Lectio divina para o V Domingo do Tempo Comum

Os textos deste domingo, particularmente a leitura do Livro de Job e o trecho do Evangelho de S. Marcos, convidam-nos a reflectir e a meditar sobre o tema do mal, do sofrimento e até da morte. Realidades que nos convocam ao confronto com a fragilidade e a provisoriedade da vida.

Celebrar a nossa esperança em Deus que cura e salva

Lectio divina para o V domingo do Tempo Comum, 07.02.2021

Breve introdução

Os textos deste domingo, particularmente a leitura do Livro de Job e o trecho do Evangelho de S. Marcos, convidam-nos a reflectir e a meditar sobre o tema do mal, do sofrimento e até da morte. Realidades que nos convocam ao confronto com a fragilidade e a provisoriedade da vida. Mergulhados numa pandemia que assola o mundo, realidade que a nossa geração jamais vivera e as recordações das memórias dos nossos avós sobre a pandemia de há um século são já difusas, escutar o Evangelho deste domingo é tomarmos consciência que o mal, a doença e a dor são realidades presentes nas nossas vidas, delas não podemos escapar. Mas como em Deus podemos encontrar não só remédio mas até inspiração para lutar contra aquilo que nos faz sofrer.

1. Invocação

Senhor, Pai Santo,
que, por nosso amor e nossa salvação,
enviaste ao Mundo o Vosso Filho Jesus
para nos vir libertar
do sofrimento e da morte,
escutai as nossas preces,
ouvi os nossos gritos de dor,
enxugai as nossas lágrimas
e vinde socorrer-nos.
Na confiança de filhos,
a Ti, ó Pai, nos dirigimos,
por meio do Teu Filho Jesus
e na unidade do Espírito Santo.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo S. Marcos.

No seguimento do texto do Evangelho do Domingo anterior, na qual nos foi relatado a libertação de um homem de um espírito impuro, por acção de Jesus, no interior da sinagoga de Cafarnaum, agora Jesus dirige-se a casa de Simão Pedro e André, que ficava logo em frente. Curou a sogra de Pedro, que se encontrava com febre, e ao final da tarde também muitos outros doentes da cidade que ali acorreram. Jesus, porém, não perde de vista a sua missão de pregar o Reino de Deus, igualmente noutras povoações e de dedicar tempo à oração.

2.2. Leitura do Evangelho segundo S. Marcos (Mc 1, 29-39)

Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e foi,
com Tiago e João, a casa de Simão e André.
A sogra de Simão estava de cama com febre e logo lhe falaram dela.
Jesus aproximou-se, tomou-a pela mão e levantou-a.
A febre deixou-a e ela começou a servi-los.
Ao cair da tarde, já depois do sol-posto,
trouxeram-lhe todos os doentes e possessos
e a cidade inteira ficou reunida diante da porta.
Jesus curou muitas pessoas, que eram atormentadas por várias doenças,
e expulsou muitos demónios.
Mas não deixava que os demónios falassem, porque sabiam quem Ele era.
De manhã, muito cedo, levantou-se e saiu.
Retirou-se para um sítio ermo e aí começou a orar.
Simão e os companheiros foram à procura dele
e, quando o encontraram, disseram-lhe: «Todos te procuram.»
Ele respondeu-lhes: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas,
a fim de pregar aí também, porque foi para isso que eu vim.»
E foi por toda a Galileia, pregado nas sinagogas e expulsando os demónios.

2.3. Breve comentário

Não há grandes dúvidas de que, se há tema difícil de abordar e que pode abalar seriamente a fé em Deus, é o tema do mal. Particularmente aquele em que o homem não é directamente responsável. Uma doença, uma catástrofe natural para as quais o homem não encontra facilmente resposta e se sente impotente, invariavelmente desafia crentes e não crentes. Aos primeiros, particularmente, podem surgir estes dois pensamentos: ou Deus é bom e, se não age, é porque não é omnipotente; ou se é omnipotente e não age, então, é mau e um Deus assim não merece a nossa atenção. Perante os dramas do mundo, é inútil acusar Deus ou perder todo o tempo com tentativas de explicação. O que há a fazer é aquilo que Jesus neste relato do Evangelho e em muitas outras passagens evangélicas faz: pôr-se ao lado de quem sofre. Lutar contra o mal, seja ele físico, moral ou até espiritual.

