No final do ano 2018: convidados a percorrer caminhos promissores de futuro

 

Homilia de final de Ano

 

 

No final do ano 2018: convidados a percorrer caminhos promissores de futuro

 

† António Marto

 

Santuário de Fátima, 31 de dezembro de 2018

Refª.: CE2018B-012

 

No final do ano civil encontramo-nos todos, mais uma vez, aqui reunidos em ação de graças a Deus, Senhor do tempo e da história, em sintonia com as leituras da Palavra. Queremos agradecer-Lhe todos os dons concedidos a cada um de nós, às nossas famílias, à Igreja e à humanidade; pedir-Lhe perdão pelas nossas infidelidades e invocar a sua misericórdia sobre o nosso mundo dilacerado por tantas formas de violência e de guerra a fim de que os homens tenham vida verdadeira e justa.

Neste contexto de ação de graças desejaria evocar, apenas e brevemente, alguns momentos de maior importância para a nossa Igreja diocesana, para a Igreja universal e para o Santuário de Fátima ao longo deste ano e que nos apontam caminhos promissores de futuro.

 

1. A celebração do centenário da restauração da nossa diocese de Leiria-Fátima ao longo do ano pastoral findo foi um verdadeiro e forte momento de graça. De vários modos e em diferentes ocasiões, vivemos com empenho e entusiasmo a experiência da alegria de ser Igreja do Senhor, em saída ao encontro das periferias humanas e existenciais para levar a todos a alegria do Evangelho. Das várias iniciativas destaco a celebração solene da data centenária, na catedral de Leiria a 17 de janeiro, a peregrinação das diversas vigararias à catedral como Igreja mãe, a semana da diocese em cada paróquia, o congresso sobre a história da diocese, a festa da fé na cidade, as jornadas teológico-pastorais em ordem a perspetivar caminhos futuros. Verificámos que toda diocese se sentiu envolvida e participativa, que se manifestou um gosto de pertença afetiva e efetiva à Igreja.

 

2. Nesta sequência, iniciámos um novo biénio pastoral dedicado aos jovens com todas as suas novidades e anseios e em sintonia com o sínodo dos bispos sobre o mesmo tema: “Jovens, fé e vocação”. É uma questão vital para a Igreja e para a sociedade. Todos vamos tomando consciência de que estamos a viver uma mudança de época – não apenas época de mudanças – com novas oportunidades e novos riscos; e também de que os jovens de hoje vivem a sua condição num mundo muito diferente da geração dos seus pais e educadores.

Perante as suas dificuldades face ao futuro e certa apatia de muitos em relação à fé, nós temos de encontrar novos caminhos e novas linguagens que falem à sua vida e ao seu coração: que sejam capazes de os ajudar a abrir-se a projetos e ideais bons e belos para eles próprios e para  o mundo, a comprometer-se com causas boas de serviço aos outros, a despertar para a fé, a descobrir a vocação ao amor verdadeiro e o sentido da afetividade. Ainda há muitos jovens que dizem “Queremos ver Jesus”; mas pertence aos adultos transmitir esta boa notícia. Será bom interrogarmo-nos: Não seremos nós adultos os primeiros responsáveis de gerações incrédulas que defrontam hoje a vida?

 

3. O Santuário de Fátima iniciou um novo ano pastoral sob o lema “Dar graças a Deus por peregrinar em Igreja”. A mensagem de Fátima e a pastoral do Santuário oferecem a oportunidade de fazer experiência desta dimensão da Igreja que “prossegue a sua peregrinação entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus”. 

Igreja peregrina na história significaque vai a caminho, mas não vive ainda no estado de plenitude e por isso precisa sempre de purificação e conversão ao evangelho; que caminha solidária com as alegrias e dores da humanidade como boa samaritana. Neste momento apraz-me anunciar-vos que o Santuário oferece desde já um primeiro contributo de 15 mil euros como apoio solidário às populações atingidas pelo tsunami na Indonésia.

