Ordem da Visitação de Santa Maria

Como havia muitas ordens de clausura, São Francisco de Sales e Santa Joana de Chantal pensaram em fundar uma congregação para “sair à rua”, para visitar e cuidar dos mais carenciados, tratar doentes e outras obras de caridade. Mas a imposição da autoridade eclesiástica viria a remeter ao claustro as Irmãs da Visitação de Santa Maria. E assim nascia mais uma ordem contemplativa. 

 

 

 

 

 

Adorar a Deus em espírito e verdade

“Fiz o que não queria”, diria o fundador da congregação nascida em 1610, em Annecy (França). Referia-se à “sugestão” do arcebispo de Lion, cidade onde surgia seis anos depois o segundo convento, de a converter em ordem de clausura papal, por lhe parecer estranho ver as irmãs a andarem em público. Mas, vinda de quem vinha, aceitou a imposição como sendo a vontade de Deus. A cofundadora completaria: “Deus deu às nossas Irmãs um espírito de inteira submissão à sua Divina Vontade; da sua bondade recebemos grande disposição e atrativo para viver em clausura, com inteira consolação para as nossas almas”.
Manteve-se, ainda assim, a disposição inicial de não seguir regras tão austeras como as que adotavam outras ordens, permitindo que nela ingressassem irmãs de todos os géneros e condições, mesmo de fraca compleição física, idosas ou doentes. O objetivo era “dar a Deus almas tão interiores que sejam julgadas dignas de O adorar em espírito e verdade”. Esse passaria a ser o seu lema e as suas virtudes de referência seriam a humildade perante Deus e a simplicidade para com o próximo.

 

Expansão

A Ordem rapidamente se expandiu. À morte de Francisco de Sales (1622) existiam 11 mosteiros e quando morreu Joana de Chantal (1641) eram já 87. Como os dois fundadores, muitas visitandinas foram elevadas aos altares, sendo Santa Margarida Maria Alacoque (1647-1690) uma das mais “famosas”, pelas revelações recebidas sobre a consagração e o amor ao Sagrado Coração de Jesus.
O primeiro mosteiro da Ordem em Portugal foi aberto em 1784, em Lisboa, autorizado por D. Maria I para “educação de meninas”. Foi “trazido” pelo padre Teodoro de Almeida, que se “encantara” por esta ordem em França, onde estivera desterrado às ordens do Marquês de Pombal. Seguiu-se outro no Porto, em 1879, mas as perseguições da República de 1910 levaram as religiosas a dispersar-se por vários mosteiros europeus. Acabariam por voltar a formar uma comunidade no País em 1924, em Penafiel.

 

Na diocese

A vinda para a diocese de Leiria, em 1936, ficou a dever-se à intercessão de Carlos Mendes, cuja esposa estudara no internato da Visitação em Lisboa. E à generosidade do Bispo D. José Alves Correia da Silva, que lhes cedeu a Quinta do Casal (Faniqueira, Batalha) – deixada à Diocese por Júlia Charters Crespo – com a condição de as irmãs dedicarem as suas orações ao Seminário Diocesano.
Além deste, existem hoje em Portugal os mosteiros de Braga e Vila das Aves. Em todos eles se cumpre, sensivelmente, a mesma missão de fazer oração e sacrifícios pelos agonizantes e por toda a humanidade, bem como “difundir o bentinho”, pequeno escudo com a imagem do Sagrado Coração de Jesus, semelhante ao símbolo da Visitação (ver caixa).
Na Batalha, o dia começa cedo, pelas 06h30, termina pelas 22h00, e é maioritariamente preenchido com as orações do Ofício Divino, a Eucaristia, meditação, contemplação e outros exercícios de piedade para com Jesus Cristo e a Virgem Maria. Mas há tempo para as diversas tarefas da casa e da quinta, bem como para o cuidado das mais idosas, que são a maioria das 14 irmãs residentes.

 

Escudo da Visitação

O brasão da Ordem é constituído por um coração rodeado por uma coroa de espinhos, trespassado por duas setas e encimado por uma cruz, ostentando as letras JMS. O seu significado é o seguinte: o coração é o de cada Irmã; a coroa de espinhos, a mortificação; as duas flechas, o amor de Deus e do próximo, que continuamente a deve trespassar; a cruz é a de Jesus, a lembrar-lhe o amor infinito com que é amada e a animá-la a levar com alegria a sua própria cruz; finalmente, as letras JMS, a representar os Nomes de Jesus e de Maria, que deverá ter sempre gravados no coração.

 

Testemunho vocacional

Das missões para a clausura

2015-04-30 sopra2A irmã Maria de Lourdes da Conceição Mendes, natural da Penha de França, diocese de Lisboa, é a superiora da comunidade do Mosteiro da Visitação, na Faniqueira (Batalha), há 12 anos. Com 78 anos de idade e 57 de vida religiosa, conta no seu percurso com uma experiência que não se confina ao mosteiro…

Fui a última de seis irmãos. Fiz a instrução primária com as Irmãs do Amor de Deus e recebi da minha professora (irmã Maria Teresa Pedras, ainda viva) a semente de uma grande devoção e amor filial a Nossa Senhora. Fui “Filha de Maria” e, sentindo o chamamento do Senhor para ser missionária, entrei naquela congregação aos 17 anos. Conforme o meu desejo, após a 1.ª Profissão, fui enviada para Angola, onde estive 16 anos.
Um dia, estando a fazer o meu retiro anual, li a vida de Frei Maria Rafael, monge trapista, hoje já nos altares, e aos poucos fui sendo atraída pela vida contemplativa. Começou a luta. Onde entrar? Não conhecia nenhuma Ordem. Em Luanda, havia Carmelitas, mas, não sei porquê, sempre que nelas pensava, sentia a voz do Senhor a dizer-me: “no Carmelo não te quero”. Pensei nas Cistercienses de Espanha, mas a resposta foi que “não recebiam candidatas em 2.ª mão…”. Vim de licença graciosa e falei com o sacerdote que me acompanhava espiritualmente.
Sem ter nada resolvido, voltei para Angola e, algum tempo depois, este sacerdote veio a este Mosteiro trazer uma postulante e falou de mim. Durante alguns meses, troquei correspondência com uma irmã daqui e acabei por escrever à superiora, pedindo a minha admissão. Esperei pela resposta… que não chegava.
Voltei a Portugal e visitei a superiora. Disse-me que me tinha escrito a dizer que não viesse, porque “o Fundador não gostava que se mudasse de congregação”. Por incrível que pareça, essa carta nunca chegou ao destino, nem antes de eu vir, nem depois. Foi mesmo a única carta que se perdeu nos 16 anos em que estive em África! Desígnios de Deus…
Passado quase um ano, receberam-me para fazer uma experiência. Vim.. e já cá estou há 39 anos. Claro que não foi muito fácil a adaptação, mas com a ajuda da MÃE fui ultrapassando as dificuldades e aqui estou, até que o Senhor queira.

Irmã Maria de Lourdes Mendes

 

Números

Mundo

Casas: 144

Membros: 2160

Portugal

Casas: 3

Membros: 48

Diocese

Casas: 1

Membros: 14

Mais nova: 43 anos

Mais velha: 93 anos

Média etária: 79 anos

 

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