Ao segundo dia, a festa continuou. Tal como previsto, a primeira grande enchente foi provocada pelas cerca de 2.000 crianças do 1.º ao 7-º ano da catequese e escuteiros de idades equivalentes, com quase meio milhar de catequistas e outros acompanhantes.
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A Catedral ficou a “rebentar pelas costuras” para a primeira Missa desta Festa da Fé, pelas 10h00 de sábado. Dirigindo-se aos seus “queridos amiguitos e amiguitas”, D. António Marto optou por contar uma história para reforçar a mensagem das leituras da celebração: o tesouro da Igreja não é constituído de prata nem ouro, nem sequer de edifícios imponentes como a Sé, mas é, em primeiro lugar, Jesus Cristo e, depois, as pedras vivas que são todos os fiéis cristãos. Na sua homilia, falou aos mais pequenos da importância de descobrir esse tesouro e de viver com a consciência do valor desse tesouro. Outra imagem, a do corpo humano, ajudou a explicar que a Igreja e composta por muitos membros e todos são igualmente importantes, desde o Bispo aos mais pequenos ali presentes, cada um com o seu lugar e missão. “Posso contar convosco para amarem este tesouro e o levarem a toda a gente?”, perguntou D. António Marto. Um “sim” prolongado foi a resposta gritada pela pequenada.
O final da celebração, animada pelo coral infantil do Santuário de Fátima, ganhou um colorido especial, quando todos foram convidados a levantar os seus estandartes, fazendo adivinhar um dia cheio de vida e alegria, com o sol a ajudar à festa.
Dali partiram, em pequenos grupos, à descoberta dos tesouros espalhados pela Festa da Fé. Por toda a cidade, a multidão de crianças invadiu ruas e praças, com especial incidência: na praça Paulo VI, onde as aguardava o mapa gigante da Diocese, ilustrado pelas bandeiras e maquetas das 75 igrejas paroquiais; no jardim Luís de Camões, onde a Tenda da Memória foi a principal fonte de informações sobre a identidade, a história e as gentes que deram corpo a esta Igreja particular, desde a sua fundação e, sobretudo, nos últimos 100 anos após a restauração; e no Mercado de Sant’Ana, onde a Festa dos Carismas revelava como é tão diverso e rico este corpo animado por serviços, movimentos e comunidades cheias de vida.
A atividade continuou pela tarde, com cada um a tentar preencher o seu livrinho com todas as informações que permitiam ficar a conhecer com mais pormenor a Diocese. No final, pelas 17h30, era visível o cansaço, sobretudo dos mais pequenos, mas também a alegria da missão cumprida e do dia cheio que viveram em aventura e convívio. No jardim, na hora da despedida, voltou a aparecer Bispo, que ouviu a confirmação disso mesmo, em coro uníssono de satisfação e, de novo, de aceitação do desafio que lhes fizeram na homilia.
Durante este dia, foram também muitos os adultos a circularam pelos vários espaços da festa e viveram as mesmas emoções. Ao início da tarde, algumas dezenas de pessoas reuniram-se na Sé, para a oração do Rosário pelos doentes e idosos da Diocese, com a presença do Bispo e presidida pelo reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas.
Também nesta tarde, o Santuário teve também especial colaboração na visita guiada à exposição mariana patente no Museu de Leiria e na conferência que aí teve lugar, tendo como pano de fundo as três Rosas de Ouro oferecidas a Fátima pelo Vaticano. Marco Daniel Duarte, responsável pelo Museu do Santuário, revelou um pouco da história, contexto e importância dessas ofertas e de mais cerca de três dezenas de objetos ali entregues pelos vários Papas nos últimos cem anos. “Mais do que o seu valor material e até artístico, são peças valiosas pelo seu significado e pelo que representam “, frisou o historiador.
Enquanto fechava o ciclo de cinema sobre a família, no teatro Miguel Franco, a noite foi dedicada à juventude, com mais uma edição do Festival de Música de Mensagem, no jardim Luís de Camões. O Bispo diocesano deu o tom inicial, sublinhando a importância da música para cantar a mensagem de Cristo e como forma de expressão privilegiada do rosto jovem desta Igreja. Depois, com o espaço composto de animadas claques de apoio, as bandas concorrentes apresentaram a respetiva canção a concurso e uma outra de animação. Apesar de serem apenas cinco, representavam bastantes mais paróquias, dada a constituição dos grupos por membros de variadas origens.
Não sendo os prémios o mais importante, há que encontrar um vencedor e coube ao grupo do Movimento Católico de Estudantes levantar o troféu que lhe permitirá representar a Diocese no festival nacional, com o tema “Chegou a nossa vez”. O prémio para a melhor letra foi para o Grupo de Jovens da Barreira, com a canção “(Re)descobrir-Te em Missão”, e a melhor interpretação foi para a banda 4EV e Luz Sem Tempo, apresentando “A alegria da Missão”. Houve ainda um “Prémio Ser”, votado pelos próprios participantes para o grupo que melhor encarnou o espírito do festival, entregue à banda constituída pelos grupos de jovens de Santa Catarina (Azoia) e de São Mateus (Barosa), que cantaram “Igreja em Missão”. Nota ainda para um troféu de participação dado ao grupo “L.EMA”, que interpretou a canção “Por um fio”, considerada extraconcurso.
Enquanto se aguardava a votação do júri, a animação da noite foi assegurada pela banda Maresia, de Aveiro, que soube manter a plateia interessada e participante.
A oração foi também parte importante do dia, com a exposição do Santíssimo na igreja do Espírito Santo, culminando com a bênção pelas 23h30. Na mesma igreja, foram também os jovens a assumir, depois, o protagonismo, com o momento de oração Shemá que encerrou este dia, já na madrugada de domingo.
Amanhã, a festa continua. Cerca de um milhar de adolescentes do 8.º ao 10.º ano da catequese e do escutismo voltarão a inundar a cidade logo pela manhã, para atividade semelhante de descoberta desta Festa da Fé e da Diocese que a promove.
O momento alto do programa será a Eucaristia de encerramento, às 16h00, em frente aos Paços do Concelho, também a com a participação dos participantes no Jubileu das Vocações dos casados, ordenados e consagrados há 25, 50 u 60 anos. Após a procissão para a Sé, o último momento será a geminação das paróquias, já na praça Paulo VI. Sem esquecer que o convívio poderá continuar por mais algum tempo, nas tasquinhas e bares instalados no jardim Luís de Camões.
Luís Miguel Ferraz