Jesus toca-nos e dá-nos nova vida
Lectio divina para o Domingo VI do Tempo Comum, 14 de fevereiro de 2021
Breve introdução
Todos conhecemos atualmente a dureza da quarentena e do confinamento em casa, por causa da pandemia. Tomou conta de nós a consciência da fragilidade e vulnerabilidade. Perguntamo-nos: até quando temos que viver assim oprimidos, isolados e com medo? Quem nos pode salvar sempre?
O evangelho deste VI domingo comum traz-nos luz e esperança: se, como o leproso, nos aproximarmos de Jesus com fé, ele compadece-se de nós, toca-nos e dá-nos nova vida. O relato sugere-nos também que devemos contar a outros o bem que Jesus nos faz, semeando neles fé e esperança com o nosso testemunho e compaixão.
1. Invocação
Admirável e bom Jesus,
como tiveste compaixão do leproso e o limpaste dos seus males,
afasta as impurezas que me impedem de escutar o teu Evangelho
e pelo Espírito Santo faz que o acolha, compreenda e acredite.
Dá-me humildade para reconhecer as minhas fraquezas,
confiança e esperança de ser por ti curado e fortalecido
e o entusiasmo para proclamar as tuas maravilhas
e contagiar outros com a alegria do encontro contigo
na escuta da Palavra de Deus e na Eucaristia.
Ámen.
2. Escuta da Palavra de Deus
2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Marcos
Ao longo do primeiro capítulo, o Evangelho de Marcos apresenta Jesus no início da sua missão: foi batizado por João, chamou os primeiros discípulos e começou a pregar a chegada do reino de Deus. Deus manifesta-se e age em Jesus através do seu Evangelho e das obras maravilhosas que realiza. O texto que vamos ouvir encerra o capítulo, narrando a compaixão de Jesus em relação a um leproso que dele se aproxima.
2. 2. Leitura do Evangelho segundo São Marcos (Mc 1, 40-45)
Naquele tempo,
veio ter com Jesus um leproso.
Prostrou-se de joelhos e suplicou-Lhe:
«Se quiseres, podes curar-me».
Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse:
«Quero: fica limpo».
No mesmo instante o deixou a lepra
e ele ficou limpo.
Advertindo-o severamente, despediu-o com esta ordem:
«Não digas nada a ninguém,
mas vai mostrar-te ao sacerdote
e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou,
para lhes servir de testemunho».
Ele, porém, logo que partiu,
começou a apregoar e a divulgar o que acontecera,
e assim, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade.
Ficava fora, em lugares desertos,
e vinham ter com Ele de toda a parte.
(momento de silêncio para interiorizar a Palavra)
2.3. Breve comentário
Jesus encontra-se com um leproso. Naquele tempo, como se pode ler no Livro do Levítico (13, 1-2.44-46), escutado na primeira leitura deste domingo, quem fosse atingido pela doença da lepra, tinha que viver fora da comunidade, usar vestuário andrajoso e proclamar publicamente a sua situação, para ninguém se aproximar dele. O isolamento era justificado por motivos sanitários, sociais e religiosos.
Este homem, porém, não se conformou com a sua triste situação de miséria, isolamento e indignidade. Ouvindo falar de Jesus, despertou nele a esperança de obter a cura. Ousou, por isso, destemidamente, aproximar-se de Jesus e pedir, com humildade e confiança. Pela fé e oração do doente, Jesus concedeu-lhe o milagre da cura. A própria salvação, ainda que requeira a colaboração humana, é sempre obra de Deus, que atua em virtude da fé do homem.
Jesus toca o leproso e restitui-lhe a saúde e a possibilidade de se reintegrar na comunidade, pela confirmação dos sacerdotes. Manifesta assim que este homem não é um maldito ou alguém castigado por Deus, mas uma criatura por Ele amada. Assim fez Jesus em relação a muitos doentes. Também hoje ele se compadece e toca indistintamente com o seu amor misericordioso quem se aproxima dele, porque Deus os considera, sem qualquer exclusão, seus filhos e dignos de salvação e de amor.
