Paz, alegria, missão
Breve Introdução
Novos caminhos se abrem com a Ressurreição de Jesus! Com a Sua Vitória sobre a morte, Jesus introduz no mundo e na história algo novo, impensável, inimaginável. A sua misericórdia brota do seu lado aberto, que permanece aberto no Seu Corpo Glorioso, ressuscitado, e dessa fonte transborda uma água capaz de apagar todos os fogos destruidores e de saciar a sede de todos os corações. Por isso, desde o ano 2000, a Igreja celebra neste II Domingo da Páscoa (Pascoela) o Domingo da Misericórdia, colocando no núcleo da celebração da fé cristã a alegria do Amor infinito de Deus por cada um de nós.
Os dons do ressuscitado são a paz, a alegria e a missão (cf. Papa Francisco). A cada domingo, a Igreja, reunida no cenáculo, celebrando a eucaristia, encontra Jesus Vivo, recebe a paz que d’Ele vem, experimenta a alegria profunda e indestrutível que vem da fé, e ouve de Jesus o envio em missão.
Queremos neste Domingo abrir o nosso coração à visita do Ressuscitado na nossa vida.
1. Invocação
Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do Vosso amor.
Enviai, Senhor, o Vosso Espírito, e tudo será criado,
e renovareis a face da terra.
2. Escuta da Palavra de Deus
2.1. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João (Jo 20,19-31)
Na tarde daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam, com medo dos judeus, veio Jesus, apresentou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos ficaram cheios de alegria ao verem o Senhor. Jesus disse-lhes de novo: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós». Dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto». Muitos outros milagres fez Jesus na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em seu nome.
2.2. Breve Comentário
Tudo começa no dia de Páscoa. No cenáculo, fechados, cheios de medo, sem esperança, os discípulos não sabem que fazer. Estão bloqueados, sem saída. Mas Jesus irrompe, como o feixe de luz, uma luz nova, surpreendente. E traz consigo três dons: a paz, a alegria e a missão.
«A paz esteja convosco», são as suas primeiras palavras. O Ressuscitado traz a paz autêntica: através da cruz realiza a reconciliação entre Deus e a humanidade, e a vitória do pecado e da morte. Esta é a verdadeira paz. Quando não existe no coração humano a paz que vem da descoberta da misericórdia divina, deste amor que tudo vence, que preenche o coração, que restaura a vida, que afasta as nuvens do medo, é muito difícil acontecer a paz exterior. A transformação do mundo deve acontecer no dinamismo de dentro para fora. Receber a paz que vem de Jesus Ressuscitado faz-nos naturalmente construtores da paz à nossa volta.
O segundo dom que Jesus ressuscitado traz aos discípulos é a alegria. Ver Jesus é fonte de uma alegria indescritível. Quando algo de bom, de maravilhoso acontece, também nós reagimos por vezes sem fé: “não acredito, não é possível que isto esteja a acontecer”. O facto da ressurreição poderia parecer impossível aos discípulos. Mas ali está Jesus, com eles, de novo, e para sempre. A descoberta, pela fé, da sua presença viva no meio de nós produz no cristão a maior das alegrias. Não estamos sozinhos! Ele vive e está no meio de nós.
Além da paz e da alegria, Jesus dá aos discípulos o dom da missão. “Também Eu vos envio a vós”. Anunciar Jesus ressuscitado ao mundo é um dom que Deus nos dá. Não devemos vê-lo como um fardo. Como é bom saber que Jesus conta connosco nesta missão de fazer chegar a todos os corações de todos os tempos e lugares esta paz e alegria que d’Ele nos vem. Recebendo o Espírito Santo, o Espírito do ressuscitado, tornamo-nos portadores do amor de Deus, capaz de transformar o mundo.
3. Silêncio meditativo e diálogo
Na tarde daquele dia, o primeiro da Semana
– O domingo é o dia dos cristãos, a nossa Páscoa semanal. Devo encontrar-me com Jesus vivo, particularmente participando na Eucaristia, vivendo do amor fraterno, na minha comunidade e na minha família. Que significado dou ao domingo? Vivo-o como cristão?
A paz esteja convosco
– Mesmo no meio das perturbações, interiores e exteriores, posso experimentar paz, porque a misericórdia de Deus me perdoa, a presença de Jesus vivo me enche de alegria e o Espírito Santo me envia em missão. Recebo e experimento esta paz que vem de Jesus? E comunicou-a aos outros nas minhas relações pessoais?
Meu Senhor e meu Deus!
– A fé faz-me ver Deus onde os olhos da carne vêm apenas um homem. Jesus é Deus, e isso fica “provado” com a sua ressurreição. Se acredito n’Ele, então, significa que a minha vida é d’Ele. Tudo lhe pertence, tudo precisa de estar orientado para Ele na minha vida. Acredito que Jesus é quem me dá a conhecer Deus? Como é que isso marca a minha vida?
4. Gesto e oração final
Posso dizer no meu coração, muitas vezes ao dia, particularmente diante do sacrário, ou no momento da consagração, na eucaristia: “Meu Senhor e meu Deus.”