António Cardoso e Eduardo Caseiro são os novos padres da Diocese de Leiria Fátima, ordenados por D. António Marto, no passado domingo, 22 de abril. Mais de um milhar de fiéis, entre os quais uma centena de sacerdotes, encheram por completo a catedral para esta celebração festiva, em que foram, ainda, ordenados diáconos Rui Ruivo e os frades Luís Mota e Sérgio Gois.
Luís Miguel Ferraz / Galeria de fotos
No contexto do jubileu do Centenário da Restauração da Diocese e dos 800 anos da presença da Ordem Franciscana em Portugal, a ordenação de novos pastores foi motivo acrescido de festa neste IV domingo da Páscoa, que encerra, anualmente, a Semana de Oração pelas Vocações. Isso mesmo sublinhou o Bispo diocesano, na sua homilia, em que a imagem do “Bom Pastor” serviu de inspiração para apresentar as características do padre nos nossos dias: a proximidade, a vida fraterna, a entrega total e o cuidado responsável por todos.
“Num ambiente de anonimato e indiferença, o pastor do Evangelho tem um estilo diferente do mundo: conhece e chama pelo nome”, afirmou D. António Marto, indicando a necessidade de “atenção pessoal a cada um”, de ir “à procura dos que não vêm”, de sair “às periferias do sofrimento e da marginalidade para tornar visível a visita de Deus ao seu povo e a sua misericórdia”. Daí o apelo aos que iriam ser ordenados nessa tarde: “conscientes de terem sido escolhidos entre os homens e constituídos ao seu serviço para atender aos dons de Deus, exercei com alegria e sincera caridade o múnus sacerdotal de Cristo, unicamente para agradar a Deus e não a vós mesmos ou a outros interesses”.
Mas o apelo estendeu-se, depois, a todos os jovens presentes, citando o Papa Francisco: “A alegria do Evangelho, que nos abre ao encontro com Deus e os irmãos, não pode esperar pelas nossas lentidões e preguiças; não nos toca, se ficarmos debruçados à janela, com a desculpa de continuar à espera dum tempo favorável; nem se cumpre para nós, se hoje mesmo não assumimos o risco duma escolha”. E comentou: “Se algum de vós sentir, hoje, nesta celebração, uma intuição ou chamamento de Deus à vida sacerdotal, respondei sem medo. É belo – e uma graça grande – estar inteiramente e para sempre consagrados a Deus e ao serviço dos irmãos! Ser padre vale a pena!”.
Por fim, D. António Marto registou a numerosa presença de diocesanos vindos “de perto e de longe”, como prova de amor à Igreja e a Jesus Cristo. Com emoção, agradeceu esse sinal de “generosidade” e “fidelidade” e pediu a oração constante pelas vocações sacerdotais e pelos sacerdotes e o apoio aos novos padres. “O coração generoso que vós tendes dir-vos-á como fazê-lo, mas o primeiro apoio é a oração”, concluiu.
O rito da ordenação é demorado e cheio de gestos e palavras ricos de significado. Durante cerca de duas horas e meia, o ambiente permaneceu festivo e sem sinais de cansaço, mesmo para os muitos que permaneceram de pé. E não se esgotou a energia na grande maioria que se dirigiu, ainda, aos claustros da Sé para um abraço de parabéns aos novos padres e diáconos.
Os novos padres
António Cardoso, com 43 anos, é natural da paróquia de Benfica do Ribatejo, concelho de Almeirim, Diocese de Santarém. Até 2005, na companhia dos seus pais, trabalhou na área da agricultura, ao mesmo tempo que ia tendo uma vida ativa nas atividades paroquiais e vicariais, na sua paróquia e vigararia. Nesse ano, depois de uma caminhada de discernimento, entrou na Comunidade Luz e Vida, em Albergaria dos Doze, sendo acompanhado pelos padres Filipe Lopes e Marcelo de Moraes. Em 2009, entrou no Seminário de Leiria, para o ano propedêutico, seguindo, no ano seguinte, para o Seminário Maior de Cristo Rei, nos Olivais, em Lisboa, e fez o curso de Mestrado Integrado em Teologia, na Universidade Católica Portuguesa de Lisboa. Durante o percurso de seminário, colaborou pastoralmente nas paróquias da Boa Vista (2014/2015) e no Souto da Carpalhosa (2015/2016). No dia 20 de novembro de 2016, foi ordenado diácono, estando a colaborar na paróquia da Maceira. Desde setembro de 2017, está a colaborar na pastoral das paróquias de Monte Real e do Souto da Carpalhosa.
