No princípio da sua história medieva, Leiria era território ermo e sem senhorio…
Nessa paisagem despovoada, para além das cumeeiras serranas de Candeeiros e de Aire, na bacia hidrográfica do Lis, espraiavam-se as paisagens de floresta, denso matagal e extensos pauis. Em certos pontos desses terrenos selvagens, pontilhavam algumas ruínas de um passado distante, abandonado e perdido, o dos séculos antigos em que a urbe de Collipo, erguida entre as belas colinas de S. Sebastião de Freixo e do Palácio de Randufo, junto às veigas férteis dos rios Leirena e do Heirena — sábio mote que Rodrigues Lobo, o mais nobilíssimo vate das letras leirenenses, retomaria para os baptizar de Lis e Lena — fora sede de municipium e de libertos, tanto quanto pólo aglutinador de um povoamento que procurava na exploração da terra e do subsolo riqueza e proveitoso comércio.V