Lectio divina para o 5º Domingo da Quaresma, Ano A

Muitos, um só Corpo em Cristo

Muitos, um só Corpo em Cristo

Acolhimento e saudação entre os participantes

1. Invocação do Espírito Santo / Oração inicial

Invoco a presença de Deus –

1.1. Cântico (à escolha, ver anexo)

1.2. Prece

Senhor Jesus Eucaristia, Esposo da Igreja,
nós Vos louvamos, pois sois nosso Rei e Senhor.
Sois a fonte da unidade e da comunhão,
do amor mútuo, da concórdia e da união de corações.
Dai à Igreja a plena comunhão,
a vida em unidade,
a graça da paz, da concórdia, da solidariedade,
do diálogo que gera compromisso de unidade.
Fazei que as trevas que geram falta de amor,
que vêm do maligno,
não impeçam a unidade,
o amor mútuo entre todos os cristãos,
para que o mundo acredite em Vós,
como enviado do Pai,
para que a unidade dos crentes atraia todos à mesma fé.
Só unidos poderemos colaborar todos, com um só coração,
a responder aos desafios da humanidade.

(Retirado da Rede Mundial de Oração do Papa)

2. Leitura da Palavra

Escuto e compreendo a Palavra que me é oferecida –

2.1. Leitura da Carta de S. Paulo aos Romanos (Rm 12, 1-8)

1Exorto-vos, irmãos, pela misericórdia de Deus,  a que ofereçais os vossos corpos  como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus.  Seja este o vosso verdadeiro culto, o espiritual.
2Não vos acomodeis a este mundo.  Pelo contrário, deixai-vos transformar,  adquirindo uma nova mentalidade,  para poderdes discernir qual é a vontade de Deus:  o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito.
3Assim, em virtude da graça que me foi dada,  digo a todos e a cada um de vós  que não se sinta acima do que deve sentir-se;  mas sinta-se preocupado em ser sensato,  de acordo com a medida de fé que Deus distribuiu a cada um.  4É que, como num só corpo, temos muitos membros,  mas os membros não têm todos a mesma função,  5assim acontece connosco:  os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo,  mas, individualmente, somos membros que pertencem uns aos outros.
6Temos dons que, consoante a graça que nos foi dada, são diferentes:  se é o da profecia, que seja usado em sintonia com a fé;  7se é o do serviço, que seja usado a servir;  se um tem o de ensinar, que o use no ensino;  8se outro tem o de exortar, que o use na exortação;  quem reparte, faça-o com generosidade;  quem preside, faça-o com dedicação;  quem pratica a misericórdia, faça-o com alegria.

Palavra da salvação.

2.2. Leitura pessoal

Volto a ler, em silêncio: o que diz o texto? –

2.3. Notas para a compreensão do texto

Antes de expor o conteúdo da instrução moral, Paulo começa pela sua origem e fundamento: a misericórdia de Deus. É através dela que ele fala. Ou melhor, é através dele que ela fala. Ele só é a boca. Quem exorta é a misericórdia de Deus, porque é dela que Paulo vive, desde que, pela sua graça, Deus o transformou e constituiu Apóstolo.

A esta misericórdia divina corresponde o conteúdo da conduta moral dos que dela vivem. Na prática, a sua conduta não é mais do que a vivência comportamental do Evangelho, a começar pela radicalidade e totalidade que a caracteriza. Nela, o cristão compromete o corpo e a mente, indo desde o culto prestado a Deus ao bem feito aos outros. Exatamente como Cristo que por todos se entregou como o sacrifício mais agradável a Deus. Agradável, porque ao serviço da caridade, identificativa de Deus.

E como a caridade de Cristo, manifestada durante a sua vida e coroada na morte redentora, se tornou o centro do culto cristão, especialmente na Eucaristia, o mesmo se passa com os cristãos, só que em sentido inverso. É no memorial eucarístico que eles recebem do corpo de Cristo, por todos oferecido, a energia necessária para oferecerem os seus corpos, isto é, as suas vidas, no altar do mundo em que vivem o seu dia a dia. Isto significa, por um lado, que nenhum cristão se pode dispensar da Eucaristia. Por outro, esta só atinge o seu objetivo, quando os que nela participam vivem de acordo com a oferta sacramentalmente celebrada, movidos pela graça nela recebida. Só então o seu culto é razoável, corresponde à total entrega a Deus, tanto a de Cristo, como a dos que nele creem. (…)

É desta graça, acolhida pela fé, que nos vem a sensatez ou prudência, uma das quatro virtudes cardeais da ética grega (com a justiça, a fortaleza e a temperança), considerada como a atitude de que dependem os modos concretos de agir e se relacionar, numa sociedade organizada. Alimentada pela fé, é ela que leva cada um de nós a contribuir para a vida da comunidade, não indo além nem ficando aquém do que pode e fazendo bem o que lhe compete… na liberdade e responsabilidade próprias de quem ama, em Cristo. Damos assim à Igreja o que dela recebemos: a misericórdia de Deus.

in Oliveira, A. (2008). Um ano a caminhar com são Paulo. Gráfica de Coimbra 2.

