SESSENTA ANOS DEPOIS

“O problema do número suficiente de sacerdotes diz respeito a todos os fiéis; não só porque disso depende o futuro religioso da sociedade cristã, mas também porque este problema é o índice exacto e inexorável da vitalidade da fé e da caridade de cada comunidade paroquial e diocesana e testemunho da saúde moral das famílias cristãs”.

Estamos a 11 de Abril de 1964!

É o sábado que antecede, pelo ordenamento litúrgico desse tempo, o segundo domingo depois da Páscoa, tradicionalmente designado, devido ao evangelho que então se lia, de Domingo do Bom Pastor.

Se a memória não me trai, por iniciativa da Acção Católica, realizavam-se, neste domingo, acções litúrgicas e festivas em que se procurava sobretudo homenagear os sacerdotes que estavam ao serviço das paróquias; rezava-se, segundo um formulário antigo, por eles e “para que Nosso Senhor nos desse muitos e santos sacerdotes”.

Mas, que me lembre, não havia referência a nenhuma espécie de peditório. Os ofertórios para ajuda da formação sacerdotal, na diocese a que sempre pertenci, realizavam-se, até à criação, a nível nacional, da chamada Semana dos Seminários, a 8 de Dezembro, dia da Imaculada Conceição, Padroeira do Seminário Maior.

O Papa São Paulo VI, que decidira instituir neste domingo o Dia Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, na véspera da sua primeira realização, dirige a todos os fiéis uma exortativa radiomensagem. É dela que se extrai o passo transcrito.

Desde esse ano, nunca mais deixou de se realizar esse Dia Mundial de Oração, sempre precedido de uma mensagem papal, mais ou menos extensa, mais ou menos importante, do ponto de vista doutrinal.

Essas mensagens são, em qualquer dos casos, textos do magistério ordinário do sucessor de Pedro, que, como tal deve ser acatado, reflectido e, tanto quanto possível, levado à prática.

Talvez nem todas as iniciativas geradas à volta deste Dia, que, muito sintomaticamente, deixou de se chamar, na linguagem corrente, “de oração”, e já não se fala de oração “pelas vocações sacerdotais e religiosas”, talvez essas iniciativas não tenham sido sempre felizes e de acordo com a mente de quem criou esse Dia Mundial.

Usa-se o termo genérico de “vocação”, ou então, tendo como fundo uma teologia duvidosa, apesar da terminologia canónica actual, as pessoas gostam de falar de vocação â vida consagrada.

Se não me engano, juntaram-se demasiadas coisas que mereciam ser tratadas noutros contextos e com uma pastoral catequética mais adequada; que me perdoem os que generosamente e carregados de boas intenções, procuram secundar o pensamento do grande Papa santo que foi Paulo VI.

Penso que, para este Dia Mundial, seria mais simples e eficaz retomar o pensamento original deste Papa, tão claramente exposto na referida radiomensagem, apresar da sua dependência da linguagem de há seis décadas.

Afinal, não se trata de ter muitos ou poucos sacerdotes, mas os “suficientes”: se a ordem de pedir vem do Evangelho, isso significa que não se trata apenas de conseguir braços para certas funções: esses não serão nunca suficientes, e a Igreja não precisa só de braços, mas de corações.

Voltando ao tema concreto deste Dia Mundial de Oração, a primeira afirmação do Papa, é que se trata de algo que tem de interessar a todos, porque todos têm de ser Igreja, e sem sacerdotes não teríamos Igreja.

É por isso que o que tomo como advertência mais urgente é precisamente aquela a que se tem dado menos importância: “este problema é o índice exacto e inexorável da vitalidade da fé e da caridade de cada comunidade paroquial e diocesana e testemunho da saúde moral das famílias cristãs”.

No findo, não haverá promoção vocacional, sem uma universal, sistemática e constante promoção da vida teologal dos fiéis.

Não estou a esvaziar o Dia Mundial de Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas do seu conteúdo específico: estou, antes, a insistir na necessidade de integrar esse conteúdo numa específica promoção da vida teologal, do seio da família â diocese, passando pela paróquia e outras comunidades intermédias.

Todos a em oração por isto!

Só assim se multiplicarão os corações disponíveis e generosos para escutar a voz do Senhor, capazes de lutar pela perseverança, que também não existe fora de um crescimento contínuo, dos eleitos e dos irmãos, na vida teologal.

Pedir pelas vocações sacerdotais e religiosas, só tem sentido se pedimos a Deus que nos torne capazes de receber ao padres e os religiosos que nos quer dar e fazermos o que devemos para que perseverem; o que exige de cada um de nós o mesmo crescimento e perseverança.

Sessenta anos depois, temos de lutar contra a tentação do desânimo: porque, se nos parece que não se avançou nada, é porque, além de não vermos tudo, perdemos muitas vezes o rumo necessário, onde qualquer engano pode ser fatal.

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