Lectio divina para o XXX domingo do tempo comum, ano A (25/10/2020)

Preparemo-nos com a leitura orante da palavra de Deus, pessoalmente, em família ou em grupo, para participarmos mais frutuosamente na Eucaristia dominical.
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Comunidade cristã é missionária por irradiação e atração

Muitas das nossas comunidades cristãs, nomeadamente as paróquias, estão a diminuir em número de fiéis e, frequentemente, também em vitalidade. Mantêm os costumes e as tradições religiosas, mas parecem não ser capazes de comunicar a fé a outros e nem mesmo às novas gerações. A rotina tomou conta delas, faltando-lhes ardor, zelo, entusiasmo e criatividade na vivência e irradiação dos valores cristãos e da força transformadora da fé, na vida pessoal, familiar e social. São mais conservadoras do que geradoras de vida nova. O que se passa então? Como regenerar a fé cristã nos corações das pessoas e suscitar dinamismo missionário às famílias e comunidades, tornando-as mais irradiantes e atraentes? Uma fogueira atrai pela luz e calor que irradia. Assim deve acontecer com cada comunidade cristã, para ser missionária. Preparemo-nos com a leitura orante da palavra de Deus, pessoalmente, em família ou em grupo, para participarmos mais frutuosamente na Eucaristia dominical.

1. Invocação

Senhor Jesus, damos-te graças pelo dom do Evangelho a cada um de nós, à nossa família e à nossa comunidade cristã. Seja ele fonte de vida e de amor, de fé e de esperança.

Com a força do Espírito Santo, torna-nos capazes de testemunhar e comunicar a outros o dom e a alegria que de ti recebemos.

 Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos escutar a carta S. Paulo à comunidade cristã de Tessalónica. Depois de saudar a Igreja presente nesta cidade e de dar graças pela ação de Deus nela, o Apóstolo recorda as circunstâncias em que o Evangelho foi anunciado e como aqueles cristãos o acolheram com alegria. Mais, vivem-no com tal entusiasmo que se tornaram missionários, imitando Paulo no testemunho e comunicação da fé a outros. Muitos puderam assim receber o mesmo dom da fé em Deus e da esperança em Cristo. O tom da carta é de franco elogio àqueles cristãos pela vitalidade da sua fé em Deus.

2.2. Leitura da Primeira carta de S. Paulo aos Tessalonicenses (1, 5b-10)

Vós sabeis como estivemos entre vós para vosso bem. 
Vós fizestes-vos imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra em plena tribulação, com a alegria do Espírito Santo, tendo-vos, assim, tornado um modelo para todos os crentes na Macedónia e na Acaia. Na verdade, partindo de vós, a palavra do Senhor não só ecoou na Macedónia e na Acaia, mas por toda a parte se propagou a fama da vossa fé em Deus, de tal modo que não temos necessidade de falar disso. 
De facto, são eles próprios que contam o acolhimento que vós nos fizestes e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro e para aguardardes do Céu o seu Filho, que Ele ressuscitou de entre os mortos, Jesus, que nos livra da ira que está para vir.

2.3. Breve comentário

Paulo, Silvano e Timóteo testemunharam o Evangelho em Tessalónica não apenas com palavras mas “com a alegria do Espírito Santo” e o testemunho de vida. Aqueles que acolheram esse “bem” espiritual experimentaram uma transformação na sua vida e nas suas crenças: converteram-se “dos ídolos a Deus”, para servirem “o Deus vivo e verdadeiro” e aguardarem a vinda de Jesus ressuscitado, que os libertaria do medo do futuro.

O entusiasmo do encontro com Cristo foi tal que esta jovem comunidade se tornou imitadora do Senhor e dos apóstolos comunicando a outros o mesmo Evangelho e contagiando-os com a sua “fé em Deus”. Tornou-se assim modelo de dinamismo missionário para os crentes de toda uma grande região. A comunidade irradiou a luz e calor da sua fé, atraindo para Cristo muitas outras pessoas.

