(Tema 4 do retiro popular: 4º domingo da quaresma)
A DIVERSIDADE QUE CONSTRÓI COMUNHÃO
Acolhimento e saudação entre os participantes
1. Invocação do Espírito Santo / Oração inicial
– Invoco a presença de Deus –
1.1. Cântico
(à escolha, ver anexo)
1.2. Prece
Senhor Jesus,
Tu, que foste enviado pelo Pai
a anunciar e instaurar na Terra o Reino dos Céus
fazendo de nós Teus irmãos, filhos do mesmo Pai que está nos céus,
e membros do Teu Corpo, que é a Igreja,
dá-nos a graça de contribuir para a unidade deste corpo,
reconhecendo a sublime missão que nos foi dada
de colaborar contigo na obra da Salvação
até que todos sejamos um como Tu e o Pai.
Ámen.
2. Leitura da Palavra
– Escuto e compreendo a Palavra que me é oferecida –
2.1. Leitura da Carta de São Paulo aos Efésios (4, 1-7.11-16)
Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois,
a que procedais de um modo digno do chamamento que recebestes;
com toda a humildade e mansidão, com paciência:
suportando-vos uns aos outros no amor,
esforçando-vos por manter a unidade do Espírito,
mediante o vínculo da paz.
Há um só Corpo e um só Espírito,
assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança;
um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos,
age por todos e permanece em todos.
Mas, a cada um de nós foi dada a graça,
segundo a medida do dom de Cristo.
E foi Ele que a alguns constituiu como Apóstolos,
Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres,
em ordem a preparar os santos para uma atividade de serviço,
para a construção do Corpo de Cristo,
até que cheguemos todos à unidade da fé
e do conhecimento do Filho de Deus,
ao homem adulto, à medida completa da plenitude de Cristo.
Assim, deixaremos de ser crianças, batidos pelas ondas
e levados por qualquer vento da doutrina,
ao sabor do jogo dos homens,
da astúcia que maliciosamente leva ao erro;
antes, testemunhando a verdade no amor,
cresceremos em tudo para aquele que é a cabeça, Cristo.
É a partir dele que o Corpo inteiro, bem ajustado e unido,
por meio de toda a espécie de articulações que o sustentam,
segundo uma força à medida de cada uma das partes,
realiza o seu crescimento como Corpo,
para se construir a si próprio no amor.
Palavra do Senhor.
2.2. Leitura pessoal
– Volto a ler, em silêncio: o que diz o texto? –
2.3. Notas para a compreensão do texto
Ao lermos as cartas paulinas, enviadas às comunidades cristãs que começavam a florescer, consequência do anúncio de Jesus, Filho de Deus feito homem, morto e ressuscitado, vivo e operante no coração daqueles que o acolhem, podemos identificar alguns temas que são transversais a todas elas.
Um deles é o da unidade nas comunidades cristãs, que se manifesta sobretudo nas exortações: unidade de coração, que vem do acolhimento do outro como irmão; unidade na diversidade, acolhendo as diversas missões na Igreja como igualmente necessárias para a sua construção; unidade na fé, procurando manter o anúncio de Jesus na sua integridade, sem os desvios que algumas doutrinas estranhas a este ensinamento queriam implementar.
Neste trecho da Carta aos Efésios, esta exortação é muito clara: os cristãos devem suportar-se uns aos outros no amor, esforçando-se por manter a unidade no reconhecimento daquilo que os une e no acolhimento da diversidade, o que exige esforço e dedicação. A Igreja é o Corpo de Cristo, pelo que a unidade fundamental está assegurada por parte de Cristo, mas, simultaneamente, exige um trabalho de construção em que todos são implicados.
Neste ano, que para a nossa Diocese, a convite do nosso Bispo, é eucarístico e sinodal, não podemos percorrer o caminho que temos diante de nós sem a consciência do chamamento que Deus nos faz à unidade e que se manifesta no convite a caminharmos juntos, na escuta recíproca (isto é ser uma Igreja sinodal) e no chamamento a sermos coerentes com aquilo que somos: um Corpo, que se alimenta e cresce na Eucaristia, Corpo de Jesus entregue por nós.
3. Meditação pessoal
– Medito interiormente a Palavra acolhida: o que me diz o Senhor? –
«Eu, o prisioneiro no Senhor, exorto-vos, pois, a que procedais de um modo digno do chamamento que recebeste; com toda a humildade e mansidão, com paciência: suportando-vos uns aos outros no amor, esforçando-vos por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz».
