O 160.º aniversário de Baden-Powell (BP), o Centenário das Aparições de Fátima, a proximidade do 21.º Acampamento Nacional e os 25 anos do Agrupamento de Caxarias, foram os quatro motivos que juntaram nesta paróquia cerca de 2.100 escuteiros da Diocese de Leiria-Fátima e muitas centenas de familiares e amigos.
A palavra “festa” foi, por isso, das mais usadas neste dia 19 de fevereiro. O PRESENTE esteve lá e terá, também, de usar esta palavra muitas vezes para contar o que se passou.
Luís Miguel Ferraz
Sob o tema “Em Festa com BP” e com o lema “a festa das festas”, o passado domingo 19 de fevereiro foi especialmente cheio de motivos de alegria para mais de 2.100 membros do Corpo Nacional de Escutas da Região de Leiria, a que se juntaram cerca de 600 pais e outros familiares e amigos.
O primeiro motivo era o aniversário de Robert Baden-Powell, fundador do escutismo que nasceu a 22 de fevereiro de 1857 e que dá o mote a este Dia de BP celebrado anualmente por todo o mundo em redor desta data.
Na Diocese de Leiria-Fátima, em ano de Centenário das Aparições de Fátima, também esta efeméride não poderia ficar esquecida, pelo que Nossa Senhora esteve bem presente no imaginário e nas atividades do dia.
Pela proximidade do 23.º Acampamento Nacional (ver abaixo), a motivação e preparação para esse grande evento foi o terceiro motivo da festa, na perspetiva da participação de cerca de 1.500 escuteiros da região de Leiria.
Por fim, foram festejados os aniversários dos Agrupamentos presentes, em especial as Bodas de Prata do 1078 Caxarias, motivo pelo qual foi escolhida esta paróquia para a iniciativa, tal como já tinha sido há 25 anos, no ano da sua fundação.
Coração cheio de paz
O dia começou bem cedo, com os primeiros escuteiros a chegar pelas 08h30, e a primeira atividade, uma hora depois, foi a Festa da Eucaristia, presidida por D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima. Foi talvez o momento de maior participação, com o pavilhão desportivo da escola local a abarrotar, incluindo com representantes de autarquias e outras entidades locais.
O Bispo aproveitou para saudar todos os presentes, deixando-se contagiar pela alegria, dinamismo e juventude que inundava o espaço. Referindo vários valores que identificam este movimento e todos os cristãos em geral, foi sobretudo a paz o que mais frisou. A propósito das leituras deste domingo, com a mensagem de amor ao próximo e aos inimigos, D. António Marto lembrou que são ainda muitos os cenários de ódio e violência que marcam a atualidade, não apenas a nível global, mas na vida concreta do dia a dia das pessoas, em ambientes que deveriam ser de amor e de harmonia, como o namoro e o casamento, a festa e o desporto, o trabalho e a escola. Concretamente neste último, sendo a assembleia maioritariamente de crianças, adolescente e jovens, o Bispo apelou à denúncia e recusa dos fenómenos de violência em ambiente escolar, usualmente denominados por “bullying”. Uma tarefa que se cumpre pela “pacificação do coração” e pelo “combate do mal com o bem”, de um modo “ativo e criativo” perante as situações concretas com que cada cristão se depara.
Um dia cheio de vida
Após a Eucaristia, a festa continuou, com atividades em vários postos espalhados pela vila, até cerca das 16h00 (ver abaixo). Cerca de duas centenas de familiares e algumas pessoas da localidade aceitaram o convite a juntar-se nessas dinâmicas, podendo comprovar o espírito e o dinamismo que anima os jovens deste movimento católico.
“Superou todas as nossas expectativas”, comentava o Panda Astuto. Trata-se de Pedro Ascenso, chefe regional do CNE de Leiria, visivelmente satisfeito com o modo como decorreu este “dia cheio de vida”, não apenas pela numerosa participação, “a quase totalidade dos 2.400 escuteiros da Diocese”, mas também pela “alegria, interesse e adesão fantástica de todos os participantes às atividades propostas”. E “até o bom tempo ajudou, com um sol magnífico a pontuar o dia”.
Cerca de duas dezenas de escuteiros com quem íamos falando ratificavam essa opinião. “Fixe”, “altamente”, “divertido”, “interessante” e, claro, “festa”, foram algumas das palavras usadas para classificar o dia, em que é muito apreciado também o convívio com colegas de outras paróquias e o reencontro de amigos feitos em atividades passadas.
Como há sempre alguma coisa que não corre tão bem, ouvimos aqui e ali alguns comentarem que as atividades eram mais dirigidas a Lobitos e Exploradores e teria sido melhor haver propostas diferentes para Pioneiros e Caminheiros. Isto é, além das dinâmicas mais “infantis”, diferenciar as atividades para os mais velhos. Fica a sugestão, porque para o ano haverá outro Dia de BP…
Bolo para um exército
Como em qualquer festa, sobretudo com tantos aniversários, era indispensável um bolo. Assim, ao final da tarde, todos se reuniram em redor da mesa… e lá estava ele: um salame gigante, como tudo nesta festa, enchia um ringue exterior, medindo “apenas” 108,70 metros (ver abaixo). Sim, deu e sobrou para os quase 3.000 presentes, pois já estavam a chegar mais pais com os necessários meios de transporte para o regresso dos filhos.