3. Meditação pessoal

Medito interiormente a Palavra acolhida: o que me diz o Senhor? –

«Por isso, vos exorto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereçais os vossos corpos como sacrifício vivo, santo, agradável a Deus. Seja este o vosso verdadeiro culto, o espiritual.»

A verdadeira relação com Deus consiste em acolher a sua misericórdia e viver na entrega de si próprio por amor a Ele e a cada irmão.

  • Tenho consciência da misericórdia de Deus? Como é que ela se revela na minha vida? Em que medida me ofereço em sacrifício a Deus no meu dia-a-dia?

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que lhe é agradável, o que é perfeito.»

O cristão está no mundo, mas não lhe pertence. Contribui, à maneira do fermento, para a sua transformação, mas não se deixa mundanizar, pois esforça-se por viver segundo Deus.

  • O que há no mundo que me faz acomodar-me e não me deixa transformar pela vontade de Deus? O que devo mudar em mim para responder ao discernimento do que é agradável a Deus?

«Em virtude da graça que me foi dada, digo a todos e a cada um de vós que não se sinta acima do que deve sentir-se; mas sinta-se preocupado em ser sensato, de acordo com a medida de fé que Deus distribuiu a cada um.» 

Pela fé, recebemos a sabedoria de Deus e o bom senso para sentirmos e agirmos retamente com moderação e simpatia em relação aos outros.

  • Em que momentos ou situações verifico que me sinto acima do que devo sentir-me? Como ultrapassar essa falha? Esforço-me por ser sensato nas minhas ações, nas minhas palavras e no meu relacionamento com os outros?

«É que, como num só corpo, temos muitos membros, mas os membros não têm todos a mesma função, assim acontece connosco: os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas, individualmente, somos membros que pertencem uns aos outros.»

Não podemos viver como cristãos fora da comunidade, desligados uns dos outros, sem pertença efetiva à Igreja. Nesta, tanto a unidade como a diversidade são constitutivos e necessários.

  • Tenho consciência de que formo um só corpo em Cristo com os meus irmãos na fé? Aceito o chamamento de Deus a participar ativamente na comunidade? Percebo que a pertença a Cristo se revela no modo como pertenço aos outros?

«Temos dons que, consoante a graça que nos foi dada, são diferentes: se é o da profecia, que seja usado em sintonia com a fé; se é o do serviço, que seja usado a servir; se um tem o de ensinar, que o use no ensino; se outro tem o de exortar, que o use na exortação; quem reparte, faça-o com generosidade; quem preside, faça-o com dedicação; quem pratica a misericórdia, faça-o com alegria.»

A vida, o serviço e a missão da comunidade cristã dependem do reconhecimento e valorização dos variados dons concedidos aos seus membros. Todos nela devem ter voz e vez.

  • Que dons acho que tenho e devo colocar ao serviço dos outros? Quando o faço, faço-o com generosidade e dedicação, ou, pelo contrário, tenho apenas em mente a sua utilidade para mim próprio?

4. Partilha da Palavra

Partilho com os outros o dom recebido: que posso oferecer-lhes? –

Qual a palavra ou frase que me interpelou? Posso também partilhar algo do que rezei na minha intimidade. Esta minha participação deve ser voluntária e breve.

5. Oração

A partir do que escutei e vivi neste tempo, falo com o Senhor –

Faço uma oração espontânea a partir do texto lido ou da meditação feita.

Em alternativa, rezo a seguinte oração:

Senhor Jesus,
Único e Eterno Sacerdote,
Profeta, Santificador e Pastor do rebanho,
ajuda, inspira, fortalece os teus sacerdotes e leigos
para amarem a Igreja,
servirem o Povo de Deus,
com alegria, sem desânimo, com audácia evangélica.
Faz que as nossas paróquias sejam comunidades vivas,
empenhadas em construir a unidade,
em rezar pela comunhão,
em estarem unidas ao Papa e às suas intenções.
Que possam testemunhar-Te pelo seu modo de viver e de amar,
que sejam comunidades onde reinem o amor e a unidade.
Que todas as famílias,
como «igrejas domésticas»,
se entusiasmem a rezar cada dia pela plena comunhão eclesial.
Que todos sintamos o desejo santo e audaz de vivermos unidos,
para que a Igreja dê testemunho do amor e da vida da Trindade.

(Retirado da Rede Mundial de Oração do Papa)

6. Compromisso

A que me convida, hoje, o Senhor? –

Faço um momento de silêncio e formulo um compromisso pessoal que exprima a pertença à Igreja enquanto Corpo de Cristo.

Posso também propor um gesto ou iniciativa comunitária.

Cântico final: (à escolha, ver anexo)

7. Em casa

Levo para a vida a mensagem que recebi –

No seguimento do encontro de grupo, procurarei dedicar algum tempo (15-20 minutos), num ou mais dias da semana, para retomar a meditação e contemplação da Palavra de Deus e nela encontrar a luz e a força de Deus para a minha vida no dia-a-dia.

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