“EU ESTOU SEMPRE CONVOSCO”
Breve Introdução
Quarenta dias depois da Ressurreição, Jesus sobe aos Céus diante dos seus discípulos, concluindo essa “elevação” iniciada desde as profundidades do sepulcro, e arrastando consigo toda a criação. Jesus está junto do Pai, mas também está sempre connosco. Inaugura-se uma nova forma da presença do ressuscitado, que durará até ao fim dos tempos. Neste domingo da Ascensão, pedimos que a Palavra de Deus e a Celebração da Igreja elevem o nosso coração para o alto. Jesus subiu aos Ceus para nos indicar o caminho. Mas Ele continua a descer à terra, sempre que um coração crente lhe abre as portas da sua vida.
1. Invocação
Deus todo-poderoso,
fazei-nos exultar em santa alegria e em filial ação de graças,
porque a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança:
tendo-nos precedido na glória, como nossa Cabeça,
para aí nos chama, como membros do seu Corpo.
Ele que é Deus e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo,
por todos os séculos dos séculos.
2. Escuta da Palavra de Deus
Vamos escutar o as últimas palavras de Jesus no evangelho segundo São Mateus.
2.1. Conclusão do santo Evangelho segundo São Mateus
Naquele tempo, os Onze discípulos partiram para a Galileia, em direcção ao monte que Jesus lhes indicara. Quando O viram, adoraram-n’O; mas alguns ainda duvidaram. Jesus aproximou-Se e disse-lhes: «Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».
Palavra da salvação.
2.2. Breve Comentário
Os quatro evangelhos, bem como a exposição de São Paulo sobre a ressurreição em 1Cor 15, pressupõem que o período das aparições do Ressuscitado foi limitado no tempo. Paulo está consciente de que a ele, por último, foi concedido ainda um encontro com Cristo ressuscitado. O sentido das aparições é claro: trata-se, antes de mais, de reunir um círculo de discípulos que possam testemunhar que Jesus não ficou no sepulcro, mas está vivo. O seu testemunho concreto traduz-se essencialmente numa missão: devem anunciar ao mundo que Jesus é o Vivente, a própria Vida.
Os primeiros destinatários deste anúncio são o Povo de Israel. Mas o destino dos enviados é universal: «Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei.» As últimas palavras de Jesus são definitórias da missão da Igreja. Elas são um mandato, algo a que todos os que se dizem cristãos deverão obedecer, através daquela obediência livre e plena de amor que brota da fé. Jesus parte, mas não nos deixa sós. Ele pede uma missão gigantesca, mas também nos assegura a sua omnipresente assistência: «Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos»
3. Silêncio meditativo e diálogo
– Jesus regressa à Galileia, onde iniciou a sua vida pública evangelizadora, e onde chamou os primeiros discípulos. É como se Jesus quisesse reconduzi-los ao primeiro encontro, e ao ardor de coração que esse encontro provocou. Neste domingo, façamos memória da entrada do Senhor Jesus na nossa vida, recordemos o quanto “nos ardeu cá dentro o coração”, e renovemos-Lhe o sim que lhe dissemos e que queremos continuar a dizer.
– A fé cristã sabe bem conviver com as dúvidas. Deus não é uma evidência! As nossas inquietações e perplexidades não são impedimento à fé; antes podem ser sinal de fome e sede de mais. Neste domingo, adoremos Jesus com a fé que Ele nos deu, e peçamos-lhe luz para as obscuridades dos nossos anseios e incertezas.
– Vivemos muitas vezes com a sensação de que são os grandes, os poderosos, os ricos que controlam as nossas vidas. Jesus diz que tem todo o poder sobre o Céu e a terra. Pela sua ressurreição, foi alcançada a vitória. Ele é o Senhor. Neste domingo, peçamos a Jesus que nos faça ver o desenrolar da nossa vida, e da história do mundo, debaixo deste olhar sobrenatural, próprio de quem confia na Providência divina.
– A promessa de estar sempre connosco é uma enorme consolação para todo aquele que acredita em Jesus. Não estamos sozinhos! Aconteça o que acontecer… Esta promessa realiza-se de forma concreta e surpreendente na presença sacramental de Jesus na Eucaristia. Neste domingo, olhemos para a hóstia branca, e deixemos que Jesus nos mostre, como só Ele sabe fazer, que é Ele mesmo que ali está. Mistério da fé!
4. Oração final
Depois que triunfou no alto madeiro
Da morte e do inferno que venceu,
O nosso bom Jesus, manso Cordeiro,
Que por nós nele a vida ofereceu,
Levou cativo o nosso cativeiro,
Subindo para o Céu, donde desceu:
Em pago de nos dar a liberdade
Dêmos-Lhe nós a nossa saudade.
Imitemos aqueles valorosos,
Na sua saudosa despedida,
Que d’Ele, que subia, saudosos,
Não lhes lembrava já coisa da vida.
Dêmos-Lhe com suspiros piedosos
Em doce pranto a alma consumada,
Pois Ele no-la pôs em liberdade;
Dêmos-Lhe nós a nossa saudade.
(Liturgia das Horas, Hino da Hora Intermédia)
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