Lectio divina para o 31º Domingo do Tempo, Ano C

No caminho para Jerusalém, Jesus passa por Jericó onde é recebido por uma multidão, entre os quais encontramos o pequeno Zaqueu que, ao procurar ver, é ele quem é visto por Jesus.

«Procurar e salvar»

Lectio Divina para o Domingo XXXI do Tempo Comum (Ano C), 30.10.2022

Breve introdução

No caminho para Jerusalém, Jesus passa por Jericó onde é recebido por uma multidão, entre os quais encontramos o pequeno Zaqueu que, ao procurar ver, é ele quem é visto por Jesus. Do cruzar de olhares deste encontro, e da iniciativa de Jesus em querer ficar em sua casa, nasce uma vida renovada, porque «o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido». Na Eucaristia, do alto dos nossos sicómoros, podemos, também nós, procurar ver quem é Jesus, Ele que aí se “esconde” na sua presença real, Ressuscitado. Mas é Ele, em primeiro lugar quem vem até nós, desafia o nosso olhar, e nos diz convictamente: «hoje devo ficar em tua casa». Ao receber a sua presença, em nossa «casa», a nossa vida pode continuar a ser lugar de salvação.

1. Invocação

Senhor Jesus,
Tu que continuas a vir ao nosso encontro,
Lança sobre nós o teu olhar e, olhos nos olhos,
Diz-nos hoje, de novo: “Hoje devo ficar em tua casa”.
Faz-nos descer ao teu encontro
Para te abrirmos as portas da nossa casa e da nossa vida.
Acolhendo a tua presença e misericórdia,
Também em nós aconteça hoje a alegria da salvação.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Lucas

No texto do Evangelho que vamos escutar, encontramo-nos em Jericó com Zaqueu, o publicado que quer ver quem é Jesus. Mas, na verdade, é ele quem é visto por Jesus e, ao recebê-lo em sua casa, aí deixa entrar a salvação.

2.2. Leitura do Evangelho segundo São Lucas (Lc 19, 1-10)

Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».

(momento de silêncio para interiorizar a Palavra)

2.3. Breve comentário

O texto do Evangelho deste domingo situa-nos em Jericó, oásis nas margens do mar Morto, já bastante perto da cidade de Jerusalém para onde temos sido desafiados a caminhar convictamente com Jesus. 

Ao entrar na cidade, a multidão que cerca Jesus não deixa que a curiosidade de Zaqueu, chefe de publicanos, responsável pela cobrança dos impostos para o Império Romano, homem de baixa estatura (talvez mais do que simplesmente física, assim considerada moralmente pelos seus conterrâneos), possa ser satisfeita. Sobe a uma árvore. Lá de cima espera poder discretamente ver Jesus. Mas é Jesus que o vê. O primeiro olhar é de Jesus, e nesse olhar começa um caminho de conversão. Jesus chama-o pelo nome e, sem outras explicações ou repreensões, diz-lhe que “deve” ficar na sua casa. A alegria de Zaqueu contrasta com a insatisfação e murmuração da multidão que não compreende porque é que Jesus “deve” ficar precisamente na casa daquele homem de baixa estatura.

Zaqueu acolhe Jesus em sua casa, mas, na verdade, é ele quem primeiro se sente acolhido pela presença e misericórdia de Jesus. Zaqueu parece “crescer” para se apresentar diante de Jesus com uma nova forma de pensar e sentir, com vontade de se deixar tocar pela misericórdia e, também ele, se tornar capaz de se aproximar e usar de misericórdia para com aqueles que mais precisam, além de devolver a quem injustamente tenha prejudicado. 

