[Nota da redação: este texto é o resultado dos trabalhos dos grupos que se dedicaram ao tema “Ser Igreja em conversão pastoral”, realizados na Assembleia Diocesana de Leiria-Fátima.]
Ao nosso grupo coube abordar a temática de “Ser Igreja em Conversão Pastoral”, tendo em conta a reorganização territorial e pastoral da diocese.
Começámos por nos questionar: “Será mesmo uma necessidade?”. Mais do que uma necessidade, diríamos mesmo que é uma inevitabilidade. Mas não deveremos considerar uma obrigação. Devemos antes olhar para este momento como uma grande oportunidade que o Espírito Santo nos dá de regressar ao que é o essencial da vida da Igreja: a escuta da Palavra, a celebração da fé vivida em comunidade, a fé testemunhada pela vida e pela palavra.
Procurámos analisar quais as vantagens da constituição de unidades pastorais. Por um lado, podem-se partilhar responsabilidades, criar sinergias, aliviar o trabalho dos párocos dado que, se planearem as atividades conjuntamente e, se eventualmente tiverem algum leigo a desempenhar a parte mais administrativa, poderão ficar mais libertos para o exercício do seu ministério, estarem com as pessoas, estarem mais próximo. Por outro lado, poderá também facilitar a rotação dos párocos e a aceitação da rotatividade dos párocos pelas próprias comunidades que, como bem sabemos, nem sempre é fácil. Esta reestruturarão terá necessariamente que forçar a comunidade a trabalhar em rede e isto vai ser muito positivo. Temos que trabalhar cada vez mais em rede porque afinal estamos todos a trabalhar para o mesmo e, se fizermos um esforço comum, tudo será mais fácil.
De seguida, questionámo-nos: que dificuldades teremos pela frente? Mais que muitas, como bem sabemos! Começando por alguma resistência que possa existir por parte dos párocos, o que é normal, a própria mobilização dos leigos, que também não é fácil porque as pessoas têm o tempo muito reduzido e nem sempre conseguem arranjar disponibilidade para outras atividades além do seu trabalho e da sua família. E talvez o mais difícil seja mesmo a mudança de mentalidades e isso é capaz de ser um longo caminho… Houve um grupo que até analisou desta forma: no meio rural talvez tenhamos uma maior resistência das pessoas, por outro lado, no meio urbano, temos outra dificuldade que é a falta de identidade, ou seja, as pessoas estão mais desligadas. Outro fator a ter em conta é que os mapas territoriais nem sempre correspondem aos mapas espirituais, ou seja, a comunidade onde se vive a fé nem sempre é aquela onde estamos inseridos. E por último, não temos o hábito de discernir e trabalhar em conjunto. É difícil! Porque temos que saber escutar e a escuta ativa é uma coisa difícil de praticar!
Como soluções, apontámos a possibilidade de se começarem a criar pequenos grupos de trabalho, com o intuito de irem preparando esta mudança e criando uma rotina de partilha e oração, colocando no centro o discernimento do que o Espírito Santo quer para nós. Consideramos também muito importante envolver os jovens. Se falamos em mudança e mudança para o futuro, nada pode ser feito sem eles. Os jovens têm que se sentir envolvidos e escutados, caso contrário não se aproximam. Além disso, as pessoas que estão mais próximas deverão ter um papel mais ativo e interventivo. É inevitável! No nosso grupo falei no exemplo do Serviço Diocesano de Pastoral Familiar. Deparámo-nos com a realidade de atualmente, na nossa Diocese, apenas existirem seis equipas de Pastoral Familiar, sendo duas muito recentes. Num primeiro momento pensámos em quem nos iríamos apoiar, como iríamos chegar às famílias se não temos equipas nas paróquias a trabalhar? Ou desmoralizávamos, o que era o mais provável, ou então ficávamos à espera que as unidades pastorais avançassem e aproveitávamos o embalo. Mas não, decidimos ser nós também impulsionadores desta mudança e começar a agir. Pedimos aos párocos, a imprescindível ajuda de nos indicarem o nome de um casal por paróquia, para fazer ligação com a nossa equipa. Temos que começar a semear para poder colher e, se tivermos um casal em cada paróquia, provavelmente, quando se constituírem as unidades pastorais, em seis paróquias já teremos seis casais e poderemos formar uma equipa. Depois pode disseminar para outras. É evidente que o pároco nunca perderá o seu papel, nunca passará para segundo plano. O pároco é uma figura importantíssima para todos nós, em qualquer grupo de trabalho.
É este o caminho! Se é fácil? Não é. Se temos medo? Temos. Mas vamos para a frente! Sabemos que é um objetivo muito desafiante, com toda a memória pastoral que temos e com todos os desafios que o futuro nos reserva, mas confiamos em Deus Pai e na força do Espírito Santo.
Em suma, para a conversão pastoral, é necessário em primeiro lugar uma conversão pessoal: uma conversão pessoal dos párocos, uma conversão pessoal dos agentes pastorais e uma conversão pessoal da comunidade. O objetivo primordial é aproximarmo-nos todos de Deus e vivermos a nossa Fé como Igreja, diríamos mesmo como uma verdadeira Família. Não tenhamos medo!