Lectio divina para o 3º Domingo da Quaresma, Ano A

Dar fruto que permaneça

Dar fruto que permaneça

Acolhimento e saudação entre os participantes

  1. Invocação do Espírito Santo / Oração inicial

– Invoco a presença de Deus –

1.1. Cântico (à escolha, ver anexo)

1.2. Prece

Senhor Jesus,
Tu és a videira verdadeira, nós os ramos:
faz-nos permanecer unidos a Ti,
acolher a seiva do teu amor,
para darmos frutos de amor, de vida e de alegria.
No dom da tua misericórdia, Tu nos escolhes,
fazes de nós teus amigos,
partilhas connosco a tua alegria,
para que a nossa alegria seja completa.
Na Eucaristia, alimentas-nos da tua vida e amor,
A fim de permanecermos unidos a Ti,
vivendo na tua amizade,
e dando fruto que permaneça,
para que tua alegria permaneça em nós
e, por nós, no mundo. Ámen.

  • Leitura da Palavra

– Escuto e compreendo a Palavra que me é oferecida –

  • Leitura do Evangelho segundo São João (15, 1-17)

Jesus disse aos seus discípulos:  1«Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor.  2Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim  e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda.  3Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado.  4Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós.  Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo,  mas só permanecendo na videira,  assim também acontecerá convosco,  se não permanecerdes em mim.  5Eu sou a videira; vós, os ramos.  Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto,  pois, sem mim, nada podeis fazer.  6Se alguém não permanece em mim,  é lançado fora, como um ramo, e seca.  Esses são apanhados e lançados ao fogo, e ardem.  7Se permanecerdes em mim  e as minhas palavras permanecerem em vós,  pedi o que quiserdes, e assim vos acontecerá.  8Nisto se manifesta a glória do meu Pai:  em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.  9Assim como o Pai me tem amor,  assim Eu vos amo a vós.  Permanecei no meu amor.  10Se guardardes os meus mandamentos,  permanecereis no meu amor, assim como Eu,  que tenho guardado os mandamentos do meu Pai,  também permaneço no seu amor.  11Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria,  e a vossa alegria seja completa.  12É este o meu mandamento:  que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.  13Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos.  14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando.  15Já não vos chamo servos,  visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor;  mas a vós chamei-vos amigos,  porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai.  16Não fostes vós que me escolhestes;  fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto,  e fruto que permaneça;  e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá.  17É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.»

Palavra da salvação.

  • Leitura pessoal

– Volto a ler, em silêncio: o que diz o texto? –

  • Notas para a compreensão do texto

Em Jerusalém, numa noite de quinta-feira, muito próxima da festa da Páscoa, quando a sua morte se avizinha, Jesus toma a “última ceia” com os seus discípulos. Esta torna-se também uma “ceia de despedida”, em que Jesus lhes deixa o seu “testamento”.

É neste contexto que escutamos estas palavras de Jesus. Ele parte de uma imagem, a da videira (Jesus) com os seus ramos (nós, os discípulos), e insiste repetidamente no verbo “permanecer”. A imagem é simples de compreender: se os ramos se separam da videira, secam, não dão fruto, serão deitados fora. Para dar fruto, o ramo tem de permanecer unido, receber da seiva que lhe dá a vide. Mas também a videira precisa dos ramos: os seus frutos não brotam do tronco. Há uma relação recíproca e ativa, um permanecer mútuo: nós em Jesus e Jesus em nós.

O ponto de partida de toda a vida cristã está aqui: permanecer unido a Jesus. «Antes de mais, precisamos d’Ele. O Senhor quer dizer-nos que antes de observarmos os seus mandamentos, antes das bem-aventuranças, antes das obras de misericórdia, é necessário estarmos unidos a Ele, permanecer n’Ele. Não podemos ser bons cristãos, se não permanecermos em Jesus. Ao contrário, com Ele podemos tudo (cf. Fl 4, 13). Com Ele, podemos tudo» (Papa Francisco).

A videira, por sua vez, precisa dos ramos para dar fruto. Jesus quer precisar de nós, do nosso testemunho de vida cristã. Permanecendo unidos a Ele na oração, na escuta da Palavra, alimentando-nos d’Ele na Eucaristia, pelo dom do seu Espírito, seremos capazes do amor verdadeiro que se exprime em frutos de caridade, de bondade, de paz, de “alegria plena”. Amar “como” Jesus ama, com esse amor total e gratuito, «significa pôr-se ao serviço, ao serviço dos irmãos, tal como Ele o fez ao lavar os pés dos discípulos. Significa também sair de si mesmo, desapegar-se das próprias seguranças humanas, das comodidades mundanas, para se abrir aos outros, especialmente aos mais necessitados. Significa pôr-se à disposição, com o que somos e o que temos. Isto significa amar não com palavras, mas com gestos» (Papa Francisco).

