Lectio divina para o 6º Domingo da Páscoa, Ano A

Para aqueles que esperavam que a libertação dos judeus acontecesse segundo uma lógica humana, a morte de Jesus foi o culminar do desânimo aliado à tristeza natural da morte de alguém que se ama.
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Jesus promete o Espírito como advogado

Breve introdução

Para aqueles que esperavam que a libertação dos judeus acontecesse segundo uma lógica humana, a morte de Jesus foi o culminar do desânimo aliado à tristeza natural da morte de alguém que se ama. A Ressurreição veio reacender e reanimar a chama da esperança. Jesus aparecia e animava os discípulos, ainda amedrontados. Consciente de que a Ascensão, prestes a acontecer, havia de voltar a fazer cair a tristeza sobre os discípulos, Jesus fala dela e apresenta-a como uma necessidade para que à Igreja seja dado “outro Defensor”

1. Invocação do Espírito Santo

Vinde, Espírito Santo,
animai o nosso caminhar para o Pai,
e enchei-nos daquele fogo interior
que nos faça sentir a vossa presença,
ainda que possamos ser tentados
a pensar que estamos sós nas tribulações da vida,
e nos leve a mostrar na prática
o amor que afirmamos ter para com Deus.
Ámen

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Proclamação do Evangelho

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 14,15-21)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós. Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis. Nesse dia reconhecereis que Eu estou no Pai e que vós estais em Mim e Eu em vós. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele».

Palavra da salvação.

2.2. Comentário

Tereis um advogado à vossa disposição. É a garantia dada Cristo, como consolação suprema dada aos seus discípulos que estavam tristes pelo anúncio da sua partida. 

A promessa de Jesus segue a representação tradicional segundo qual, quando os homens tivessem que se apresentar diante do tribunal de Deus, se deparariam com as muitas culpas de que eram acusados e teriam que responder. Os seus pecados, à maneira de acusador voltar-se-iam contra eles. Mas, como se isto não bastasse, o demónio reforçaria essas acusações. A defesa estaria a cargo das boas obras realizadas, as quais seriam apresentadas como contrapeso das más.

Jesus promete agora – à maneira dos processos legais judaicos – que os discípulos terão um advogado.

Segundo os processos legais e costumes judaicos, um tal advogado não era só uma pessoa encarregada de aduzir provas a favor da parte acusada, mas era sobretudo uma pessoa de grande categoria e ascendência diante do juiz, que podia influenciá-lo favoravelmente só com a sua presença. Esta influência no juiz não provinha principalmente do conhecimento que o referido advogado tivesse da Lei nem do recurso a truques legais, mas do peso da sua autoridade pessoal, por se tratar de um homem que gozava da estima da sociedade.

A promessa de um advogado – que não corresponde, como vemos, ao nosso conceito de advogado – é escatológica, refere-se concretamente ao último Juízo de Deus. Os judeus acreditavam que, naquele momento, teriam à sua disposição, além das suas boas obras e das dos seus antepassados, um advogado desse tipo.

No Quarto Evangelho, a maneira de falar utilizada para descrever o futuro serve para descrever o presente. Isto é, aos crentes é prometido um advogado, não para o futuro juízo de Deus, mas para imediatamente a seguir à partida de Jesus. Esse advogado é o Espírito Santo, prometido para quando os cristãos tivessem dificuldades por causa da profissão da sua fé. E como o Evangelho de João nos mostra um confronto constante entre o cristianismo e o mundo, a presença do advogado é ainda mais necessária.

O advogado é prometido àqueles que amam Jesus. E amam-no aqueles que cumprem os seus mandamentos. O Quarto Evangelho estabelece frequentemente a conexão entre o amor e a obediência. Fá-lo, provavelmente, para explicar o que significa pedir em seu nome. O nome de Cristo não pode ser invocado, se não for acompanhado de obediência e de amor.

Esse advogado é o Espírito da verdade. É o mesmo Espírito que continua a obra de Cristo dando a conhecer a verdade plena a respeito de Jesus. É o Espírito que comunica a verdade e Jesus é a verdade. 

O mundo, por definição, não pode receber o ensinamento do Espírito. Neste contexto, mundo é sinónimo de não crentes. Por isso, o mundo deixará de ver Jesus, que Se vai embora: os discípulos, porém, vêem-no porque acreditam n’Ele. É a visão da fé. A visão que dá vida. Os discípulos viverão com essa vida eterna posta à sua disposição pela morte e ressurreição de Jesus. 

Tudo isto acontecerá naqueles dias, isto é, na nova situação criada em consequência da morte-ressurreição de Jesus. A fé dos discípulos descobrirá a união entre o Pai e o Filho, que o Filho atua em nome do Pai, como Seu agente, no meio dos homens e para sua salvação.

A resposta dos discípulos deve ser o amor. Este amor une-os a Jesus e, através dele, participam no amor que o Pai tem ao Filho. São amados por Deus. (Comentários à Bíblia Litúrgica 1308-1310)

(Reler, cada um, o texto do Evangelho, em silêncio)

3. Silêncio meditativo e diálogo

– Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos

Guardar os mandamentos é vivê-los no dia-a-dia. Fazê-lo é a prova e o sinal de que não acontece dissonância entre o que se diz acreditar e o que se vive. 

Conheço os mandamentos da lei de Deus e procuro cumpri-los? Tenho consciência de que o meu amor para com Deus se manifesta essencialmente em atitudes, não somente em palavras? 

– E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco

Entre mim e o Pai está o Filho, que pede, que intercede por mim. A Ascensão não é uma afastar-se de Deus, mas um aproximar-se porque o Pai enviará o Espírito que estará sempre connosco.

Penso na certeza de que Jesus me apresenta ao Pai, nas minhas fragilidades e necessidades? Paro para pensar na grandeza que é ser habitado(a), ser morada, de Deus, na pessoa do Espírito Santo?

– Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós.

O mundo não O pode receber porque não O tem nem O conhece. Para recebê-l’O é preciso mais que ser batizado, é preciso conhecê-l’O e amá-l’O. 

Tenho presente a certeza de que não basta dizer-me cristão e cumprir o básico para ser acolhedor do Espírito? O Espírito habita comigo e está em mim… Paro para meditar nesta grandeza.

– Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama.

Aceitar e cumprir… não é possível ser-se “não praticante”. O amor, também para com Deus, não são palavras, mas obras.

Vivemos numa sociedade que recusa os valores cristãos, correndo nós o risco de querermos adaptar-nos a ela. Procuro conhecer a Palavra de Deus para me deixar guiar por ela e não pelo mundo? Amo Jesus de verdade?

E quem Me ama será amado por meu Pai.

O amor do pai passa pelo amor ao Filho. Deus ama cada pessoa com um amor único e pleno.

Sinto que o amor com que sou amado por Deus só se torna “efetivo” se estou capacitado para ser amado? A minha capacidade para acolher o amor de Deus vem da intensidade do meu amor para com Jesus.

Que me diz Deus na Palavra? 

(cada participante pode partilhar alguma palavra, ou expressão, mais marcante)

Que digo eu a Deus? 

(cada participante pode partilhar uma breve oração em resposta à Palavra)

• Propósito e oração final

– Ao longo da semana, vou procurar momentos de encontro pessoais com Deus, que, por Ele,  me levem à proximidade com os outros.

– Pai Nosso

Deus todo-poderoso,
concedei-nos a graça de viver dignamente estes dias de alegria,
em honra de Cristo ressuscitado,
de modo que a nossa vida corresponda sempre
aos mistérios que celebramos.
Por Cristo Senhor Nosso.

Repositório LECTIO DIVINA
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