Gostava, Senhor, que as cinzas que hoje me hão-de impor na celebração desta Quarta feira de Cinzas, fossem resultantes da fogueira onde queria que ardessem os meus pecados.
Assim, purificadas essas cinzas pelo Teu fogo divino, elas recordar-me-iam sempre as minhas fraquezas e eu agarrar-me-ia ainda mais a Ti, para em Ti encontrar as forças para resistir ao meu pecado.
Chegaram os dias da penitência!
Chegaram os dias em que me devo retirar para o meu deserto e ali, Senhor, perdoa-me a comparação, (cf Lc 4, 1), conduzido pelo Espírito Santo, encontrar o meu pecado, enfrentá-lo com a força do Teu Espírito, dele tomar consciência e, arrependido, voltar-me para Ti pedindo a graça de não mais voltar a pecar.
E em cada um destes dias, Senhor, Tu hás-de sorrir, olhar para mim cheio de ternurenta misericórdia, e dizeres-me que basta eu estender a minha mão para Ti, para Tu me agarrares e libertares das tempestades das areias do pecado que me querem enterrar.
Este meu deserto, Senhor, por Tua graça, tem ao fundo, lá longe onde ele acaba, (são tantos os meus pecados), uma luz extraordinária que tudo abrange e tudo toca, e que apaga todos os pecados, porque é a luz da Tua Ressurreição.
Este meu deserto, Senhor, é afinal o deserto de todos aqueles que em Ti acreditando, o percorrem e chegando junto de Ti, dizem como aquele leproso, (Mt 8, 2) – «Senhor, se quiseres podes purificar-me» – e ouvirão da Tua boca – «Quero, fica purificado». (Mt 8, 3)
Chegaram os dias da penitência, mas no meu coração arrependido, já se forma um grito contido, que gritarei no fim do deserto: Aleluia!