Na presença de Jesus, Zaqueu sente-se salvo de uma mentalidade fechada, egoísta e mesquinha, para se abrir à partilha e ao amor: «O acolhimento e a atenção de Jesus para com aquele homem levaram-no a uma clara mudança de mentalidade: num instante ele percebeu como é mesquinha uma vida tomada pelo dinheiro, à custa de roubar aos outros e receber o seu desprezo. Ter o Senhor ali, na sua casa, faz com que ele veja tudo com outros olhos, até com um pouco da ternura com que Jesus olhou para ele. E a sua maneira de ver e usar o dinheiro também muda: o gesto de se apoderar é substituído pelo de oferecer. Zaqueu descobre de Jesus que é possível amar gratuitamente: era mesquinho, agora torna-se generoso; gostava de acumular, agora alegra-se em distribuir. Ao encontrar o Amor, descobrindo que é amado apesar dos seus pecados, torna-se capaz de amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de comunhão.» (Papa Francisco, Angelus, 3 de novembro de 2019)

3. Silêncio meditativo e diálogo

  • «Zaqueu procura ver quem era Jesus»

Zaqueu, talvez ainda sem o saber conscientemente, procurava não apenas ver, mas conhecer quem era Jesus e, n’Ele, encontrar um novo sentido para a sua vida. A sua pequena estatura, e a multidão que envolvia Jesus, obrigaram-no a subir ao sicómoro. A busca de Deus, mesmo que nem sempre consciente, não deixa de estar presente na humanidade de hoje. Podemos sentir-nos “pequenos” demais ou, por vezes, sentir-nos “impedidos” por tantas circunstâncias, acontecimentos ou pessoas que não nos facilitam encontrar Jesus que vem. Mas Jesus vem, continua a passar e a procura-nos sempre. Se nós buscamos Deus, é porque, e em primeiro lugar, Ele nos busca a nós.

Procuro Jesus, e busco um verdadeiro conhecimento de quem Ele é? Quando me sinto “pequeno”, procuro subir aos “sicómoros” da Palavra e dos sacramentos, da oração e da reflexão, para crescer na certeza de que Jesus continua a vir constantemente à minha procura? A minha presença e testemunho como cristão, ajuda ou dificulta que outros se encontrem com Jesus? 

  • «Jesus olhou para cima e disse-lhe “desce depressa”»

«O olhar misericordioso do Senhor alcança-nos antes que nós mesmos percebamos que precisamos de ser salvos. E com esse olhar do Mestre divino começa o milagre da conversão do pecador» (Papa Francisco). Por isso, é tão necessário deixar-se olhar por Jesus, encontrar-se de verdade com Aquele que toma a iniciativa de vir ao nosso encontro, e que nos desafia a não deixar arrastar o que apressadamente deve acontecer de conversão nas nossas vidas.

A escuta da Palavra, a celebração da Eucaristia, a participação na vida da comunidade, o serviço aos irmãos e a oração são, para mim, ocasião para me deixar olhar verdadeiramente por Jesus? Acolho com alegria o desafio de deixar entrar Jesus em minha casa, na minha vida?

  • «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens…»

O encontro com Zaqueu não é feito de repreensões ou acusações. Acolhendo Jesus, é Zaqueu quem primeiro se sente acolhido pela misericórdia de Deus, e percebe toda a grandeza que pode dar à sua vida. Deste encontro não surgem apenas alguns gestos de solidariedade, mas uma verdadeira conversão, uma mudança de mentalidade.

O meu pensar, sentir e agir, é expressão de um verdadeiro encontro com Jesus? A minha fé envolve toda a minha vida: “cabeça, coração e mãos”? Na vida pessoal, familiar e comunitária, nas opções e atitudes, no trabalho e no lazer, vivo como discípulo de Jesus?

  • «O Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido»

Procurar e salvar. Deus não desiste de nos procurar. Não desiste de nos oferecer a sua salvação, de querer iluminar-nos e fortalecer-nos com o seu amor, para que a nossa vida seja salva, seja uma vida boa, bela e feliz. Para Deus, nunca estamos perdidos: podemos sempre reencontrar-nos com a sua misericórdia. Deus nunca se cansa de nos perdoar.

Reconheço, com humildade, que preciso de acolher sempre a misericórdia e o perdão de Deus? Como posso crescer sempre mais na fé do amor infinito de Deus que quer o meu bem, mesmo que isso implique o esforço da conversão?

4. Propósito e Oração final

– Durante esta semana, rezo este texto do Evangelho, pedindo a Deus que me ajude a crescer na certeza de que Deus me procura constantemente para me oferecer o dom do seu amor, a sua salvação.

– Pai Nosso

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