Ano Santo 2025: Diocese de Leiria-Fátima abre as portas da esperança e da fé

A entrada foi marcada por um gesto simbólico: a cruz, sinal de redenção, foi colocada à porta da Catedral...

Na tarde de domingo, dia 29 de dezembro, o coração da diocese de Leiria-Fátima pulsou com intensidade renovada. Uma multidão de fiéis, portadores de bandeiras coloridas e corações carregados de esperança, reuniu-se na Igreja de São Francisco para dar início à abertura solene do Ano Santo de 2025. Sob o mote da “Esperança que não desilude”, ecoado pela Bula ‘Spes non confundit‘, de proclamação deste Jubileu, a celebração marcou o arranque de um novo ciclo espiritual, de fé e comunhão.

Uma caminhada de fé

Às 15h30, o ambiente na Igreja de São Francisco já era de expectativa e oração. A cerimónia inicial, presidida pelo bispo de Leiria-Fátima, D. José Ornelas, contou com um momento singular: a leitura, por uma leiga, do primeiro número da Bula jubilar. Este texto, rico de significado, convocou todos os presentes a uma reflexão sobre a esperança cristã como força vital capaz de transformar corações.

O documento que proclama o Jubileu de 2025, destaca a importância deste tempo como um “momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, ‘porta’ de salvação”. Esta alusão ao Evangelho de São João sublinha que Jesus é o caminho pelo qual a humanidade encontra sentido, consolo e redenção. O Papa Francisco destaca ainda que a missão da Igreja é anunciar Jesus Cristo como “nossa esperança”, uma verdade que deve ressoar “sempre, em toda a parte e a todos”.

No coração de cada pessoa, reside a esperança como um desejo inerente de alcançar o bem, mesmo em tempos de dúvida e incerteza. Esta dimensão humana, tão profundamente explorada pelo apóstolo Paulo nas suas epístolas, torna-se especialmente relevante num tempo marcado pelo ceticismo e pessimismo. “Todos esperam”, lembra a Bula, mas é precisamente na imprevisibilidade do futuro que se encontram as tensões que moldam a experiência humana: entre a confiança e o medo, entre a serenidade e o desânimo.

O Jubileu, neste contexto, é apresentado como uma oportunidade para reanimar a esperança. Inspirando-se nas palavras de Paulo aos romanos, a celebração jubilar convida os fiéis a contemplar as razões da sua fé à luz da Palavra de Deus. Este apelo à interioridade e à confiança é também um chamamento à comunidade cristã para se unir numa “caminhada de fé”, uma peregrinação que não se limita ao movimento físico, mas que implica uma renovação espiritual e um reencontro com o essencial.

Depois da breve cerimónia, as portas da igreja abriram-se para a procissão. À frente, a réplica da Cruz das Jornadas Mundiais da Juventude, carregada por jovens que representavam a energia e o futuro da Igreja. Atrás, uma corrente viva de fé avançava pelas ruas de Leiria em direção à igreja-mãe, unindo paróquias e comunidades numa manifestação de unidade.

A Catedral como palco da renovação

Ao chegarem à Sé de Leiria, os fiéis foram acolhidos pela atmosfera de solenidade. A entrada foi marcada por um gesto simbólico: a cruz, sinal de redenção, foi colocada à porta da Catedral, relembrando que este Ano Santo é uma oportunidade para atravessar a “porta da salvação” e renovar o compromisso de vida cristã.

Durante a celebração eucarística, D. José Ornelas proferiu a homilia que foi, simultaneamente, uma convocatória e um desafio. O bispo recordou que este Jubileu, celebrado de 25 em 25 anos, é um marco na história da Igreja, uma oportunidade para cada geração redescobrir a mensagem transformadora da encarnação de Jesus. “Deus não ficou na sua grandeza; fez-se um de nós”, afirmou, destacando que a essência do cristianismo está na proximidade divina com a humanidade.

HOMILIA
https://youtu.be/_tr1mDPYmek

Um convite à transformação

O bispo de Leiria-Fátima guiou os fiéis num percurso de reflexão, interligando o contexto histórico e espiritual deste Jubileu com os desafios atuais da Igreja e do mundo. Desde o primeiro momento, D. José Ornelas enraizou a celebração no mistério central da fé cristã: “Deus não ficou fechado em si mesmo, na sua grandeza e santidade, mas fez-se um de nós, assumindo a nossa humanidade, exceto no pecado, na pessoa de Jesus, o seu Filho”.