Dividido em três momentos, este relato evangélico inicia com a chegada de Jesus a casa de Pedro e a cura da sogra deste, que se encontrava de cama com febre. Sendo um relato muito breve, há nele uma intencionalidade catequética clara: 1) a atitude dos discípulos: logo lhe falaram dela. Antes de mais nada, diante dum problema, como discípulos do Senhor, devemos abrir o nosso coração e confiar n’ Aquele que tudo pode o que pode o amor. A oração é expressão dessa confiança. 2) Jesus aproximou-se, tomou-a pela mão e levantou-a. Não foge, não se desculpa, não evita. Toca e deixa-se tocar. O toque é sinal de transmissão. Neste caso, transmissão de vida a quem se encontrava deitado, símbolo da impossibilidade de se manter de pé. Não deixa de ser interessante que é o mesmo verbo usado no relato da ressurreição de Jesus. É um convite a não fugirmos de levantarmos quem está prostrado diante da vida, sem rumo e sem esperança. 3) A febre deixou-a e ela começou a servi-los. A gratidão manifesta-se no serviço. Só assim a cura será total. A casa de Pedro transformou-se num lugar onde a comunidade cristã se reunia com frequência para celebrar a Eucaristia, para tomar o Pão que regenera as forças e dá vigor. Para levantar os que viviam na região das trevas e nas sombras da morte.

Num segundo momento, ao final do dia, trouxeram a Jesus muitos doentes, acometidos de vários males. A todos curou com solicitude, não deixando aos espíritos impuros que revelassem a sua identidade, pois não queria ser confundido com um qualquer curandeiro. Não é um Deus impassível, imperturbável ao sofrimento humano. Mostra aos discípulos o que devem fazer.

Num terceiro momento, encontramos Jesus em oração ao Pai, logo pela manhã e em lugar ermo. É o mesmo Jesus das multidões. É o mesmo Jesus que reza na sinagoga. Mas é nos colóquios íntimos com o Pai, e encontramos vários nos Evangelhos, que Jesus, particularmente, sente o conforto de Deus Pai e a força renovada para a missão. Quando o procuraram, pela manhã, Jesus é claro: «Vamos a outros lugares, às povoações vizinhas, a fim de pregar aí também, porque foi para isso que eu vim.» Os milagres de Jesus não são um ponto de chegada, muito menos um espectáculo de auto-consolação. Mas sinal de um mundo novo que Ele veio iniciar e anunciar

3. Silêncio meditativo e diálogo

 – Jesus saiu da sinagoga e foi…

Jesus não se demora, não perde tempo. Sabe da urgência de ir. Há muito a fazer. Como aos discípulos no Monte Tabor, convida-nos a descer à realidade da vida, com renovado entusiamo. Sentimos o mesmo no final da celebração da Eucaristia: Ide em paz e o Senhor vos acompanhe? Rezar não é perder tempo, mas ganhá-lo para uma vida renovada. É com este entusiamo que saio de uma Igreja, quando lá entro para me encontrar com Deus?

e logo lhe falaram dela

Uma das mais belas orações que podemos fazer é a oração de intercessão. Rezar por alguém, pedir por outros. Particularmente no tempo presente, em que nos vemos privados da presença e afectos até dos mais próximos, tenho o hábito de rezar por quem sofre? Por quem está doente, em luto, ou perdeu o emprego?

Jesus aproximou-se, tomou-a pela mão e levantou-a.

Há imagens que nos tocam. Ver alguém em profundo sofrimento e outro que se aproxima oferecendo a sua presença, conforto e ajuda, é comovedor. Jesus vive o que ensina e ensina o que vive. Assume a nossa condição para a elevar à herança do céu. De quem me aproximo? Quem tomo pela mão? A quem ajudei a levantar ou me levantou? Fazer memória agradecida não é apenas revisitar o passado, mas encontrar força para o futuro. Como eu vos fiz, fazei-o vós também, diz Jesus.

Retirou-se para um sítio ermo e aí começou a orar.

Na noite anterior, à porta da casa de Pedro, Jesus compadeceu-se e curou muitos doentes. Mas é na oração – diálogo íntimo com Deus-Pai – que Jesus encontra força para a missão. Sendo filho de Deus, não se dispensa de rezar. Quando há muito a fazer, mais necessidade tem de entrar na intimidade do Pai. Que belo exemplo para nós, que facilmente nos desculpamos com os afazeres da vida para não rezarmos. Que tempo dou à oração e como a realizo? Particularmente, como preparo a Eucaristia do domingo e que frutos retiro dela para a vida?

«Todos te procuram.»

É evidente a razão: depois dos milagres que o Senhor fez, muitos o procuravam para verem mais. Outros, porém, procuram-no para o conhecer melhor, pois o que faz só pode vir de Deus. É no sofrimento, na dor e na fragilidade que mais nos lembramos de Deus. Procuro verdadeiramente Deus na minha vida? Com que objetivo: porque preciso da sua ajuda ou para viver no seu amor, o louvar e lhe agradecer quanto faz por mim, pela minha família e por toda a humanidade? É esta intenção que me leva em cada domingo a participar na Eucaristia?

4. Oração final e gesto familiar

– Em silêncio, cada um procura fazer memória agradecida, sobretudo dos momentos mais difíceis em que sentiu a mão de Deus a reerguê-lo e também dos momentos em que ajudou alguém.

– Depois, livremente, os que quiserem podem partilhar um desses momentos mais significativos à família e que compromisso este Evangelho nos pode proporcionar.

– No final da partilham rezam juntos o Pai Nosso finalizando com o cântico: O Senhor salvou-me ou outro adequado.

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