«O Espírito Santo vos ensinará todas as coisas»
Lectio Divina para o Domingo VI da Páscoa (Ano C), 22.05.2022
Breve introdução
A diocese de Leiria-Fátima celebra neste VI Domingo da Páscoa, dia 22 de maio, o aniversário da sua criação, no ano de 1545. Este ano, esta data é marcada pela realização da Assembleia Sinodal de Leiria-Fátima, convocada pelo Sr. D. José Ornelas Carvalho para nela se viver «a experiência da “comunhão, participação e missão” eclesial, recolhendo os contributos dos grupos, aprofundando e dialogando sobre os desafios que Deus coloca à nossa diocese e celebrando a alegria de ser Igreja em caminho».
No Evangelho deste domingo, sobressai a promessa do envio do Espírito Santo: Ele ensinará, recordará, será a presença constante que animará a comunidade e a fará compreender o caminho a seguir. É a presença e luz do Paráclito que invocamos para discernirmos os desafios que Deus lança à nossa Diocese, e à vida de cada um de nós, neste caminhar juntos, como Igreja sinodal.
1. Invocação
Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do Vosso amor.
Enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado,
e renovareis a face da terra.
Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com a luz do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Ámen.
2. Escuta da Palavra de Deus
2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São João
Na Ceia de despedida, quando se aproxima a hora da sua morte e ressurreição, Jesus promete aos discípulos que não os deixará sós: receberão o Espírito Santo, o Paráclito, e n’Ele se manterá vivo o amor e a relação com Jesus e com o Pai. Uma promessa tão importante que, ao longo da Ceia, será repetida por cinco vezes. Escutamos, neste domingo, a segunda promessa do Espírito.
2.2. Leitura do Evangelho segundo São João (Jo 14, 23-29)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada. Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou. Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse. Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como a dá o mundo. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que Eu vos disse: Vou partir, mas voltarei para junto de vós. Se Me amásseis, ficaríeis contentes por Eu ir para o Pai, porque o Pai é maior do que Eu. Disse-vo-lo agora, antes de acontecer, para que, quando acontecer, acrediteis».
Palavra da salvação
(momento de silêncio para interiorizar a Palavra)
2.3. Breve comentário
O texto do Evangelho deste domingo situa-se no decorrer da última Ceia. Jesus prepara os discípulos para o que irá acontecer em breve: Ele vai partir para o Pai, mas garante que aqueles que O amam e guardam a sua palavra, não ficarão sós, pois, neles, Jesus e o Pai farão a sua morada, e «com eles estará sempre o Espírito Santo, o Paráclito, que os apoiará na missão de levar o Evangelho ao mundo inteiro. Na língua original grega, o termo “Paráclito” significa Aquele que se põe ao lado, para apoiar e consolar. Jesus volta ao Pai, mas continua a instruir e a animar os seus discípulos mediante a ação do Espírito Santo» (Papa Francisco, Angelus 26 de maio 2019).
A missão do Espírito será a de ensinar e recordar tudo o que Jesus disse. É na abertura ao Espírito Santo que os discípulos podem discernir o caminho a seguir. Se Jesus é a revelação plena, a Palavra definitiva de Deus, agora é necessário «fazer compreender plenamente e levar a praticar de maneira concreta os ensinamentos de Jesus» (Idem), e esse caminho é feito na presença do Paráclito. Por isso, os discípulos devem viver a partida de Jesus para o Pai envolvidos pela paz, serenidade, confiança e alegria, na certeza de que o Ressuscitado não deixará nunca de os acompanhar e fortalecer no Amor.
3. Silêncio meditativo e diálogo
- «Quem Me ama guardará a minha palavra e meu Pai o amará; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada».
Tudo, na fé, parte do amor. O amor de Deus, que toma a iniciativa e se faz próximo, e convida a humanidade a responder com amor. Deixar-se amar e amar é o caminho da fé. A revelação de Deus em Jesus Cristo, a sua vida e a sua palavra, são a expressão máxima deste amor. Por isso, Jesus convida a amar como Ele, a ser Ele a medida do amor. Deixar-se amar e habitar por Deus, abrir o coração, a mente e a vida toda para que em nós Deus faça a sua morada, é o caminho da fé.
Vivo a fé como uma resposta ao amor de Deus por mim? Como alimento esta relação com Deus? O que faço para guardar a palavra de Jesus? Sinto-me verdadeiramente morada de Deus?
- «O Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse».
«Nós não estamos sozinhos: Jesus está ao nosso lado, no meio de nós, dentro de nós! A sua nova presença na história verifica-se mediante o dom do Espírito Santo, por meio do qual é possível instaurar uma relação viva com Ele, crucificado e Ressuscitado. O Espírito guia o nosso modo de pensar, agir, distinguir o que é bom e o que é mau» (Papa Francisco, Angelus, 1 maio 2016). É no Espírito que a Igreja pode continuar o seu caminho sinodal, na resposta aos desafios de hoje, na missão de anunciar e testemunhar o Evangelho de Jesus.
Procuro aprofundar o meu conhecimento, vivência e celebração da fé para ler os sinais e desafios do tempo presente à luz do Espírito Santo? Tenho a capacidade de me deixar libertar dos meus pontos de vista, estratégias ou objetivos pessoais para procurar a vontade de Deus? Qual o meu contributo para que a minha comunidade viva e caminhe em espírito sinodal de “comunhão, participação e missão”?
- «Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não se perturbe nem se intimide o vosso coração».
No momento da sua partida, Jesus transmite confiança, serenidade e paz aos discípulos. Perante os medos, incertezas e contrariedades de todos os tempos, Jesus continua a transmitir esta paz que é também sinal da presença do Espírito Santo. «Ela é diversa da que os homens desejam ou procuram realizar. A paz de Jesus brota da vitória sobre o pecado, sobre o egoísmo que nos impede de nos amarmos como irmãos. É dom de Deus e sinal da sua presença. Cada discípulo, chamado hoje a seguir Jesus carregando a cruz, recebe em si a paz do crucificado, morto e ressuscitado na certeza da sua vitória e na expectativa da sua vinda definitiva» (Idem).
Diante das dificuldades e contrariedades no anúncio e testemunho do Evangelho, procuro acolher esta paz de Jesus para vencer os medos e alimentar a esperança? Cultivo um ambiente de paz nas minhas relações próximas e na minha comunidade?
4. Propósito e Oração final
– Durante esta semana, rezo pela Igreja em caminho sinodal, em particular pela Diocese de Leiria-Fátima e cada uma das suas paróquias, para que se deixe iluminar pelo Espírito Santo.
– Oração pelo Sínodo
Aqui estamos, diante de Vós, Espírito Santo:
estamos todos reunidos no vosso nome.
Vinde a nós, assisti-nos, descei aos nossos corações.
Ensinai-nos o que devemos fazer,
mostrai-nos o caminho a seguir, todos juntos.
Não permitais que a justiça seja lesada por nós pecadores,
que a ignorância nos desvie do caminho,
nem as simpatias humanas nos tornem parciais,
para que sejamos um em Vós e nunca nos separemos da verdade.
Nós Vo-lo pedimos a Vós que, sempre e em toda a parte,
agis em comunhão com o Pai e o Filho pelos séculos dos séculos.
Ámen