Após o canto de parabéns e a merenda, o pavilhão voltou a encher-se para a sessão de encerramento. Houve apresentação em filme da história do Agrupamento aniversariante de Caxarias e a distinção de algumas das pessoas que ajudaram a construir essa história. Houve discursos de chefes nacionais e regionais, onde a palavra de ordem foi “sair com vontade de mudar o mundo”, como se de um “exército do bem” se tratasse.
Dissemos que Nossa Senhora esteve presente no imaginário. E foi virados para a sua imagem, em destaque no palco, que todos terminaram este dia, em oração. Sem ser preciso mandar calar ninguém, foi o único momento da sessão em que não se ouviu um único barulho, uma única conversa paralela, um único som dissonante das palavras da Ave Maria. A prova de que o silêncio também pode fazer parte da festa.
Atividades temáticas
O imaginário das quatro festas foi desenvolvido em múltiplas atividades, em quatro postos temáticos: Festa de BP, Festa das Aparições, Festa do Acanac e Festa dos Agrupamentos. Em cada um deles eram propostas quatro dinâmicas: exposição, animação, realização e partilha. Ao todo, foram 16 dinâmicas a acontecer em simultâneo, participadas por escuteiros, pais e amigos e comunidade local.
Em paralelo, foram sendo confecionadas várias partes do salame gigante, enquanto cada escuteiro construiu também uma pirâmide em origami, ilustrada com os quatro temas festivos, para trocar com um colego no final do dia. Funcionaram, ainda, um mercadito internacional, um Cenáculo com Caminheiros e uma tenda de venda de material escutista.
A terminar, um jogo ambiental mediu a “pegada ecológica” deste dia, cifrada em 170 kg de material recolhido para reciclagem. O Agrupamento da Bidoeira foi o vencedor nesta balança.
Salame gigante
Media 108,70 metros o salame feito nesta atividade. Levou mais de 100 kg de bolachas, 50 kg de açúcar, 50 kg de chocolate e 500 ovos. E não foram precisas pastelarias, pois foram centenas de escuteiros, dirigentes, pais e amigos a pôr as mãos à obra. A maior parte foi mesmo confecionada num dos postos de atividade deste dia. Comprovámos e provámos que estava delicioso.
“É o maior do mundo”, garante o chefe regional, Pedro Ascenso, que irá remeter o facto à análise da organização do Livro dos Recordes do Guiness. Já o registo será outra história, pois “calculo que seja necessário pagar bom dinheiro”, que é coisa necessária para outras atividades do escutismo.
O que é o CNE
O Corpo Nacional de Escutas é a maior associação juvenil portuguesa, inserida e enquadrada no maior movimento juvenil mundial. Em Portugal, conta com um efetivo de cerca de 60 mil jovens e 13 mil adultos.
É uma associação de juventude sem fins lucrativos, não política e não-governamental, destinada à formação integral de jovens dos 6 aos 22 anos de idade, baseado na adesão voluntária a um quadro de valores expressos na Promessa e Lei escutistas, através de um método original que permite a cada jovem ser protagonista do seu próprio crescimento, para que se sinta plenamente realizado e desempenhe um papel construtivo na sociedade. Está implantado através de mais de 1.100 agrupamentos locais e estruturas intermédias espalhados por todo o continente e regiões autónomas.
ACANAC 2017
O Acanac é o acampamento nacional do Corpo Nacional de Escutas que acontece, em regra, de quatro em quatro anos. O primeiro aconteceu em 1926, em Aljubarrota, na Diocese de Leiria, e durou 9 dias.
Desde 1926, já se realizaram 22 acampamentos nacionais. Os dois últimos foram realizados no Campo Nacional de Atividades Escutistas de Idanha-a-Nova (CNAE), onde decorrerá também esta 23.ª edição. O último registou a maior participação de sempre, envolvendo um total de 17 mil escuteiros e cerca de 1.000 adultos voluntários.
Neste ano de 2017, espera-se ultrapassar os 20 mil participantes na atividade, a decorrer de 30 de julho a 6 de agosto. O lema será “Abraçar o Mundo” e visa sensibilizar os jovens para o cuidado a ter com esta Casa Comum, contribuindo ativamente para a preservação e renovação do Planeta. Estarão em destaque, não apenas os temas naturais e ambientais, mas também o bom “clima humano” na Terra, com a necessária erradicação de problemas como a pobreza, a fome, a doença, a guerra, a injustiça social e económica e todas as “desigualdades” que ameaçam um futuro saudável e feliz.