Perfil de Celeste Mónico e Custódio Francisco

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Celeste e Custódio estão casados há 40 anos, têm dois filhos e são da paróquia da Caranguejeira.

Atualmente, Custódio é responsável pela animação litúrgica na Missa vespertina da paróquia. Celeste é catequista do 6.º ano e está na direção da catequese do centro da Caranguejeira. Juntos, estiveram ligados à pastoral familiar vicarial através de uma equipa dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM).
Ele nasceu em Caldelas e ela na Opeia e apesar da curta distância que separa os lugares e as datas de nascimento, só se conheceram aos 21 anos. Os 64 que agora têm, distam entre si 4 meses, o mesmo numero de quilómetros que separa a Opeia de Caldelas. O espaço e o tempo tornou-se relativo na proximidade que sempre alimentaram desde o dia em que se conheceram. Da família que nasceu brotou a alegria de participar no projeto de amor, que Deus lhes reservou.

O tempo juntou

Desde muito nova que Celeste gosta de desafios. Aos 11 anos, depois de completar a 4.ª classe, aceitou o convite feito pela tia, que era freira, para ir estudar num colégio da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, em Ermesinde. “Tinha pena, porque os meus pais não tinham dinheiro para me pagar a mensalidade.” Na impossibilidade da família lhe garantir os estudos, um padre amigo assegurou o contributo altruísta de um casal alemão que se prontificou a custear o percurso escolar de Celeste.

A educação rigorosa que ali recebeu deixou-a preparada para a vida, conta. “ Acordávamos às 6h00 e, antes de irmos para aulas, íamos à Missa e participávamos nas tarefas caseiras.” Saiu do colégio aos 17 anos, com a intenção de trabalhar para ajudar os pais. Aos 21 anos, recebeu um convite para trabalhar no Hospital de Leiria. Aceitou o desafio e ali ficou a trabalhar, no serviço administrativo, até se reformar.

Custódio fez a escola primária em Caldelas. Enquanto isso, ajudava o pai, que trabalhava como serrador. A conclusão da 4.ª classe coincidiu com a altura em que o pai deixou o trabalho por conta própria e se empregou numa serração. Esta situação abriu a possibilidade de Custódio seguir os estudos. Com o apoio do irmão mais velho, foi para o Seminário dos Missionários da Consolata, em Fátima, onde fez o 7.º ano, atual ensino secundário. Aos 18 anos, foi enviado para o norte de Itália. Esta passagem pelo país transalpino durou cerca de um ano e viria a ser muito importante na vida profissional de Custódio. Quando regressou, entrou no Instituto Superior de Estudos Eclesiásticos e no ano seguinte transitou para a Universidade Católica, em Lisboa. O percurso de Custódio terminou no segundo ano e desta curta passagem pelo ensino superior, recorda sobretudo a formação musical e a participação pastoral que tinha na paróquia de Campolide, onde esteve ligado à catequese e à animação juvenil. Deixou a universidade na perspetiva de poder ingressar profissionalmente no ensino, enquanto professor, por forma a garantir posteriormente a conclusão dos estudos. “Na altura, já tinha um convite para lecionar num colégio no Cadaval.” A expectativa não se cumpriu pela obrigatoriedade do serviço militar. “Naquela ocasião, por altura da guerra colonial e assim que abandonei os estudos, fui imediatamente convocado para a inspeção.” Cumprida a instrução militar, onde se formou como oficial miliciano, foi chamado para a guerra em Angola, onde esteve durante cerca de dois anos.

Deus uniu

Com percursos iniciais de vida distintos, as rotas de Celeste e Custódio uniram-se na juventude. Até então, poderão ter-se visto na Missa dominical paroquial, à qual ambos iam ao domingo, mas foi só aos 21 anos que o encontro se deu e a vida em comum se começou a alinhavar. Conheceram-se quatro meses antes de Custódio partir para Angola, num encontro com amigos que tinham em comum. A conversa que não aconteceu no primeiro encontro, concretizou-se num segundo, desta vez, numa festa de um amigo. “Ao falar com ele, perante o sorriso, o olhar cativante e franco, senti nele as características que eu desejava num namorado.” Despediram-se com um “aperto de mão sentido”. A consciência, animada pelo entusiasmo mútuo, fazia crescer a vontade de novos encontros. Nessas ocasiões, não falavam muito de si próprios, mas a descoberta foi cimentada pelo namoro epistolar profundo que, desde cedo, mantiveram. Recordam em especial a primeira carta, na qual Custódio descreveu, de uma forma fidedigna, a personalidade de Celeste. “Li aquela carta vezes sem fim e, cada vez que a lia, sentia que me estava a olhar ao espelho.” Ainda hoje a guardam, como sinal da cumplicidade que os uniu e que sustentou a sua vida de casal. Casaram em agosto de 1975.

E a vida confirma

Um ano após o casamento, foram morar para uma casa que construiram na Opeia e onde ainda moram. Custódio cumpriu a sua vida profissional na área das importações e venda de produtos para a indústria dos plásticos, primeiro numa empresa e mais tarde num projeto que iniciou com um sócio. Ainda hoje se dedica a este projeto. Celeste já está reformada há seis anos. “Achei que me devia dedicar mais à família e a minha decisão foi bem recebida por todos.” Os filhos, Hugo e Catarina, já casaram. Celeste e Custódio falam da família com o afeto próprio de quem acolheu com empenho a vocação do Matrimónio. Em família, aprofundaram a sua ação na Igreja e fazem questão de sublinhar a importância da entrega dos filhos nesta missão. “Os nossos filhos sempre participaram na nossa entrega à Igreja. Acreditamos que o facto de terem crescido nesse ambiente de dedicação, também os edificou enquanto pessoas.”

A comunhão que hoje partilham foi alicerçada nas vontades que expressaram desde as primeiras cartas que trocaram. Hoje, com quase 40 anos de vida em comum, as palavras daquelas cartas continuam atuais, na perenidade do amor que lhes dá vida. E é esse amor, distinto, fiel e humilde, que se projeta na sua pessoa e nas vidas de quem os rodeia.

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