Texto: Pe. Fidel Ortega
Vozes: Cristiana Lameiro e Paulo Lameiro
Pós-Produção: José Simões
Redescobrir que tudo é dom de Deus
Introdução
Jesus utilizava as parábolas para poder chegar mais facilmente às pessoas com imagens e personagens conhecidas por elas. Deste modo conseguia tocar até os corações mais fechados.
Na parábola de hoje, vamos ver que quem quer acumular méritos diante de Deus acaba inevitavelmente desprezando os outros. Jesus aponta, pelo contrário, a atitude humilde e despretensiosa, pois tudo na nossa vida é dom de Deus.
Palavra de Deus
Vais agora escutar uma passagem do Evangelho segundo S. Lucas
Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: “Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: “Meus Deus, dou-vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos”. O publicano ficou à distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: “Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador”. Eu vos digo que este desceu justificado para a sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”.
Meditação
“Meu Deus, dou-vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como esse publicano…”
A atitude do fariseu mostra uma imagem de Deus própria dos judeus daquele tempo: um Deus contabilista que tem um grande livro onde anota todas as boas e más ações de cada um e distribui prémios e castigos. Daí, em consequência, surge a necessidade da separação de bons e maus, justos e pecadores.
Qual é a imagem de Deus que tenho? Sou também tentado a considerar-me melhor do que os outros?
“Meus Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador”
Verdadeiramente, perante Deus, o homem está sempre de mãos vazias. Sendo tudo proveniente de Deus, ninguém pode exibir nada de seu nem “comprar” a complacência divina.
Consigo reconhecer que as minhas boas obras são sinal da graça de Deus em mim? Aceito com confiança que a salvação é um dom do amor de Deus?
“Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado”.
Esta afirmação de Jesus é para aqueles que confiam nos seus próprios méritos, no caso, o fariseu que se exalta pelas suas boas obras e se sente orgulhoso diante de Deus por isso. Para não vir a ser humilhado, deve ser capaz de chegar a encontrar-se de mãos vazias, ser pequeno, pobre, para poder ser cheio dos dons de Deus.
Sinto afeição pela humildade? Ou sinto mais gosto pela ideia de ser exaltado?
“Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros”
Estes não são só os fariseus, como costumamos pensar, mas os cristãos do tempo do evangelista para quem ele escreve, para os advertir desta perigosa mentalidade. E os cristãos de todos os tempos, já que a ideia de merecer diante de Deus está profundamente enraizada no ser humano e ninguém pode dizer que está totalmente livre deste pensamento, que faz tanto mal na vida das nossas comunidades.
Costumo sentir-me o único bom naquilo que faço?
Oração
Rezemos um trecho do salmo 50:
Compadecei-Vos de mim, ó Deus, pela vossa bondade,
pela vossa grande misericórdia, apagai os meus pecados.
Lavai-me de toda a iniquidade
e purificai-me de todas as faltas.
Porque eu reconheço os meus pecados
e tenho sempre diante de mim as minhas culpas.
Pequei contra Vós, só contra Vós,
e fiz o mal diante dos vossos olhos.
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