  • Meditação pessoal

– Medito interiormente a Palavra acolhida: o que me diz o Senhor? –

«Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer»

A identidade do cristão está em permanecer unido a Jesus. Sem acolher a seiva que lhe é dada pela vide, os ramos não podem dar fruto, não têm vida… A vida cristã depende desta relação essencial, de encontro verdadeiro com Jesus, de permanecer unido a Ele.

  • Sinto-me verdadeiramente unido a Jesus? O que faço para permanecer unido a Ele? Procuro acolher a “seiva” do seu Espírito na oração, na celebração dos sacramentos, na escuta da Palavra?

«Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos»

Jesus quer precisar de nós para continuar a atuar no mundo. A glória do Pai quer manifestar-se em frutos de caridade, de paz, de bondade, de alegria verdadeira. O cristão não vive fechado na sua relação com Deus, mas manifesta-a no seu compromisso, pessoal, missionário, social…

  • Quais os “frutos” do meu “permanecer” unido a Jesus? A oração, escuta da Palavra, celebração dos sacramentos e em particular da Eucaristia ajudam-me a viver um verdadeiro compromisso cristão na sociedade e em Igreja? A que desafios concretos de testemunho e compromisso me sinto chamado por Deus?

«Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa»

A alegria é uma marca essencial da vida dos discípulos de Jesus. «A alegria de saber que somos amados por Deus apesar da nossa infidelidade faz-nos enfrentar as provações da vida com fé, faz-nos atravessar as crises para delas sairmos melhores. É no viver esta alegria que consiste o nosso ser verdadeiras testemunhas, porque a alegria é o sinal distintivo do verdadeiro cristão. O verdadeiro cristão não é triste, tem sempre a alegria dentro dele, até nos maus momentos» (Papa Francisco).

  • Vivo verdadeiramente envolvido pela alegria cristã e sou capaz de contagiar outros com ela? O encontro com Jesus na Eucaristia faz-me viver com mais alegria em cada dia?

«É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei»

Jesus dá-nos o testemunho da sua vida como medida para o nosso amor. Ele que nos ama com o mesmo amor do Pai, puro, incondicional, gratuito. Amor que vai até ao dom total de si mesmo na cruz e se exprime simbolicamente no gesto do lava-pés, sinal de serviço e entrega. Amor que celebramos realmente presente em cada Eucaristia.

  • Procuro ter Jesus como “medida” da minha vida? O que faço para viver numa atitude de serviço aos irmãos? Que “frutos” do “amar como” Jesus reconheço presentes na minha vida? Quando celebro a Eucaristia, procuro deixar-me amar por Jesus que se entrega por mim?

«A vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai. Fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto, e fruto que permaneça»

Jesus toma a iniciativa de vir ao nosso encontro. É Ele quem nos escolhe e dá a possibilidade de viver na sua amizade. A nossa resposta é sempre isso mesmo: corresponder ao dom que acolhemos. No encontro da iniciativa de Deus com a liberdade humana, cresce a fé que se exprime na vida em frutos que permanecem.

  • Vivo a fé como uma verdadeira amizade? Deixo que esta se torne presente na minha vida de cada dia? A fé dá-me sentido e suporte para uma presença de serviço na comunidade?
  • Partilha da Palavra

– Partilho com os outros o dom recebido: que posso oferecer-lhes? –

Comunico uma palavra ou frase que me interpelou. Posso também partilhar algo do que rezei na minha intimidade. Esta minha participação deve ser voluntária e breve.

  • Oração

– A partir do que escutei e vivi neste tempo, falo com o Senhor –

Faço uma oração espontânea a partir do texto lido ou da meditação feita.

Posso também fazer a oração proposta para este triénio pastoral ou o salmo 79 (80), 2ac.3b.15-16.18-19, que se segue:

Pastor de Israel, escutai,
Vós estais sobre os Querubins, aparecei.
Despertai o vosso poder
e vinde em nosso auxílio.

Deus dos Exércitos, vinde de novo,
olhai dos céus e vede, visitai esta vinha;
protegei a cepa que a vossa mão direita plantou,
o rebento que fortalecestes para Vós.

Estendei a mão sobre o homem que escolhestes,
sobre o filho do homem que para Vós criastes.
Nunca mais nos apartaremos de Vós,
fazei-nos viver e invocaremos o vosso nome.

Glória ao Pai…

  • Compromisso

A que me convida, hoje, o Senhor? –

Faço um momento de silêncio e formulo um compromisso pessoal.

Posso também propor um gesto ou iniciativa comunitária.

Cântico final (à escolha, ver anexo)

7. Em casa:

– Levo para a vida a mensagem que acolhi –

No seguimento do encontro de grupo, procurarei dedicar algum tempo (15-20 minutos), num ou mais dias da semana, para retomar a meditação e contemplação da Palavra de Deus e nela encontrar a luz e a força de Deus para a minha vida no dia-a-dia.

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