Foi no dia 25 de abril que os Samaritanos foram anunciar Cristo ressuscitado aos nossos irmãos reclusos. Um mero acaso a escolha do dia 25, mas uma coincidência engraçada, no dia da liberdade fomos anunciar que Cristo nos libertou.
Foi um dia planeado com muito entusiasmo, afinal seria a primeira grande celebração após dois difíceis anos de pandemia. E foi neste contexto, de fazer face à pandemia, que nos foi imposto um duro afastamento dos reclusos, por sua vez já tão afastados do mundo. A atividade dos Samaritanos tem sido retomada aos poucos, mas a celebração da Páscoa, sem dúvida, que representou um momento alto da nossa missão.
Queremos partilhar resumidamente a nossa ida às duas prisões de Leiria. De manhã fomos à “prisão-escola”, conseguimos ir a cinco blocos prisionais, cada um com características diferentes. Os Samaritanos são caracterizados pela sua adaptabilidade, deste modo, onde foi possível reunimo-nos com os reclusos no refeitório. Anunciámos Cristo Ressuscitado que nos abençoa com a sua paz, e desafiamos cada um a fazer a escolher atitudes que promovam a paz. O prémio Nobel da paz já distinguiu várias pessoas pelo seu percurso de paz, inclusive, pessoas que também estiveram presas, então um dia poderão ser eles mesmos o exemplo da paz. Um caminho começa sempre com um primeiro passo. Deixámos no coração dos reclusos a palavra de Deus “a paz esteja convosco! Assim como o pai me enviou também eu vos envio a vós! (Jo 20, 22).
Amêndoas, caneta, postal com Cristo ressuscitado e um desdobrável com a oração pascal foram o pequeno “folar” entregue a todos os reclusos.
À tarde fomos à “prisão regional”, mais uma vez os Samaritanos adaptaram-se à especificidade desta prisão, as realidades dos dois estabelecimentos prisionais são muito distintas. Na “regional”, é assim que chamamos entre Samaritanos, iniciámos com a Eucaristia. Foi necessário o capelão e outro Samaritano irem ao encontro dos reclusos nos seus espaços, motivá-los, dar a conhecer a nossa missão. A capela ficou cheia. Depois seguiu-se o momento de ir cela a cela distribuir o “folar” a cada um. É um momento que nos enche o coração, estar lado a lado com o reclusos, sem receios, levar-lhe a humanidade de Cristo e a esperança. Sentimos que Cristo também vive no coração de cada recluso que o acolhe.
E foi assim, de coração cheio, que viemos embora, mas também com novos desafios: precisamos de mais voluntários sobretudo com disponibilidade durante a semana; precisamos de bens (ou donativos) para continuar a dar roupa, calçado e material necessário para as atividades com os reclusos; precisamos de chegar ao coração dos guardas prisionais, que cuidam 24h dos reclusos, mas que revelam a sua exaustão face ao seu trabalho.
Que a força de Cristo ressuscitado nos ajude a ultrapassar estes desafios!