Um jantar solidário juntou cerca de duas centenas de pessoas, na passada sexta-feira, 7 de novembro, no restaurante Aldeia de Santo Antão. Com o mote “Juntos pela Liberdade”, a iniciativa foi do grupo Samaritanos, associação de visitadores das prisões de Leiria, tendo como objetivo a angariação de fundos para a construção de uma capela no Estabelecimento Prisional de Leiria (EPL), mais conhecido como prisão-escola.
Como explicou Joaquim Carrasqueiro, presidente da associação, a igreja existente naquele espaço “deixou de estar acessível aos reclusos, por diversos motivos de organização do espaço e limitação dos serviços prisionais”, pelo que “não existia um local onde pudéssemos celebrar a Eucaristia e realizar outras celebrações”. Mas foi graças à disponibilização pela direção da prisão de uma sala desocupada e ao apoio de diversas empresas de construção e mão de obra de voluntários que se encontrou a solução, “prestes a ser inaugurada”.
A nova capela está quase pronta e “é mais acolhedora e adequada do que a anterior igreja”, garantiu o padre Rui Ribeiro, que recentemente foi empossado como capelão, uma missão em que é “reincidente”. Também presente no jantar, o padre João Gonçalves, Coordenador Nacional da Pastoral Penitenciária, sublinhou a importância desta iniciativa, defendendo que “a pastoral das prisões é responsabilidade de todo o cristão, convidado a comover-se, a ver com coração”, pois “ver Cristo em cada recluso é um ato de fé muito grande que é exigido a quem aceita esta missão”.
Também o diretor do EPL, José Ricardo Nunes, manifestou o seu contentamento por ter sido possível a construção da capela, considerando que “o apoio religioso e espiritual é essencial no trabalho de recuperação dos reclusos”. Confessando-se “sensibilizado” pelo apoio de tantas pessoas à causa da prisão, “numa semana especialmente difícil, marcada pela evasão de dois presos, entretanto recapturados”, o diretor lembrou que “esta é uma matéria muito importante e, por vezes, tão esquecida pela sociedade”.
No final, o vigário geral da Diocese, padre Jorge Guarda, sublinhou o papel da pastoral carcerária como ajuda “preciosa” para a recuperação dos prisioneiros e para a sua “conversão em homens novos”. Nessa linha, agradeceu o trabalho da associação de visitadores e apelou a que surjam mais voluntários para este serviço, garantindo o apoio da Diocese, também a nível material. Para tal contribuirá o fundo deixado em testamento pelo padre Albino Carreira, antigo capelão que “poderá ser considerado o padroeiro deste grupo dos Samaritanos”, uma alusão que motivou uma salva de palmas espontânea em toda a sala.