Perfil de Ramiro Baptista

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Ramiro Cordeiro Baptista tem 44 anos e é da paróquia do Arrimal. Na paróquia, é catequista há sete anos, os mesmos que integra a comissão fabriqueira paroquial, onde é secretário. Para além desta participação na comunidade, é ainda guia das Oficinas de Oração e Vida, um serviço apostólico que ensina a rezar. Casado, pai de um adolescente, profissionalmente é carteiro nos CTT.

Já foi um “cristão passivo”, mas hoje, para lá da entrega postal  assume-se, de uma forma comprometida e empenhada, como mensageiro do Evangelho.

 

 

Ramiro tem uma memória cronológica exata. Enquanto relata os momentos mais marcantes da sua vida, enuncia as datas precisas de cada um. Nasceu no primeiro dia da primavera de 1971, no hospital da Nazaré. A beira-mar serviu apenas de berço para a maternidade e após os primeiros dias de vida, foi viver para a serra, no Arrimal, de onde é natural a sua família.

Fala da sua terra num esfregar de mãos satisfeito. Conhece-a como a palma das suas, que usa para distribuir o correio aos conterrâneos . É carteiro há 25 anos. Antes de trabalhar na distribuição postal, ainda chegou a trabalhar na agricultura, mas um convite de um amigo levou-o para os CTT.

Tem uma irmã, quatro anos mais nova. O pai é sacristão, há vários anos, no Arrimal e a mãe integra o grupo das Zeladorasda Sagrada Família. Quanto à importância dos avós na sua caminhada, concretiza-a a contar o episódio do seu batismo. “Vai fazer amanhã 44 anos. Eu tinha 19 dias e como a minha mãe estava, na altura, muito mal de saúde, foi a minha avó materna que me levou para ser batizado.”

Uma família envolvida

Ramiro conta quinze anos de casado no próximo dia 29 de abril. A esposa é do concelho de Rio Maior e foi no contexto das festas religiosas que a conheceu. “Sempre nos conhecemos mutuamente como pessoas de fé. Ainda namorados, íamos à Missa vespertina na terra dela. ” Volvidos cinco anos de namoro, o Matrimónio surgiu de uma forma natural e, dois anos depois, nascia o filho.

A ligação de Ramiro à vida eclesial surgiu, num percurso foi sendo feito de uma forma gradual e natural. “Assim que fiz o Crisma, com 13 anos, comecei logo a auxiliar na catequese. Na altura, ainda não tinha assentado e acabei por não ser assíduo na função para a qual me disponibilizei.”  Voltou a dar catequese há sete anos, desta vez com a esposa, quando o filho entrou para o 1.º ano. “Na altura não havia muita gente a disponibilizar-se e eu e a minha esposa assumimos as funções.” Atualmente, é catequista do 7.º ano, no grupo que o filho frequenta.

O trabalho na comissão fabriqueira da igreja surgiu em 2008, depois de ter sido apontado pela comunidade para assumir a função de secretário.

Olhar as coisas de outra perspetiva

Em 2007, Ramiro frequentou uma Oficina de Oração e Vida (TOV), depois de um convite feito no âmbito paroquial. Movido pela curiosidade, resolveu ir à primeira das 15 sessões previstas em cada oficina. “Tive a graça de poder assistir a todas as sessões, o que me deu um fascínio pelo movimento. Mais tarde, os guias que me deram a dita oficina, convidaram-me para, também eu, ser guia deste serviço.” Aceitou o convite e, concluída uma formação de cerca de ano e meio, assumiu, em 2010, a função de guia. Neste serviço apostólico tem coordenado grupos em oficinas de oração e Vida. “Basicamente, ensinamos a orar, dentro das várias modalidades de oração que existem. É um processo que exige fidelização e que requer um trabalho prático a cada participante, para que no final da Oficina possa dizer: valeu a pena.”

Ramiro fala de “pequenos grãos de açucar” que o motivam a participar deste serviço. Para concretizar, conta um episódio que se passou numa das oficinas que coordenou, em Porto de Mós. “Num dia em que tínhamos agendada uma das sessões, chovia bastante.  Por momentos pensei que as pessoas nem aparecessem. Em cima da hora marcada, chegou uma senhora que me disse: ‘Sabe, com o tempo assim, nem sequer estava para vir… E foi por causa de si que eu vim!’. Eu respondi-lhe: ‘Não, não foi por minha causa que veio. Se eu tivesse combinado consigo para nos  encontrarmos num dia destes, você optaria por nem sair de casa. Hoje, você veio por causa deAlguém lá está em cima!”

Pela experiência que tem nos TOV, perguntamos o que considera ser mais difícil no implementar da oração na vida familiar. “Um dos aspetos mais referidos é a falta de tempo, pelas preocupações e afazeres do dia a dia. Mas fundador do movimento, a este propósito, diz que ‘o tempo é questão de preferência e a preferência é a questão de prioridade, já que temos tempo para tudo o que queremos’. Pôr em prática este princípio não é fácil, mas é importante que se consiga sempre dedicar algum tempo do nosso dia à oração”.

Numa perspetiva mais pessoal, Ramiro fala da importância que a oração teve na sua vida, especialmente na forma como o ajudou a “ver as coisas de uma outra perspetiva”.

Um clique que faz despertar

Na caminhada de fé, reconhece a importância de pessoas que foram para si uma referência e que o ajudaram a afirmar-se na sua entrega. Os pais em primeiro lugar, depois, não “menosprezando outras”, fala da infuência que o padre Orlandino Bom teve no seu percurso. “Nunca deixei de frequentar a Eucaristia, mas reconheço que era um cristão passivo, que não assumia qualquer tipo de responsabilidade na Igreja e que adaptava o Evangelho mais a mim do que eu me devia adaptar ao Evangelho. Quando assumiu funções como pároco no Arrimal, o padre Orlandino Bom, na sua forma de ser, tocou-me e este clique foi um impulso importante para eu assumir uma presença mais ativa na Comunidade.” Fala também de Manuel Pinto, coordenador diocesano dos TOV, que o fez aprofundar a sua fé.

 “A Igreja devia ser uma festa”

Ramiro é conhecido na comunidade que o viu crescer na fé. Para lá das mensagens que distribui profissionalmente e que o fazem contactar com as pessoas, assume uma presença efetiva como arauto da Boa Nova. Fá-lo de uma forma comprometida, porque entende que só assim faz sentido. “A Igreja precisa de pessoas comprometidas e não apenas de figurantes… Precisa de pessoas que apareçam e não tenham medo de dar a cara!”

Numa análise à Igreja da qual participa, serve-se de uma comparação entre o futebol e a Igreja, para mostrar contraste de motivações. “Quando os clubes de futebol estão no auge, os estádios estão cheios e quando perdem jogos, as bancadas esvaziam. Na Igreja é ao contrário. Os crentes só se aproximam dela quando têm necessidade e estão na mó de baixo. A Igreja devia ser uma festa e, para isso, temos que deixar que o próprio Cristo ressuscite em nós!”

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