Maria em espera
O que acreditamos é o que queremos, aquilo por que ansiamos e pelo qual lutamos. Conscientemente ou não, os desejos que temos, o sentido de vida e o caminho que percorremos, vão dar àquilo que é tesouro do coração.
Um egoísta concentra-se em si mesmo. Ainda que o seu olhar passe pelos outros, a profundidade e os fins de suas ações, embora possam parecer altruistas, não se dirigem senão a si mesmas, buscando e sentindo consolo no que faz. Quer consolação pessoal e para tal “serve-se” da ideia de fazer bem aos demais. Verdade que pode ter feito muito bem, mas fê-lo em autorrealização.
Um altruísta, aquele que sai de si para encontrar a felicidade dos outros, não busca realização pessoal, o que faz fá-lo com o sentido dos outros, mais ainda, com o sentido de Deus. Não se buscando a si mesmo, acaba por encontrar uma realização e felicidade interiores muitos maiores que aquelas que alcança atua a pensar em si mesmo. A verdadeira felicidade está, de facto e sem dúvida, no facto que fazermos que os outros sejam felizes.
Claro que é preciso estar-se atento e fazer da entrega de si mesmo um ato contínuo, tanto quanto o permitirem as nossas limitações e amor próprio. Fazer pelo outro é já largo caminho para se alcançar aquela felicidade por que profundamente se anseia. Fazer por Deus é caminho de perfeição, o único que realmente pode conduzir a esse estado de plena harmonia interior. Não, humanamente não se consegue, por isso o Céu começa a acontecer nesta vida, mas só se alcança após a morte.
Depois deste longo preâmbulo, talvez possamos entender um pouquinho mais o amor com que Maria se confiou à vontade de Deus: Ela, mais que ninguém, e isso recebeu-o de seus pais e como graça de Deus, ansiava a libertação, a salvação, da humanidade. tendo sido criada, sem o saber, isenta de qualquer mancha de pecado, vivia, por graça de Deus, em estado de perfeição, sendo a sua vida uma plena oferta de si mesma pela salvação de cada pessoa das garras da morte. Por especial dom de Deus esta salva e, naturalmente, queria (quer) a salvação de todos. Mais que qualquer um de nós, mais que todos nós juntos, esperou, ansiou e, por isso, Nela se realizou e aconteceu a salvação do género humano.