Esta palavra, original, pode ser usada em dois sentidos: ser o primeiro, o que está na origem; ou o que é diferente, fora do comum. Usaremos estes dois sentidos nesta nossa conversa.
Comecemos com a “original” frase de Alexis Carrell: “Creio em Deus porque não sou tão crédulo que possa acreditar que Deus não existe.” Logo nos surpreende a primeira pergunta: “É Deus original?”. E ficamos admirados com a resposta: um rotundo “sim” e um “não”, também ele rotundo. Deus não é original porque não tem origem. É difícil de compreender, é misterioso. Nisto, sim, Deus é original, diferente, único. Nada nem ninguém é como Ele.
Outra pergunta se nos apresenta: “Qual é o interesse desta palavra original? Tem algo a ver connosco? A originalidade faz parte da natureza humana e por isso nos interessa. Aprofundemos um pouco mais com a ajuda de alguma história e raciocínio.
Acreditamos que Deus criou o universo e, em cada dia valorizava o que fazia: era bom. Era bom para o fim que tinha em mente: preparar o ambiente para receber o primeiro homem, como os pais preparam o quarto do primeiro filho. E tudo ali era novo, original. Surge aqui uma primeira pista: o original deve ser bom. Se fosse mau, não seria conveniente repeti-lo nem mantê-lo.
No último dia, Deus disse: “Façamos o Homem à nossa imagem e semelhança”. Assim surgiu Adão. Então, ao olhar para toda a criação, Deus achou que era tudo muito bom. A qualidade da criação melhorou com a criação do homem. É lógico, pois Adão era a criatura mais semelhante a Deus e a mais original, diferente de quanto tinha sido criado anteriormente. A originalidade de Adão vinha da sua semelhança com o Criador. Deus é Amor e Adão estava feito para amar. O primeiro amor de Adão foi Deus. Fazia o que Deus lhe dizia para fazer. Ao dar nomes a todos os animais que Deus fez passar à sua frente, Adão sentiu a falta de uma criatura semelhante a ele, alguém que também tivesse a capacidade de amar. Desta vez, Deus, servindo-se de algo que já existia, barro e a costela retirada do lado de Adão, criou Eva. Assim, a primeira mulher tinha a mesma dignidade que Adão, mas o seu corpo tinha uma pequena diferença. Os seus espíritos, as suas almas, já eram capazes de amar a Deus, mas Ele fê-los capazes de amar também com os seus corpos. Fê-los capazes de amar, mas também os fez livres. Esta qualidade de se ser livre é também uma originalidade. As únicas criaturas livres são os anjos e os homens.
Os anjos! Estão na origem da nossa história e sabemos tão pouco deles! Deviam servir e amar Deus, mas alguns revoltaram-se e, ao não
obedecer, passaram a odiar Deus. Isto pode acontecer também com os homens: quanto menos servimos Deus e os outros, mais odiamos. A inversa também é verdadeira: o nosso amor aumenta ao colaborar e ao servir.
Porém, não somos iguais aos anjos. O amor destes, ou o seu ódio, é exclusivamente espiritual e, portanto, permanente e eterno. Como o homem não tem só espírito, os seus sentimentos, de amor ou ódio, podem variar com a sensibilidade do corpo. Quando o demónio tentou Adão e Eva, se eles pecaram não foi devido a sofrimentos sensíveis, pois não tinham fome ao comer a maçã; podiam comer todos os outros frutos do Paraíso. Os seus corpos ainda não sofriam cansaço devido ao trabalho, nem frio, nem dores O seu pecado foi exclusivamente espiritual: quererem ser como Deus. Foi um pecado de soberba, não de fraqueza. Eva foi tentada pelo demónio e ela, por sua vez, tentou Adão. O pecado contagia, mas a virtude também. Esta é uma boa notícia, mas fica aquém da realidade: o bem é mais forte e duradouro que o pecado. A criação permanece por ser muito boa, mas está diferente. Já não é o paraíso em que tudo estava em harmonia. No entanto, Deus continuou a ser “aquele que é”, Amor, e prometeu que enviaria um Salvador, o seu Filho, Jesus.
Podemos concluir com algumas sugestões para sermos originais:
1ª) Acreditar em Deus é seguro e muito original nos tempos que correm.
2ª) Ensinar a verdade aos filhos, netos, alunos. Protegê-los de informações desnecessárias e perniciosas. Os pais originais só devem oferecer i-phones aos filhos que já conseguem dominar a curiosidade.
3ª) É muito original não interromper o trabalho, a conversa, o tempo de descanso com a família… para atender mensagens que nos chegas a cada instante.
4ª) Transmitir apenas mensagens vindas de fontes seguras. Evitar ser transmissor de notíocias falsas.
5ª) Afastar-se das notícias que comovem, revoltam ou amedrontam, porque as emoções turvam a mente e podem desviar a atenção das obrigações.
6º) Partilhe as suas boas ideias para ser original.