Na perspetiva acima referida assume particular relevo a peregrinação. “Ao longo de todos estes cem anos, a peregrinação a Fátima revitalizou a fé de muitos crentes cansados, suscitou a conversão de muitos corações endurecidos, reafirmou a pertença eclesial de muitos batizados desorientados, tornou possível que muitos indiferentes redescobrissem o Evangelho, suscitou uma religiosidade que plasmou a vida de grande parte do nosso povo. As peregrinações a nível individual e comunitário têm sido experiências de Deus e ocasiões para o louvor, estímulo para nos abrirmos à sua vontade e para a realização da nossa conversão permanente”.

 

4. Nesta sequência não posso deixar de sublinhar a importância, a atualidade e a beleza da exortação apostólica do Papa Francisco “Alegrai-vos e exultai” sobre o chamamento à santidade no mundo atual. 

Esta santidade não é nada de extraordinário. É simples, está ao alcance de todos, vive-se no meio do mundo na vida normal de cada dia. É santidade popular acessível a todos, santidade do quotidiano que podemos ver nos “santos da porta ao lado”, ao nosso lado, “santos da rua” em que vivemos ou passamos.  Consiste em pôr Deus no centro da nossa vida, em sair dos nossos egoísmos, em viver as circunstâncias da nossa vida exercendo o amor de Deus e a fraternidade do próximo, segundo as bem-aventuranças. 

O Papa apresenta a santidade como “o rosto mais belo da Igreja” e base espiritual da reforma que ela necessita.Esta é a renovação da Igreja que Deus quer e o Papa nos pede. Sem ela, nenhuma reforma poderá renovar a vida da Igreja.

 

5. Por fim aceno à mensagem do Papa Francisco para o dia mundial da paz sob o título: “A boa política ao serviço da paz”. Reveste urgente atualidade. As 20 guerras localizadas de intensa gravidade e os 378 conflitos violentos e armados espalhados pelo mundo mostram que a política, mundial e local, não está a ser boa, não está de boa saúde. 

Não há paz sem uma boa política. Apresentar a política como um serviço à paz é dar a esta responsabilidade uma dignidade e visão, num contexto mundial e local onde a política parece cada vez mais desqualificada e até desprezada.

A mensagem dirige-se a todas as pessoas inquietas sejam cidadãos ou exerçam um mandato. A responsabilidade pela paz diz respeito a todos. Não se constrói só com cimeiras políticas, a partir de cima. Devemos construí-la todos juntos como cidadãos, a partir de baixo,com a palavra, o diálogo, a salvaguarda do direito, a reconciliação; uma paz a viver como relação de respeito para com o próximo, para com os mais frágeis e pobres e para com o planeta que é a nossa casa comum.

Uma particular responsabilidade pesa sobre os eleitos em ordem a viver a política como uma missão recebida, um serviço a cumprir e não como exercício de um poder ao serviço do próprio interesse ou de interesses dos mais fortes.

Na perspetiva da elaboração da boa política o Papa denuncia os vícios que desfiguram o rosto da política e tiram a credibilidade aos seus atores, que são a vergonha da vida pública e levam à morte da autêntica democracia e da paz socialtais como: a corrupção nas suas múltiplas formas, a negação do direito, o enriquecimento ilegal, o não respeito das regras da comunidade, todo o abuso do poder, a xenofobia e o racismo, a instrumentalização das pessoas e dos seus medos, os atentados à natureza e a exploração ilimitada dos recursos naturais, o desprezo dos migrantes e refugiados.

Por outro lado, o Papa apela ao testemunho das virtudesdos atores políticos apresentando-as em forma de “as bem-aventuranças do político”:

Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.

Bem-aventurado o político cuja pessoa espelha a credibilidade.

Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.

Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.

Bem-aventurado o político que realiza a unidade.

Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.

Bem-aventurado o político que sabe escutar.

Bem-aventurado o político que não tem medo.

A Mãe de Deus, em cujo nome começaremos amanhã uma nova etapa da nossa peregrinação terrena, nos ensine a acolher o Deus feito homem, para que cada ano, mês e dia esteja repleto do seu Amor e da sua Paz. Abençoado Ano 2019!

 

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