Eduardo Caseiro tem 27 anos e é natural da paróquia da Barreira, onde viveu a sua infância e adolescência, frequentando a catequese, os acólitos e o grupo de Jovens, a par dos escuteiros, no agrupamento da Cruz da Areia. Em 2008, iniciou o curso de Ciências Farmacêuticas, em Lisboa, mas, no final do segundo ano, sentiu que Deus o chamava a uma missão diferente e decidiu entrar no Seminário de Leiria. Após o ano propedêutico, foi para o Seminário de Caparide, do Patriarcado de Lisboa, e depois para o Seminário dos Olivais. Questionando sempre qual seria a vontade de Deus a seu respeito, deixou o Seminário após o 2.º ano, continuando a ser acompanhado por alguns padres. A viver na paróquia de Queluz, continuou os seus estudos de Teologia e, no 4.º ano, decidiu voltar ao Seminário. Durante os últimos anos, fez estágio pastoral no Pré-Seminário e nas paróquias da Marinha Grande e da Calvaria, acompanhando ainda os escuteiros da Batalha. Foi ordenado diácono a 7 de maio de 2017 e, desde então, assumiu a direção do Centro de Apoio ao Ensino Superior e colabora com os escuteiros da Região de Leiria-Fátima e na pastoral das paróquias de Leiria e da Cruz da Areia.
Os novos diáconos
Rui Ruivo, natural da paróquia do Juncal, tem 39 anos e frequenta o último ano de seminário, estando a fazer o seu estágio pastoral nas paróquias da Barreira e das Cortes. Sentiu o chamamento ao sacerdócio durante a juventude, mas foi adiando a decisão. Assim, após o 12.º ano, fez a licenciatura em Gestão de Empresas, a pós-graduação em Contabilidade e Administração e trabalhou durante 10 anos na área da contabilidade. Pelo meio, manteve uma vida social ativa, como os jovens da sua idade. “20 anos para responder ao Senhor parece muito tempo, mas Ele tem muita paciência e sabe esperar com amor”, conta. Foi numa peregrinação de catequistas à Terra Santa, já com 32 anos, que a pergunta pela felicidade o interpelou com mais veemência e o levou a procurar a resposta nos 7 anos de frequência do seminário. Hoje, continua a dar essa resposta, na convicção de que “o Senhor continua a chamar-me eu vou respondendo”.
Luís Carlos Moreira da Mota, nascido na freguesia de Guilhufe, Penafiel, diocese do Porto, em 1986, reside na Fraternidade Franciscana de Montariol, em Braga. Professou temporariamente na Ordem dos Frades Menores a 4 de setembro de 2010, frequentou o Mestrado Integrado em Teologia na Universidade Católica do Porto e professou solenemente na Ordem Franciscana, a 17 de setembro de 2017.
Sérgio Duarte da Costa Góis nasceu em 1987, em Leôncio Martinez (Miranda), Venezuela, mas regressou a Portugal com a família, ainda na infância, para a paróquia da Pontinha, Patriarcado de Lisboa. Atualmente, reside na Fraternidade Franciscana de Leiria, onde é membro da equipa da Pastoral Juvenil e Vocacional da Província Portuguesa dos Franciscanos. Também ele professou temporariamente na Ordem dos Frades Menores a 4 de setembro de 2010, frequentou o Mestrado Integrado em Teologia na Universidade Católica do Porto e professou solenemente na Ordem Franciscana, a 17 de setembro de 2017.
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