Ainda hoje, quem recebe o Evangelho e vive o encontro com Cristo vivo na celebração da Eucaristia torna-se missionário, sente o impulso a testemunhar e a partilhar com outros o dom da fé em Deus. A despedida no final de cada a Missa faz-se com estas palavras: “Ide em paz e o Senhor vos acompanhe”. Na verdade, como escreve D. António Marto, “não há Missa sem missão! A celebração termina com a bênção e a despedida finais. É um rito de envio para as nossas ocupações normais e para levar a bênção e a paz de Deus para a vida no mundo. A palavra Missa provém precisamente da fórmula de despedida em língua latina “Ite, missa est”, que significa “Ide, sois enviados!” (Youcat, 212). Assim, “a despedida no final de cada Missa constitui um mandato que impele o cristão para o dever de propagação do Evangelho e de animação cristã da sociedade” (FCS 24), através dos valores, atitudes e propósitos que a Eucaristia exprime e suscita: a alegria de testemunhar a fé, o amor ao próximo, o acolhimento, as relações de comunhão, a fraternidade, a solidariedade, a partilha, o diálogo, a reconciliação, a paz, o cuidado da criação, o serviço e apoio aos mais pobres, frágeis e marginalizados” (D. António Marto, Eucaristia encontro e comunhão com Cristo e os irmãos, n.9).

A comunidade cristã torna-se missionária se vive no seu seio uma fé ardente, celebrações fervorosas e jubilosas, relações fraternas entre os seus membros, um amor generoso para com todos, um acolhimento incondicional e misericordioso e a saída ao encontro dos mais vulneráveis e carenciados de apoio e ajuda solidária. Então irradia a vida do Evangelho, atrai outras pessoas e cresce.

3. Diálogo meditativo

 – Vós sabeis como estivemos entre vós para vosso bem… Paulo recorda a sua estadia e ação apostólica em Tessalónica. Reconheço a fé cristã que recebi como um bem para mim e para outros e estou grato a Deus e quem me ajudou para a viver e crescer nela?

Vós fizestes-vos imitadores nossos e do Senhor, acolhendo a Palavra em plena tribulação, com a alegria do Espírito Santo. O Evangelho e a fé são dom de Cristo recebido e partilhado sob a graça e o impulso do Espírito Santo, mesmo no meio de incompreensões, adversidades e até perseguições. Reconheço que a minha fé chegou a mim como dom do Senhor, através do testemunho e anúncio da Igreja e da minha família? Já há em mim o desejo de ser imitador do Senhor e dos apóstolos para partilhar com outros a Palavra de Deus? Como o vou fazer?

São eles próprios que contam o acolhimento que vós nos fizestes e como vos convertestes dos ídolos a Deus, para servirdes o Deus vivo e verdadeiro … Aqueles com quem os cristãos partilham o Evangelho testemunham a vivência da fé de quem a comunicou. Já ouvi alguém a mostrar admiração pela minha fé ou pela de outros da nossa comunidade? A fé transforma realmente a minha vida e marca a vida da comunidade de que faço parte? Em que aspetos preciso de mudar para ser coerente com o Evangelho?

– …para aguardardes do Céu o seu Filho, que Ele ressuscitou de entre os mortos, Jesus, que nos livra da ira que está para vir... A fé não diz respeito somente à nossa vida de peregrinos no mundo. Ela guia-nos para o futuro e alimenta a nossa esperança na vida eterna. Sou uma pessoa de esperança e encontro-a também na minha família e na comunidade cristã? Como se pode revigorar a nossa esperança?

– A Eucaristia alimenta e impele a comunidade para a missão no mundo. Existe na nossa comunidade a consciência e dinamismo missionários? Como pode tornar-se mais ardente e zelosamente missionária?

4. Silêncio, oração e gesto

– Em silêncio, perguntando: Senhor, que queres dizer-me com esta palavra?, cada um procure escutar e descobrir dentro de si o que Jesus lhe ilumina, inspira ou sugere…

– Depois, com palavras ou algum gesto, pode partilhar com os outros o que sentiu e o compromisso que assume. Podem dizer a que missa vão no domingo.

– Terminam, levantando as mãos e rezando juntos o Pai Nosso.

(Se a família ou grupo quiserem, podem enriquecer o encontro com um cântico)

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