Perfil de Virgílio Rodrigues

Virgílio Rodrigues tem 58 anos, é da paróquia da Maceira e exerce uma vasta ação no âmbito pastoral.

Ao nível vicarial integra o Grupo de Desenvolvimento Pastoral. Está no Conselho Pastoral Paroquial, é tesoureiro do Conselho Económico, dá catequese aos adolescentes do 8.º ano e promove outras iniciativas na comunidade. 

Se há adjectivo que pode classificar o testemunho de Virgílio Rodrigues, esse adjectivo é “pioneiro”. As várias iniciativas que lançou na paróquia dão-lhe esse estatuto. Participou da pastoral juvenil paroquial, fundou, com a esposa e um casal amigo, Gorete e José Matos, o Agrupamento de Escuteiros 762 Maceira, faz parte da equipa que iniciou o percurso Alpha na Vigararia, esteve na criação de um grupo de estudo bíblico de um dos centros da paróquia, formou uma equipa que lançou, há dois anos, o projecto Arca, em que os pais das crianças que estão para entrar na catequese fazem uma abordagem inicial, ainda em casa. A sustentar toda esta entrega, está a família.

Virgílio nasceu na Pocariça e, aos cinco anos, mudou-se para a Maceira-Lis. É o mais velho de três filhos. “Tivemos sempre uma relação de família muito próxima. Na altura, para além dos meus pais e dos meus irmãos, eu morava com a minha avó e uma tia.” Esta visão abrangente e intergeracional da família reflete-se no seu agregado familiar: a esposa, a filha e a sogra.

Descobriu Deus numa revista

No seu percurso, Virgílio recorda a importância do padre Arnaldo, com quem criou uma relação muito próxima. “O padre Arnaldo era um franciscano, sociólogo, que trabalhava na comunidade, na qualidade de assistente religioso da fábrica de cimentos da Maceira-Lis.”

Da sua infância lembra o momento em que teve acesso a uma reportagem violenta sobre a guerra do Vietname. Este artigo levantaria em si uma série de questões sobre a “maldade humana”. Deste questionamento transcendental embrionário surgiu a convicção de que, em contrapartida, teria que haver alguém bom. “Penso que foi aqui que descobri Deus na minha vida.”. Se até ali a presença nos rituais da Igreja eram uma rotina, a partir daquele momento Virgílio procurou descobrir o seu sentido.

Quis conhecer mais sobre Deus e, no ano seguinte, comunicou aos pais do desejo de ir para o seminário, onde esteve durante quatro anos. Da experiência, ficou a “vontade de ter cultura”. Foi o que fez, dando continuidade aos estudos no liceu, onde terminou o antigo 7.º ano.

Da impossibilidade de concorrer ao ensino superior no ano de 1974, por não ter aberto concurso, Virgílio assumiu funções como monitor num posto da Telescola, na Maceira. Onze anos mais tarde, com a abertura da Escola Básica, foi trabalhar para aquela instituição, na área administrativa, onde ainda hoje trabalha.

O casamento e a pastoral juvenil

Virgílio conheceu a esposa, Rosa Maria, também natural da Maceira, numa peregrinação diocesana a Fátima, quando acompanhava um grupo de jovens que coordenava. “Ela tinha um meio de transporte e ofereceu-se para nos dar boleia.” Aprofundaram a relação e voltaram a Fátima, desta vez para fazer a preparação para o Matrimónio. Casaram-se em 1981 e oito anos depois nasceu a sua filha, Inês. Integrou com a esposa as Equipas de Nossa Senhora, onde esteve até 1993, altura em que foram convidados para fazer parte de uma equipa do Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM), na vigararia.

Virgílio ajudou a criar o grupo de jovens da Maceira-Lis depois de um encontro do Movimento dos Focolares, em 1976. Com o apoio do padre Arnaldo, iniciou a atividade juvenil, que ajudou a dinamizar até 1983. Este ano marca também o início de uma nova aposta de Virgílio: a criação de um agrupamento de escuteiros na Maceira. Este projeto era um sonho antigo que já acalentava, juntamente com um amigo de seminário, José Matos, que também ajudou a fundar o agrupamento. Da necessidade de arranjar atividades para os adolescentes após o percurso catequético, surge a proposta dos dois amigos, que é prontamente aceite pelo pároco, Pe. Júlio Vieira. Reuniram de imediato as condições necessárias e em janeiro de 1983 davam início ao Agrupamento de Escuteiros 762 Maceira. Foi, durante nove anos, chefe daquele agrupamento e em 1985 assumiu funções como secretário regional pedagógico do Corpo Nacional de Escutas (CNE), exercendo depois outras funções a nível regional. Só no ano passado deixou o movimento, por motivos de saúde.

Um encontro pessoal com Deus

O ano 2001 foi marcante na fé do nosso entrevistado. “Tive um encontro pessoal com Jesus Cristo”, são as palavras que Virgílio usa para definir o acontecimento fundador da fé que hoje vive. “Este momento deu-me uma imagem renovada de Deus. Mais fiel e mais presente. Agora sei que Deus está sempre comigo, pelo Espírito Santo”. Desta experiência surgiu uma vontade de aumentar o seu conhecimento sobre Deus. Participou em várias formações, nomeadamente da Comunidade Cristo Betânea, onde para além de aprofundar o conhecimento de Deus, criou relação pessoal com Jesus Cristo.

Descobriu, há anos atrás, que tem uma doença genética que lhe traz problemas musculares. Recorda o que algumas pessoas, sabendo-o homem de fé, lhe perguntavam na altura. “Como é possível que, sendo tu tão ligado a Deus, Ele te tenha dado essa ‘prenda’?” Na altura não disse nada, mas vai dando a resposta pelo seu testemunho, manifestando a sua convicção de que “Deus não facilita as coisas, mas dá condições às pessoas para superarem as dificuldades.” Desde 2009 que a doença se tem vindo a fazer mais presente nos sintomas, mas até agora não parou de trabalhar. “Nunca pedi a Deus para me curar, pedi-lhe para me dar condições para trabalhar. Agora, tenho de dar sentido à minha dor, oferecendo-a a Deus pelos outros que sofrem e assim, dou também sentido à minha vida.”

O testemunho de Virgílio não se limita às palavras, até porque, depois de ter descoberto a sua doença, estreitou ainda mais a sua entrega à ação da Igreja.

Uma família que o sustenta

A família, que Virgílio tanto valoriza, é quem, no seu entender, sustenta e possibilita a sua ação eclesial comprometida. “A minha família apoia-me e percebe que é aqui que a minha missão se cumpre.” Esta presença da família é também concreta. Em muitas atividades a esposa e a sogra também participam.

Para Virgílio, a pedra de toque da sua ação em Igreja é a procura da unidade. O percurso de vida de Virgílio testemunha uma entrega constante à Igreja. “Se nós nos assumimos como cristãos, não podemos desistir e arrumar as botas a qualquer momento, não nos podemos reformar da Igreja!”. Na sua ação, procura promover uma dinâmica inovadora e inclusiva. “Todos os dias tento dar cumprimento ao mandamento de Jesus para que ‘todos sejam um’.” Nesta busca pela conciliação, sublinha a importância do testemunho de cada um e das relações que são criadas com os outros a partir desse testemunho. “As pessoas querem ser acolhidas e, infelizmente, noto que o acolhimento é o que mais falta, hoje em dia, na Igreja.” Esta relação de dádiva e proximidade é o modelo que anseia para si. “A nossa vida tem que projetar Deus nos outros.” Quem está à sua volta sabe, melhor que ninguém, o quão fiel é a este princípio.

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