reprodução aquele que se conserva na Lusa Atenas, por ser o único exemplar completo.
Este fac-símile é agora disponibilizado, acompanhado pelos devidos estudos e instrumentos de trabalho, permitindo uma contextualização rigorosa das Constituições do bispado de Leiria e uma melhor compreensão do seu conteúdo.
Os autores, livres de quaisquer interesses pessoais, dedicaram-se a esta obra com o único propósito de servir a diocese e os seus fiéis, recordando e louvando o seu primeiro bispo: D. Frei Brás de Barros.
