Seria impensável há um ano a esta parte, testemunhar como a comunidade onde vivo se retirou do meio social. Deixou de haver encontros, convívios, visitas, ou até o simples passeio.
Toda esta nova maneira de viver mesmo que seja temporária tem um nome “responsabilidade social”, em prol do contágio da pandemia que assola toda a sociedade.
No domingo saí “protegido” como mandam as normas e entrei na igreja paroquial que em tempos normais seria hora da eucaristia dominical.
A primeira sensação foi de tristeza e também de saudade. Tristeza porque o templo estava sem luz e o ambiente era frio, sentia-se a humidade. Aquela hora seria o momento da comunidade estar reunida com cânticos de louvor, haveria mais calor humano, mais luz, aproximação e encontro onde todos se sentem como uma grande Família em redor da mesa da Palavra e da mesa onde se reparte o Pão Eucarístico, momentos pelos quais somos convocados para participar.
Mas não, não estava lá mais ninguém. Agarrei a folha que estava na entrada, li a reflexão feita pelo nosso pároco. As primeiras linhas sintetizavam tudo o que eu estava a sentir “Continuamos separados pelo espaço, mas seguramente próximos pelo espirito: longe da mão, mais perto do coração”
Fui até à Capela do Santíssimo e ali, reflecti com mais profundidade as leituras do dia. Tendo já assistido à transmissão da Eucaristia presidida pelo nosso Bispo, cheguei á conclusão que não estava só naquele espaço, havia mais irmãos reunidos naquela hora em nome do mesmo Senhor que ali está e espera por todos, para nos dar coragem e esperança nos momentos de desânimo e desconforto e nos diz: Não temas, Eu estou e caminho contigo.
Foi neste profundo silêncio que eu percebi a mensagem ali deixada.