O plano pastoral da nossa diocese previa que o biénio pastoral 2018-2020 fosse dedicado aos jovens e à pastoral juvenil: “Jovens, fé e vocação”. Outubro de 2018, início do biénio, coincidiu com o sínodo dos bispos convocado pelo Papa Francisco precisamente sobre a atenção da Igreja aos jovens. Um excelente ponto de partida.
A reflexão dos bispos, acompanhados pela partilha de jovens de todo o mundo, levou o papa a escrever a exortação apostólica “Cristo Vive” (CV). Trata-se de um documento programático para a pastoral juvenil, mas também para a forma de olhar toda a evangelização, situada na cultura, pensamento e estilos de vida actuais.
Se os trabalhos do sínodo foram um ponto de partida motivador, o final deste biénio, sobretudo depois de conhecido o pensamento do Papa na Cristo Vive (CV), traz-nos desafios muito mais exigentes, mas também mais concretos e estruturados.
Impõe-se agora uma avaliação deste biénio pastoral, a par com todos os desafios que nos ajudarão a situar a pastoral juvenil da diocese da forma mais realista que a nossa humildade nos permitir.
Capacidade transformadora dos jovens
Na CV, o papa destaca a capacidade transformadora dos jovens na Igreja e na sociedade. Ao longo destes dois anos conhecemos muitos jovens capazes de dar à nossa igreja diocesana um rosto mais jovem. Para isso é necessário dar-lhes espaço para partilharem a sua devoção, dedicação e amor à Igreja. Tentámos que fossem jovens a liderar algumas propostas deste biénio, trazendo a sua forma própria de viver a relação com Cristo. Demos a palavra aos jovens nos encontros vicariais do primeiro ano. Percebemos que há muito ainda a fazer para que os jovens se sintam parte da Igreja por forma a que o seu questionamento não seja de acusação inerte mas de mobilização implicada.
Sinodalidade
Sinodalidade é outra palavra-chave da CV. Implica que a evangelização com os jovens não seja responsabilidade exclusiva de um serviço diocesano ou de um grupo paroquial. Um grupo coral paroquial que acolhe os jovens ao seu lado é agente evangelizador dos jovens. O grupo de catequistas em que um jovem se inspira nos mais velhos para crescer na fé é pastoral juvenil. Poderíamos referir mais exemplos em que os jovens colhem da experiência de outros, mas também onde eles partilham os desafios que o Senhor quer colocar à Igreja. Lembramos o êxito do Fórum de pastoral juvenil em outubro de 2019. Para fomentar estes dinamismos é preciso incluir a capacidade transformadora dos jovens nos lugares de decisão na Igreja.
Pastoral de eventos e de processos
Sobretudo neste segundo ano (atípico), procurámos que não deixassem de haver encontros pontuais, de festa, oração ou reflexão, mas cuidando também de espaços que promovessem o amadurecimento da fé em pequenos grupos de acordo com a maturidade, a espiritualidade e carismas específicos. São exemplo dessa preocupação o Tubo de ensaio, o F5 para preparação do Crisma, o PDF – Percurso de Aprofundamento da Fé que não chegou a ser lançado, o grupo “Somos Missão”, etc… Um processo onde ainda há necessidade de descobrir novos caminhos é o processo da continuidade de uma metodologia de catequese adolescente para um registo de maior maturidade.
O Papa insiste na necessidade desta promoção de processos de discernimento, existenciais, vocacionais exigentes que, não tenhamos dúvidas, são desejados pelos jovens da nossa diocese, que não pedem apenas eventos de festa e encontro, mas também exigem experiências fortes que levem a um crescimento no encontro com Cristo.
Um biénio para os jovens das nossas paróquias
Os encontros vicariais em cada ano, a presença do ícone em cada paróquia, o desafio a organizar o “Dia do jovem na paróquia”, pretenderam ser o ponto de partida para criar algum dinamismo de pastoral juvenil ao nível paroquial e vicarial, acompanhados pelo Serviço Diocesano de Pastoral Juvenil (SDPJ). Da parte do SDPJ a resposta a esta preocupação ficou claramente aquém do que se exigia. Sentimos uma certa incapacidade para criar e acompanhar dinamismos, eventos e processos de pastoral juvenil de base.
Festa
Terminaríamos o biénio com a Festa da Juventude, um evento que prentendíamos que fosse simultaneamente uma oportunidade de encontro, de partilha e de aprofundamento da fé em contexto festivo para os jovens da diocese. Acreditávamos que esta realização iria provocar o encontro evangelizador dos jovens entre si e mostrar a sua capacidade evangelizadora a toda a diocese.
JMJ 2023, um desafio que continua
Pouco depois de iniciarmos este projecto de dois anos, fomos surpreendido pela notícia da realização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 em Lisboa. Trata-se do maior encontro mundial de jovens, com todo o potencial evangelizador que traz consigo. Será um grande desafio e uma grande oportunidade para a igreja em Portugal e para a nossa diocese em particular, e não só para os jovens.
Um trabalho de equipa
O plano para este biénio foi desenhado por uma equipa de 5 pessoas mas a sua concretização foi possível graças ao empenho de muitas outras que, de uma forma pontual ou permanente, se dedicaram com entusiasmo a este empreendimento. Deixo uma palavra de especial gratidão, afeto, estima e encorajamento aos membros da equipa coordenadora do Serviço Diocesano de Pastoral Juvenil que ao longo destes dois anos deixaram junto de outros jovens o seu testemunho de amor à Igreja.
Um biénio que ainda agora começa
Todo este plano, todo este esforço, tudo o que foi feito e tudo o que não se conseguiu fazer não pode encerrar-se porque se inicia um novo biénio com novas prioridades e desafios. Pelo contrário, exige um esforço redobrado para que os jovens, que “não são o amanhã, mas o hoje de Deus” (papa Francisco), não se sintam desamparados. Os jovens precisam, o nosso amor e cuidado à Igreja exige-o e acredito que o Senhor o deseja fortemente.