O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, afirmou que a questão dos abusos sexuais na Igreja “não pode, não deve e não terá uma volta atrás”, sublinhando a necessidade de atenção constante ao sofrimento das vítimas. Estas declarações foram feitas no discurso de abertura da Assembleia Plenária da CEP, que começou no dia 11 de novembro em Fátima, onde os bispos portugueses vão abordar o processo de atribuição de compensações financeiras às vítimas.
No dia 25 de julho, a CEP divulgou um regulamento para as compensações financeiras, com a criação de duas comissões e o estabelecimento de um “dever de solidariedade” que vise um “benefício significativo” para as vítimas. Em abril, a CEP e a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) aprovaram, por unanimidade, a criação de um fundo específico para apoiar esta medida.
Desde 1 de junho, está aberto o período de apresentação formal dos pedidos de compensação, que se estende até 31 de dezembro, podendo ser feitos junto do Grupo VITA ou da Comissão Diocesana de Proteção de Menores e Adultos Vulneráveis da diocese onde ocorreram os abusos.
D. José Ornelas destacou, na abertura da Assembleia, a importância do trabalho de proteção a menores e adultos vulneráveis nas comunidades católicas. A Igreja, afirmou, tem plena consciência do impacto que os abusos e os dramas vividos pelas vítimas tiveram na sociedade. Esta caminhada começou com as Comissões Diocesanas e continuou com a Comissão Independente, a Equipa de Coordenação Nacional e, mais recentemente, o Grupo VITA, que desenvolve iniciativas de prevenção e formação local.
O processo de compensações financeiras é encarado como “parte deste percurso”, que visa ir ao encontro das vítimas de forma pessoal. D. José Ornelas reforçou que, embora seja impossível compensar os dramas do passado, este gesto representa um passo fundamental para o reconhecimento do mal infligido, um pedido de perdão e um contributo para a cicatrização das feridas, reafirmando a dignidade humana.
A 210ª Assembleia Plenária da CEP encerra esta quinta-feira com uma conferência de imprensa às 15h00, onde se espera um balanço dos temas abordados.