Ao recordar que os jubileus, inicialmente celebrados de cem em cem anos, passaram a realizar-se a cada 25 anos para alcançar todas as gerações, o bispo enfatizou a intenção desta periodicidade: garantir que cada grupo humano, ao longo do tempo, tivesse a oportunidade de “compreender, interiorizar e renovar-se com a vinda de Jesus ao mundo”. Esta periodicidade não é apenas um marco litúrgico, mas um convite para reavivar a fé em todas as etapas da vida.

D. José destacou ainda a centralidade da encarnação de Jesus neste Ano Santo, um evento que não é apenas histórico, mas profundamente transformador. “Estamos a celebrar o aniversário da encarnação de Jesus”, afirmou, sublinhando que o nascimento de Cristo dividiu a história em “antes e depois”. Este marco, explicou, é um convite constante para que os fiéis reconheçam a presença de Deus na humanidade e se renovem à luz desta presença.

A homilia também refletiu sobre a dimensão comunitária da fé, um aspeto central tanto na celebração do Jubileu como no espírito sinodal que guia a Igreja contemporânea. “Jesus não nos chamou apenas individualmente, mas como comunidade, formando discípulos e discípulas unidos pela sua palavra”, afirmou D. José. Este apelo à unidade foi simbolizado na procissão que uniu os fiéis da Igreja de São Francisco à Sé, reforçando que a caminhada de cada cristão é também a caminhada do povo de Deus.

D. José sublinhou ainda que cada membro da Igreja, independentemente do seu papel — seja bispo, sacerdote, catequista ou leigo —, é corresponsável pela vida e missão eclesial. Este sentido de responsabilidade coletiva, destacou o bispo, deve traduzir-se numa ação pastoral que seja simultaneamente acolhedora e transformadora: “Cada família, paróquia e unidade pastoral deve tornar-se mais viva, acolhedora e aberta ao mundo”.

Os desafios da actualidade

A transformação pastoral proposta por D. José Ornelas não ignora os desafios contemporâneos, antes os enfrenta de forma aberta e confiante. “A Igreja, ao longo da história, sempre se adaptou às diferentes culturas e desafios”, afirmou, salientando que hoje a era tecnológica e as mudanças sociais exigem respostas renovadas e criativas. Neste sentido, o Ano Santo de 2025 não é apenas uma celebração do passado, mas uma oportunidade para encontrar novos caminhos de evangelização e para renovar o compromisso com os valores do Evangelho.

A cruz, símbolo central na celebração e que acompanha os fiéis desde o nascimento de Jesus, foi apresentada como um lembrete da resiliência e esperança cristãs. D. José recordou que o Filho de Deus não veio apenas trazer a ternura do Natal, mas também assumir as dores da humanidade: “Ele veio para caminhar connosco e trazer-nos, Ele que é Filho de Deus, o dom de sermos filhos e filhas do Pai do Céu”.

A homilia terminou com um apelo à ação e à transformação pessoal e comunitária. Inspirando-se no exemplo de Maria, que, ao receber o anúncio do anjo, partiu apressadamente para ajudar Isabel, D. José convidou os fiéis a “sair de si mesmos” e a viver a fé em comunidade, com uma atitude de serviço e solidariedade.

Ao referir-se ao recente sínodo, o bispo reforçou a necessidade de aprofundar o sentido de comunidade e corresponsabilidade. Este Ano Santo, disse, deve ser uma oportunidade para redescobrir a essência da fé e para trilhar, juntos, novos caminhos de renovação espiritual e pastoral. “Que o Senhor nos conduza neste caminho de renovação e nos dê força para realizar o seu projeto de amor”, concluiu, deixando no ar um desafio que é, ao mesmo tempo, uma promessa: a de que a esperança, quando partilhada e vivida em comunidade, nunca desilude.

Um horizonte de esperança

O Ano Santo, que começou no Natal com o Papa Francisco na Basílica de São Pedro, em Roma, expande-se agora para cada diocese do mundo. Em Leiria-Fátima, o compromisso é claro: ser uma Igreja que caminha junta, que acolhe e que transforma. O percurso da Igreja de São Francisco até à Catedral é apenas um símbolo da grande caminhada que a diocese está disposta a trilhar, guiada pela esperança e pela fé.

A celebração terminou com a partilha do pão e da Palavra, gestos que unem e fortalecem a comunidade. Na saída, os fiéis levaram consigo não apenas memórias de um momento único, mas também a missão de serem testemunhas vivas de uma esperança que não desilude.

ÁLBUM FOTOGRÁFICO
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