Normalmente só costumamos fazer memória, achamos nós, às pessoas que são importantes ou então que foram bispos ou sacerdotes.
Hoje quero fazer memória a um simples cristão da Paróquia da Bidoeira de Cima que foi para mim um exemplo de vida, de serviço e de doação à sua comunidade paroquial. Estou a falar do Adelino Mendes, organista daquela comunidade e que faleceu no primeiro dia deste Ano Novo.
Ninguém de nós é perfeito. Contudo, todos nós somos grandes e importantes quando nos colocamos ao serviço dos outros, da comunidade paroquial e, neste caso bem concreto, na animação da liturgia eucarística. Foi assim que Jesus nos ensinou.
Várias e muitas vezes tive a graça de ir celebrar eucaristia à paróquia da Bidoeira de Cima. Uma comunidade viva, dinâmica e que procura viver a sua fé com alegria e com entusiasmo. Para isso, são muitos os que contribuem para, que as celebrações eucarísticas, sejam animadas e com vida. Não é só o sacerdote, que preside, que contribui para essa animação. É toda uma comunidade. Desde os leitores, acólitos, grupo coral, organista e toda a assembleia.
Sempre apreciei o grupo coral desta paróquia pelo facto de ter quase sempre um maestro dinâmico e que se mexia para a todos animar. E um organista que fazia toda a diferença para ajudar ao canto. E esse organista tinha um nome e que acaba de nos deixar. Obrigado, Adelino, por tudo o que fizeste pela tua comunidade paroquial. Estamos todos gratos e agradecidos ao teu contributo regular nas animações das eucaristias.
Todos conheciam a tua doença cancerosa que te foi limitando muito, à medida que o tempo avançava. Eram notórias as tuas dores e as tuas indisposições. Mas também era visível, o teu forte empenho em não desistires e não cruzares os braços. Fazias um esforço redobrado para te encheres de coragem e colocares-te às teclas do órgão e, assim, ajudar-nos ao belo canto que todos acompanhávamos.
Quase todos os domingos lá estavas na Eucaristia. Quando eu chegava para celebrar, confesso-te que olhava sempre para ti e perceber onde te irias sentar. Se estavas sentado nos bancos da Igreja era mau sinal. Sinal de que estavas mesmo mal e indisposto com os fortes tratamentos da quimioterapia. Quando te sentavas ao banco do órgão para tocares, dava graças a Deus e pedia-lhe que te fortalecesse durante a eucaristia para poderes tocar para todos nós. E assim foi durante várias vezes. Quase nunca deste parte fraco. Fazias um esforço medonho para cumprires a tua missão de organista.
Obrigado, meu querido amigo Adelino por toda a tua dedicação e serviço à comunidade, enquanto tiveste forças para isso. Obrigado à tua esposa que sempre te acompanhou como um anjo da guarda. Fostes fortes e determinados contra essa dolorosa doença. Nunca vos senti desanimados. Alguma desilusão por alguns problemas familiares, mas nunca desesperados.
Muitas vezes falei convosco. Fostes para mim um exemplo de vida, de luta, de determinação e de garra perante uma doença que avizinhava a morte. Partiste no primeiro dia do ano. Agora tocas eternamente as melodias de Deus junto d’Ele para sempre.
Partiste sem eu saber. Só soube hoje, quando tinha vontade de te enviar uma carta a saber de ti e da tua saúde, e quando o Pe. Jacinto me disse que foste a sepultar ontem. Chorei quando soube.
Antes de mais peço-te desculpa de não ter estado no teu funeral como tanto merecias e eu gostaria.
Quero agradecer-te do fundo do coração toda a tua vida e tudo aquilo que foste para todos nós.
Ficarás, para sempre no meu coração e amizade. E claro está, nas minhas orações.
Vai em Paz e que Deus te receba no Seu Reino.
Abraço eterno de quem sempre te estimou e procurou animar-te.
Descansa em paz, meu querido amigo.