Lectio divina para o 3º Domingo da Páscoa, Ano A

No tempo pascal, as leituras falam-nos da "experiência" de Jesus Ressuscitado feita pelos Apóstolos, e os efeitos de mudança de convicções e de vida que ela provocou neles.
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Reconheceram o Ressuscitado ao partir do pão

Introdução

No tempo pascal, as leituras falam-nos da “experiência” de Jesus Ressuscitado feita pelos Apóstolos, e os efeitos de mudança de convicções e de vida que ela provocou neles. São ensinamentos sobre a fé na Ressurreição de Jesus, e como nós podemos fazer hoje a experiência do Ressuscitado em nossas vidas. 

O Ressuscitado não é reconhecido com facilidade (alguém pensa estar a ver um fantasma, Madalena pensa que Ele é o jardineiro; no lago é considerado um pescador hábil, Tomé quer colocar o seu dedo na lado aberto pela lança…).

Oração

Senhor Jesus,
como os discípulos a caminho de Emaús,
também eu tenho dificuldades
em te reconhecer na caminhada da vida.
Ilumina-me com a tua Palavra
e alimenta-me com o Pão da Eucaristia,
para que, alimentado por Ti,
seja testemunha da Tua Ressurreição.
Amen.

2 – Escuta da Palavra de Deus

Uma das questões que nos colocamos é: como posso fazer hoje a experiência do Ressuscitado na minha vida? Lucas, no relato dos dois discípulos a caminho de Emaús, apresenta uma catequese sobre a presença de Jesus Ressuscitado entre nós. Podemos fazer o encontro com Ele na escuta da Palavra e na fracção do Pão, na Eucaristia. Quem faz este encontro é impelido pelo Espírito Santo a partilhar a experiência com os outros. Daí surge o dinamismo missionário.

2.1. Leitura do Evangelho segundo S. Lucas (24, 13-35)

Dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer. Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos. E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!» Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.» Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?» E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!» E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.

2. 3.  Breve comentário

Dois discípulos de Jesus, desanimados e desiludidos com o drama do Calvário, desligaram-se do grupo, afastaram-se de Jerusalém e regressaram à sua terra, Emaús. Para eles, estava tudo acabado; todos os sonhos tinham caído por terra.

Ao longo do caminho, junta-se a eles um outro caminhante que os acompanha na caminhada e na conversa. Quando chegam a casa, convidam-no a passar ali o resto da noite. E, então, acontece algo inesperado que os faz regressar apressadamente a Jerusalém: no gesto da Fracção do Pão, reconhecem Jesus.

Os dois discípulos têm um ar muito triste… 

Fracassaram as suas esperanças e os seus projectos; esperavam um messias glorioso, um rei vencedor… e, de repente, encontram-se diante de um morto derrotado que nada conseguiu.

Eles conhecem a história de Jesus: ” É um Profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo”, mas a história que conhecem não está completa, porque termina na morte: “Os nossos chefes entregaram-No para ser condenado e crucificado”.

Por mais estima e admiração que tivessem por Jesus, fazem d’Ele alguém igual a todos os outros homens que são vencidos pela morte. O resultado deste conhecimento incompleto é a tristeza, porque sem a Fé na Ressurreição, a vida neste mundo é uma tragédia sem sentido.

Mas Jesus não abandona aqueles que escolhem as estradas que levam à tristeza; pelo contrário, torna-se companheiro de jornada e revela-Se como Aquele que caminha com a humanidade para lhe transmitir a Luz e a Força da Sua Vitória sobre a morte.

Para estes discípulos, Jerusalém é um lugar de derrota e de morte… e por isso se afastam, carregados de desânimo. Ir para Emaús significava abandonar o Projecto de Deus.

“Começando por Moisés e passando pelos profetas, explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito”.

É a Palavra de Deus que vai começar a abrir o entendimento daquelas pessoas que são “homens sem inteligência e lentos de espírito para acreditar em tudo o que os profetas anunciaram”.

E a Palavra de Deus é eficaz: “Não ardia cá dentro o nosso coração quando Ele falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?

Chega o momento da revelação plena em que são desfeitas todas as dúvidas e hesitações: “Quando se pôs à mesa, tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho; Nesse momento abriram-se-lhes os olhos e reconheceram-No”.

É aqui que tudo se transforma: a desilusão e o desencanto desaparecem para dar lugar ao entusiasmo; a tristeza e a frustração dão lugar à alegria de quem encontrou o que tinha perdido.

Logo que reconheceram o Senhor, “partiram imediatamente de regresso a Jerusalém, contaram o que tinha acontecido no caminho e como O tinham reconhecido ao partir do Pão”.

Na narração dos discípulos de Emaús, estão presentes todos os elementos da celebração eucarística: antes de mais, há a entrada do celebrante; depois, vem a liturgia da Palavra com a homilia; em seguida, o «partir do pão».

O pão eucarístico não pode ser partido, se antes não se tiver realizado a liturgia da Palavra. Só na hora da comunhão eucarística os olhos se abrem e os discípulos se dão conta de que o Ressuscitado está no meio deles, mas, sem a Palavra, não teriam conseguido descobrir a Cristo no pão eucarístico.

Os discípulos de Emaús, tendo reconhecido o Ressuscitado, vão a correr anunciar a sua descoberta aos irmãos e com eles proclamam a fé: «na verdade, o Senhor ressuscitou» … É este o sentido do envio no final da Eucaristia: “Ide…” Anunciai que o Senhor está vivo e imitai-O na sua entrega por nós, vivendo no serviço em especial dos mais necessitados.

3. Perguntas para reflexão pessoal e partilha

– Onde posso fazer hoje a experiência do Ressuscitado na minha vida?

– Que importância tem para mim a palavra de Deus e a Eucaristia?

–  Sinto-me enviado pelo Ressuscitado a ser testemunha da Ressurreição?

4. Oração

Senhor,
agradam-nos mais os grandes discursos do que os encontros.
Partilhamos trabalho, refeições, viagens…,
mas não partilhamos a vida;
Não falamos de nós com o coração nas mãos.
Ajuda-nos a manter conversas íntimas,
que ajudam a ser e a viver das que se parecem com as Tuas.
Fica connosco, para que sejamos Tua presença no nosso mundo.

Repositório LECTIO DIVINA
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