Caros diocesanos,
Neste triénio pastoral dedicado à Eucaristia, a celebração da solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, a festa do Corpo de Deus, como também lhe chamamos, tem um particular significado. Com efeito, nela se põe em realce o mistério da presença e do dom de Jesus Cristo vivo na Eucaristia e se manifesta a nossa fé, amor e adoração não apenas na celebração litúrgica, mas também na manifestação pública mediante a procissão e o louvor ao Santíssimo Sacramento que caminha connosco e nos envolve na sua própria história de amor. A Eucaristia une-nos a todos à volta da mesa do Senhor. Mas o próprio Senhor envia-nos ao mundo para sermos testemunhas de uma humanidade fraterna, capaz de partir e repartir o pão com os que não o têm.
Este ano, devido à pandemia, não podemos fazer a celebração diocesana como é habitual, com a missa e a procissão eucarística na cidade de Leiria. Mas nem por isso deixaremos de celebrar e viver a solenidade com a devida fé e devoção para com o Senhor. Peço aos sacerdotes e responsáveis de comunidades, incluindo as de religiosos e religiosas e outras, que se empenham, da melhor forma de que forem capazes e tenham inspiração, para proporcionar aos fiéis vários meios litúrgicos e espirituais para essa vivência. Sem prejuízo de outros meios que entendam pertinentes, apresento as seguintes sugestões, a concretizar conforme as possibilidades locais:
- Eucaristia: cuidar com especial esmero e envolvimento de vários ministérios na sua fervorosa celebração comunitária, especialmente nas igrejas paroquiais e no Santuário de Fátima. No final, pode prolongar-se um pouco mais com uma breve adoração ao Santíssimo e procissão no interior da igreja apenas com os ministros, como se faz na Quinta-feira santa.
- Adoração eucarística: nos dias anteriores, no próprio dia ou nos seguintes. Podem usar-se as propostas sob o exemplo de S. Francisco Marto, para crianças, jovens e adultos, já enviadas e disponíveis no sítio da Diocese na internet.
- Manter as igrejas abertas e incentivar a visita e adoração pessoal ao Santíssimo Sacramento: na solenidade do Corpo de Deus e noutros dias. Usar alguma pedagogia para instruir os fiéis e disponibilizar textos e instrumentos úteis a essa prática, que pode ser feita também em família ou em grupo.
Aproveito também a ocasião para sugerir que, na medida do possível, se inclua na preparação para a primeira comunhão das crianças, da profissão de fé e do crisma, a iniciação oportuna e experiência da adoração eucarística.
Com o melhor zelo apostólico e pastoral, celebremos esta solenidade e cultivemos um amor irradiante a Jesus na Eucaristia. Lembro a este propósito o precioso testemunho que nos deixou o papa S. João Paulo II, como referi na carta pastoral “A Eucaristia, encontro e comunhão com Cristo e com os irmãos” (n. 11): “Para viver da Eucaristia é preciso consumir tempo em adoração diante do Santíssimo Sacramento, experiência que eu mesmo faço todos os dias tirando daí força, consolação e sustento”. É nessa relação íntima com o Senhor que obtemos para a vida quotidiana confiança, amor ao próximo, inspiração e esperança.
Agradecendo desde já o vosso testemunho e empenho, envio-vos os meus afetuosos cumprimentos de bispo e irmão.
Leiria, 21 de maio de 2021.
† Cardeal António Marto, Bispo de Leiria-Fátima
