O bispo da diocese de Leiria-Fátima, o Cardeal D. António Marto, presidiu à Missa do Domingo de Ramos, na Basílica da Santíssima Trindade. Numa celebração em que os peregrinos foram convidados a trazer os seus próprios ramos, o prelado falou deste dia, que introduz a Semana Santa e no qual “somos convidados a celebrar e a vivenciar os mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus”.
Cumprindo as recomendações e medidas de contingência em vigor, consequência da pandemia por Covid-19, a bênção e a procissão dos Ramos foi feita de forma simbólica. D António Marto considera que esse ato faz uma associação com “aqueles que em festa acolheram o Senhor Jesus na cidade de Jerusalém como Rei da mansidão, do amor da justiça e da paz”.
Neste sentido “Jesus entra na cidade num jumentinho, e não ia escoltado, como costumam fazer os poderosos do mundo”, recordou.
“Para nós, estes gestos da bênção dos Ramos e da procissão simbólica que fizemos são uma expressão de fé e queremos com isso aclamar Jesus ressuscitado e vivo, que hoje quer entrar na nossa cidade, nas nossas casas, no nosso coração, na nossa vida, na nossa família, no nosso lugar de trabalho e de lazer, no nosso mundo, com o seu e a sua paz”, disse o bispo de Leiria-Fátima.
Ao aclamar «Bendito és tu Senhor que chegais à minha vida», cada um deverá interrogar-se, “quero receber Jesus como Senhor da minha vida? Quero abrir-Lhe as portas do meu coração? Quero levar a sua paz, simbolizada nos Ramos?”.
Na liturgia de hoje “ouvimos a Paixão do Senhor, que em determinados momentos provoca arrepios, e o que é que esta narração acrescenta à festa dos Ramos?”, questionou o Cardeal, esclarecendo que Jesus “quer entrar no nosso mundo com toda a história da Sua Paixão por nós e estamos envolvidos, não somos espectadores à distância”.
“Jesus diz-nos como disse aos discípulos, «vigiai e orai», não podemos ser cristãos adormecidos, não se pode dormir durante este tempo”, alertou D. António Marto.
As palavras escutadas na narração da Paixão do Senhor, “não são um relato, que conta a história de Jesus e dos outros que ali estiveram presentes, nesta história da Paixão de Jesus estamos lá nós, está a nossa vida, o evangelho fala de mim, de ti e de cada um de nós, e fala para mim, para ti e para cada um de nós”.
“É nessa atitude que temos de nos colocar”, reiterou, pois, “a Paixão de Cristo, é a história da Paixão e da Compaixão de Deus pela humanidade, para nos dizer que só este amor sem limites, entregue até ao extremo, nos redime e salva o mundo”.
A proclamação da Paixão “deve ressoar no nosso coração como um convite a peregrinar às fontes do amor e da fé acompanhando Jesus até à Cruz e à Ressurreição”.
D. António Marto considera que será bom que cada um se interrogue, acerca da sua identidade e da forma como se coloca diante de Jesus na sua Paixão.
“Sou porventura como os discípulos, que não entendiam e adormeceram quando Jesus pediu «vigiai e orai»? Sou como os que fugiram por cobardia, ou por medo? Voltei as costas e desviei o olhar quando Ele se apresentou com o rosto desfigurado, na pessoa do irmão sofredor, abandonado, excluído e necessitado? Coloco-me como Judas que o atraiçoa e deixo me cair no desespero? Ou coloco-me como Pedro que nega e renega a Jesus, mas reconhece as suas fraquezas, o seu próprio pecado? Deixo a porta aberta para o perdão do Senhor? Consideramos que Jesus morreu sem mais? Ou deixamo-nos tocar pela Sua morte e abrimo-nos à Sua ressurreição? Onde está o meu coração?”, questionou o prelado.
“Senhor Jesus deixei-me enganar e com muitas mentiras, também eu te abandonei, fugi do Teu amor, esqueci-te, passei ao lado sem olhar para Ti, mas agora estou aqui novamente, para renovar a minha aliança contigo, preciso de Ti, resgata-me de novo Senhor, aceita-me e acolhe-me, mais uma vez nos teus braços redentores e ajoelhado aos pés da Cruz, juntamente com Maria, digo, oh Cruz bendita só tu nos abristes os braços, Jesus, o Redentor. Cruz do Senhor, Cruz do amor és a única esperança no tempo da tristeza e da paixão aumenta em nós e em todos os Cristãos a luz da fé e sê para todos os homens o sinal da esperança e da paz”, concluiu.
A Cova da Iria liga-se ao mundo inteiro para permitir que todos os que queiram possam estar unidos a Fátima
No final da celebração, D. António Marto, falou das restrições em vigor e que resultam numa Páscoa vivida de forma diferente, mas ainda assim não deixa de ser um momento vivido com “fraternidade” apesar da distância. O prelado, deixou a habitual saudação aos “amiguitos e amiguitas”, mas desta vez falou também aos mais idosos e doentes, que afirma ter presentes no seu coração e na sua oração.
Em abril de 2020, D. António Marto presidiu à missa do Domingo de Ramos na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima que aconteceu pela primeira vez sem a presença física de fiéis.
Este ano, e apesar de todas as celebrações serem abertas à participação de todos os fiéis, em particular os residentes no concelho de Ourém, a Cova da Iria liga-se ao mundo inteiro para permitir que todos os que queiram possam estar unidos a Fátima naquele que é o tempo mais importante e simbólico da vivência cristã.
As celebrações transmitidas online, a partir da Basílica da Santíssima Trindade, terão interpretação em Língua Gestual Portuguesa: a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa às 18h00; a Paixão, na Sexta-feira Santa, às 15h00; a Vigília Pascal, no Sábado Santo, às 22h00 e a Missa de Páscoa, no Domingo às 11h00.