Digna de registo é a chegada de António Vaz às Molucas, o famigerado arquipélago das especiarias (cravo e noz moscada), depois de ter passado por Ternate como reitor interino. Aí estabelece amizade com o capitão da fortaleza dos portugueses, D. Duarte d’Eça. Durante três anos é o vigário das Molucas, com intenso ardor apostólico e é incumbido por aquele de um trabalho diplomático junto do rei de Bachão e sua família real, convertendo-os ao cristianismo. É de salientar que depois da viagem épica de Fernão de Magalhães os espanhóis afeiçoaram-se mais a estas ilhas, a seguir à liderança polémica destas por parte de Tristão de Ataíde.
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Nem tudo são rosas no périplo asiático: Afonso de Castro deseja destituir o padre Vaz do múnus de reitor interino de Ternate. Este mostra-lhe cartas-patentes falsas e em consequência é expulso da Companhia de Jesus. Para trás ficou a sugestão do nosso biografado de permuta com o confrade Afonso de Castro, indo este para Amboino e ficando António Vaz em Ternate… Isto ocorrido na primavera de 1555. Meses mais tarde o padre Castro incompatibilizou-se com ele, devido à rejeição do leiriense em devolver-lhe a direção da missão. A partir daí, o padre Vaz assume o trabalho pastoral de vigário, por morte do anterior, com o consentimento do capitão da fortaleza e do povo cristão. Posteriormente, António Vaz viria a penitenciar-se do seu comportamento e regressaria à família inaciana.
Em 1572, chega ao Porto da China, em Macau, mandatado pelo provincial da Índia, António Quadros, que sobre o Pe. Vaz escreve que «é virtuoso duma virtude devotilha de que se pode fiar pouquo, prega segundo dizem devotamente, tem arezoada prudentia e mansidão, e é devoto na maneira de conversar».
Aí assume o cargo de superior da casa dos padres da Companhia de Jesus em simultâneo com a primeira diretoria da Escola de Macau, ao longo dum período de três anos.
É por volta de 1600 que fecha os olhos em Quíloa, depois de ter também passado por Bengala.
António Rodrigues Batista, a quem agradeço a publicação oferecida sobre a biografia de António Vaz, define-o como «um missionário abnegado, devotado e humilde».
Bibliografia: BAPTISTA, António Rodrigues – Padre António Vaz: Um leiriense nas missões da Ásia, Anais Leirienses 10 estudos & documentos, Hora de ler, 2021.