Semeadores da Esperança

Homilia Eucaristia de encerramento da Festa da Fé

 

 

Semeadores da Esperança

 

† António Marto

Leiria, 17 de junho de 2018

Refª: CE2018B-007

 

Foram belos estes dias de “Festa da Fé” como coroamento do que foi sendo vivido nas comunidades ao longo do ano centenário da restauração da Diocese. Nesta festa vivemos e testemunhámos, de diversos modos, a alegria de ser Igreja. Pudemos encontrar-nos como povo e contemplar o rosto da nossa Igreja através de tantos rostos, das variadas cores que compõem o mapa da nossa Diocese, qual bela imagem desse mosaico que mostra a beleza do rosto multifacetado de Cristo. Foi-nos dado sentir de algum modo o pulsar da vitalidade desta grei que quer construir pontes com todos os corações, com cada coração humano para que possa viver a alegria da pertença à humanidade renovada à luz do Evangelho. Ao longo destes três dias tivemos oportunidade de perceber como queremos ser Igreja missionária no século XXI que procura “sair”, “escutar” e “festejar”. A isso somos chamados e animados pela Palavra do Senhor que escutámos. 

1. É interessante a mensagem da primeira leitura na perspetiva do centenário da restauração da nossa diocese. O profeta Ezequiel anuncia a restauração do povo de Deus do Antigo Testamento após o exílio na Babilónia. Lembra que Deus permanece fiel à sua aliança e não deixará desaparecer o seu povo completamente. Deus atua na história apesar das aparências contrárias. 

Usando a imagem da árvore do cedro faz vislumbrar um renascimento maravilhoso. Ao jeito do agricultor, Deus toma do cimo do cedro um ramo novo para o plantar num monte alto que se tornará em árvore frondosa e abrigará outros povos, nova gente. Podemos ver aqui refletida, de algum modo, como num espelho, a restauração da nossa Diocese como obra de Deus, como um renascimento para que o Evangelho da salvação possa chegar mais de perto às pessoas e floresça no meio do nosso povo.

Também nós como o salmista, em ação de graças, proclamamos a misericórdia e a fidelidade do Senhor e humildemente imploramos: Senhor, fazei que no decurso da nossa história guardemos sempre a seiva e a frescura do Teu Espírito, o seu impulso e ardor espirituais; que mesmo envelhecendo nos anos demos sempre os frutos que Tu esperas de nós em cada tempo.

2. No Evangelho encontramos a imagem da semente: “O reino de Deus é como a semente que o homem lança à terra: quer durma, quer vigie, a semente germina e cresce”.

Nas duas parábolas de hoje, a semente representa um “crescimento” e um “contraste”.

O crescimento acontece graças à energia interior contida na semente; o contraste sobressai entre a pequenez da semente (o pequenino grão de mostarda) e a grandeza do que produz, a árvore frondosa.

A mensagem é clara. O Reino de Deus é sobretudo iniciativa, dom e obra do Senhor. É Ele que nos dá a semente da sua Palavra, do seu amor, do seu Espírito, dos sacramentos da sua graça e ternura. Ele produz o crescimento e faz amadurecer o fruto da sua ação. Nós somos colaboradores para cuidar do terreno e da semente. Como explicita S. Paulo: “Eu plantei, Apolo regou, mas foi Deus quem deu o crescimento, Assim, nem o que planta, nem o que rega é alguma coisa, mas só Deus que faz crescer”
(1 Cor 3, 6-7).

Todavia a mensagem das parábolas da semente é também um chamamento à confiança para nós que somos tímidos por causa da nossa pequenez e da das nossas comunidades.

A nossa colaboração, embora frágil e aparentemente pequena face à complexidade dos problemas do mundo, confia na força do Senhor e não tem medo das dificuldades, dos obstáculos e novos desafios. É o milagre do amor misericordioso de Deus que faz desabrochar e crescer todas as sementes de bem e de paz espalhadas sobre a terra.

Tenhamos, pois, confiança. Estamos a viver um tempo que é mais de sementeira do que de colheita. Não podemos medir os resultados no imediato Não esqueçamos o que diz o salmo 126: “Os que semeiam em lágrimas, recolhem com alegria. À ida, vão a chorar, levando as sementes; à volta, veem a cantar trazendo os molhos de espigas” (5-6).

3.O chamamento é dirigido a todos e consiste em semear sementes de esperança, de paz, de nova humanidade.Talvez necessitemos de aprender de novo a apreciar as pequenas coisas e os pequenos gestos, como uma palavra, um olhar ou gesto amigo, de atenção a quem se sente descartado; um sorriso acolhedor a quem está só; um sinal de proximidade a quem está próximo do desespero; um raio de alegria num coração triste, desolado; uma partilha de dons materiais ou espirituais com o pobre, o carenciado ou sofredor; um ambiente de paz onde há divisão e conflito.

São pequenas sementes do Reino que todos podemos semear numa sociedade complexa e triste que esqueceu o encanto e o valor das coisas simples e boas.

Hoje como ontem, Deus continua a procurar homens e mulheres capazes de acreditar, capazes de fazer memória das suas maravilhas, de cooperar com a criatividade do seu Espírito. Deus continua a percorrer os nossas cidades e aldeias, vai a todos os lugares à busca de corações capazes de escutar o seu convite a semear o Evangelho da misericórdia e da alegria. Parafraseando Santo Ambrósio podemos dizer: Deus continua a procurar corações como o de Maria, dispostos a acreditar, mesmo em condições absolutamente extraordinárias (cf. Exposição do Evangelho segundo Lucas II, 17). A Virgem Santa que acolheu como “terra boa” a semente da Palavra divina faça crescer em nós esta fé e esta esperança. Caminhemos, pois, com fé e com esperança!

 

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