Esta exortação dirigida aos Efésios é estonteante, pela forma densa como é escrita. Na cadência das palavras, podemos pressentir um apelo forte: não estamos perante algo acessório, mas diante de uma questão de vida ou morte: Deus chama-nos à comunhão com Ele, e isso exige viver de forma digna desse chamamento, o que implica um esforço humilde e paciente de manter a unidade entre aqueles que como eu foram chamados à comunhão com Deus.
Como vivo este chamamento à unidade na minha vida, na família, na comunidade cristã? Esforço-me por manter a unidade no amor pelo próximo, mesmo por aquele que é diferente de mim, que não pensa como eu, ou alimento intrigas e maledicências que destroem a harmonia e a paz?
«Há um só Corpo e um só Espírito, assim como a vossa vocação vos chamou a uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo»
«Formamos um só Corpo em Cristo Jesus!» Quantas vezes cantamos estas palavras nas nossas comunidades, na Eucaristia. Mas nem sempre acreditamos naquilo que os nossos lábios cantam. Recebemos o mesmo batismo e a mesma fé em Jesus, fé que não é só minha mas da Igreja, partilhada por todos os que comungam da mesma esperança, apesar das diferenças e da diversidade que se manifesta.
Tenho consciência de que fazer parte da Igreja significa acolher uma fé que é partilhada e não apenas minha? Já alguma vez pensei que sempre que não acolho um irmão na sua diferença e não o olho como alguém que partilha comigo a mesma fé e chama Pai ao mesmo Deus que eu, mancho a beleza da unidade da Igreja?
«A cada um de nós foi dada a graça, segundo a medida do dom de Cristo. E foi Ele que a alguns constituiu como Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres, em ordem a preparar os santos para uma atividade de serviço, para a construção do Corpo de Cristo»
«A comunhão do dom que é Cristo gera a comunhão fraterna, torna-nos um só corpo. Neste sentido, a Igreja é Corpo de Cristo. (…) A celebração [da Eucaristia] é também a manifestação máxima da unidade da Igreja como comunhão na diversidade dos membros, das suas funções e ministérios. Significa e realiza a unidade “fazendo que, de estranhos, dispersos e indiferentes uns aos outros, nos tornemos unidos, iguais e amigos” (S. Paulo VI). Isto deve levar-nos a tomar uma maior consciência do que Jesus nos dá e pede». (D. António Marto, A Eucaristia, encontro e comunhão com Cristo e com os irmãos, n. 8)
A celebração da Eucaristia e a comunhão do mesmo Corpo de Cristo faz-me reconhecer o chamamento à unidade? Olho a diversidade de missões e carismas que há na comunidade como riqueza, ou a diversidade é muitas vezes para mim causadora de invejas e contendas?
«Testemunhando a verdade no amor, cresceremos em tudo para aquele que é a cabeça, Cristo»
A maturidade cristã revela-se no compromisso pela comunhão e no esforço que a mesma requer. A verdade no amor ocupa o lugar central desse trabalho. São duas realidades que se requerem reciprocamente, de modo que o verdadeiro amor só existe na verdade e a verdade só é plena se for vivida no amor.
Construir a unidade implica ser capaz de estar diante do outro com verdade e dizer sempre a verdade, mas com amor. Na hora de dizer o que penso, a verdade que defendo, como o faço: com arrogância ou com caridade? Como partilho as minhas opiniões no seio da comunidade? E como escuto as opiniões daqueles que não pensam como eu?
4. Partilha da Palavra
– Partilho com os outros o dom recebido: que posso oferecer-lhes? –
Comunico uma palavra ou frase que me interpelou. Posso também partilhar algo do que rezei na minha intimidade. Esta minha participação deve ser voluntária e breve.
5. Oração
– A partir do que escutei e vivi neste tempo, falo com o Senhor –
Faço uma oração espontânea a partir do texto lido ou da meditação feita.
Podemos rezar juntos a oração proposta para este biénio pastoral ou o salmo 133, que se segue:
Vede como é bom e agradável
que os irmãos vivam unidos!
É como óleo perfumado derramado sobre a cabeça,
a escorrer pela barba, a barba de Aarão,
a escorrer até à orla das suas vestes.
É como o orvalho do monte Hermon,
que escorre sobre as montanhas de Sião.
É ali que o Senhor dá a sua bênção,
a vida para sempre.
6. Compromisso
– A que me convida, hoje, o Senhor? –
Faço um momento de silêncio e formulo um compromisso pessoal.
Posso também propor um gesto ou iniciativa comunitária.
Cântico final (à escolha, ver anexo)
7. Em casa
– Levo para a vida a mensagem que acolhi –
No seguimento do encontro de grupo, procurarei dedicar algum tempo (15-20 minutos), num ou mais dias da semana, para retomar a meditação e contemplação da Palavra de Deus e nela encontrar a luz e a força de Deus para a minha vida no dia-a-dia.