A cura dos leprosos era um dos sinais da chegada do Messias de Deus. Ele vinha restituir ao ser humano a sua dignidade, na integridade de corpo e espírito. Todavia, a verdadeira impureza que afasta de Deus, dos irmãos e da comunidade não é a física, mas a do coração. Desta todos precisamos de ser curados.
Jesus proíbe ao homem contar o milagre. Não quer passar por ser um taumaturgo nem criar ilusões ou falsas expectativas. O homem, porém, não conseguiu manter-se em silêncio e apregoou o acontecido. A consequência foi o condicionamento da atividade de Jesus, que andava “em lugares desertos”, evitando encontrar as pessoas. Estas, no entanto, “vinham ter com ele de toda a parte”. Parece que quanto mais Jesus se afastava, mais atraia as pessoas. O homem curado torna-se testemunha do poder de Deus que atuava em Cristo em benefício das pessoas que o escutavam e nele confiavam.
A mensagem deste Evangelho sugere-nos que também a nós, nas nossas fragilidades e vulnerabilidades física ou espirituais, podemos recorrer a Jesus, implorando que nos cure e salve. Pela sua palavra e pelos sacramentos celebrados pela Igreja, que acolhemos na graça da fé, Jesus manifesta a sua compaixão, toca as nossas feridas e dá-nos nova vida. Esta nova vida é alimentada e fortalecida, especialmente mediante o encontro e a comunhão com Jesus e os irmãos na Eucaristia.
3. Silêncio meditativo e diálogo
«Se quiseres, podes curar-me».
Em vez de se resignar, o leproso ousou aproximar-se, prostrar-se de joelhos e pedir ajuda a Jesus. E por isso foi atendido.
Nas minhas fraquezas, sofrimentos, doenças, desânimos ou aflições de qualquer género, recorro com fé a Jesus, através da oração, dos sacramentos, da ajuda de sacerdotes e de outras pessoas? Incentivo outros a fazerem o mesmo e dou-lhes o meu apoio espiritual pela oração?
Jesus, compadecido, estendeu a mão, tocou-lhe e disse: «Quero: fica limpo».
Ao ver e ouvir o leproso, Jesus não fica à distância, não tem medo do possível contágio nem de transgredir a lei. Movido por compaixão, tocou-o e curou-o. Também a nós, Jesus manifesta a sua compaixão e toca-nos, especialmente através dos sacramentos do Batismo, da Penitência, da Unção dos Doentes… e da Eucaristia, pelo ministério dos sacerdotes.
Deixo-me tocar por Jesus, para me salvar no corpo e na alma? Movido por compaixão, sou capaz de tocar quem está ferido no corpo ou na alma, para dele cuidar e fazer curar?
Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela tua cura o que Moisés ordenou,
para lhes servir de testemunho».
Para a reintegração na comunidade, era necessária a declaração, por parte do sacerdote, de que o homem estava curado. Por outro lado, ele era testemunho da ação de Deus e da sua presença no meio do Povo.
Dou a devida importância à minha pertença à comunidade cristã e à participação na Eucaristia dominical? Reconheço e partilho com os outros os sinais e experiências da presença e ação de Deus no tempo atual?
Ele começou a apregoar e a divulgar o que acontecer…
Contrariando o silêncio recomendado por Jesus, certamente por não conseguir calar o milagre de que beneficiara, o homem fala a todos do que lhe aconteceu e dá bom testemunho acerca de Jesus.
E eu, tenho motivos para falar de Jesus e dar testemunho do Evangelho e do bem que são para mim e me fazem? Cativo outras pessoas para se aproximarem dele e gostarem de participar na missa dominical?
4. Oração final e gesto familiar
– A família dialoga sobre as belas experiências que tem tido com Jesus, lembra as pessoas em sofrimento necessitadas de ajuda e propõe-se rezar por elas.
Juntos, de mãos dadas, rezam a oração do Pai Nosso e a Ave-Maria.