Lectio divina para o 27º Domingo do Tempo, Ano C

Neste primeiro domingo de outubro, a Igreja de Leiria-Fátima reúne-se em Assembleia, presidida pelo seu pastor, o Bispo Diocesano, como ponto de partida para um novo ano pastoral, sob o lema: “Eucaristia, comunhão e missão”.

Viver com fé o projeto de vida cristã

Lectio Divina para o Domingo XXVII (Ano C)  02.10.22

Breve Introdução

Neste primeiro domingo de outubro, a Igreja de Leiria-Fátima reúne-se em Assembleia, presidida pelo seu pastor, o Bispo Diocesano, como ponto de partida para um novo ano pastoral, sob o lema: “Eucaristia, comunhão e missão”. A Liturgia da Palavra convida-nos à reflexão de vários temas: a fé, a radicalidade do caminho do Reino… Sobressai aquela que nos leva a pensar na atitude que devemos assumir diante de Deus. O Evangelho convida-nos a aderir, com coragem e radicalidade, ao projeto de vida a que, em Jesus, Deus chama cada um de nós e ao qual respondemos com a fé.

1. Invocação do Espírito Santo

Vinde, Espírito Santo,
enchei-nos dos vossos dons para que,
por Vós animados,
saibamos discernir e compreender
o projeto de vida a que chamas cada um de nós,
e, por Vós fortalecidos,
sejamos capazes de o viver com fé
e em fidelidade à vontade do Pai.

Escuta da Palavra de Deus

2.1. Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas (Lc 17,5-10)

Naquele tempo,
os Apóstolos disseram ao Senhor:
«Aumenta a nossa fé».
O Senhor respondeu:
«Se tivésseis fé como um grão de mostarda,
diríeis a esta amoreira:
‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’,
e ela obedecer-vos-ia.
Quem de vós, tendo um servo a lavrar ou a guardar gado,
lhe dirá quando ele volta do campo:
‘Vem depressa sentar-te à mesa’?
Não lhe dirá antes:
‘Prepara-me o jantar e cinge-te para me servires,
até que eu tenha comido e bebido.
Depois comerás e beberás tu.
Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou?
Assim também vós,
quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei:
‘Somos inúteis servos:
fizemos o que devíamos fazer’».

Palavra da salvação.

Breve comentário

São muitos aqueles que vêm diante de Deus em atitude de «justiça comutativa». Pensam num tipo de trocas comerciais. Deus tem direito sobre nós e isso pode impor-nos alguns mandamentos. Se os cumprirmos, mereceremos receber a recompensa. Concebem a lei como imposição; supõem que o prémio corresponde às ações realizadas e, por isso, sentem-se dispostos a exigir a Deus a «paga». 

Perante essa atitude, o Evangelho mostrou a posição do «servo» que recebe a ordem que o Senhor lhe deu. Se agir bem, não atua pela paga; faz simplesmente o que deve. Da mesma maneira, o verdadeiro seguidor de Cristo descobriu que Deus é o Senhor e que vale a pena realizar as obras que nos manda. Por isso, no fim do caminho, não pode exigir-lhe nada, abertamente. Não foi mais do que um pobre servo; fez o que devia. 

Para interpretar corretamente esta atitude, há que situá-la no âmbito de uma autêntica amizade, de uma confiança profunda e verdadeira. Amigo é quem ajuda o outro sem falar de prémio nem de recompensa. Não necessita de leis ou mandamentos; sabe o que agrada ao seu amigo e realiza-o porque crê que vale a pena realizá-lo. Semelhante deve ser a nossa atividade a respeito de Deus. Descobrimos a sua Vontade e cumprimo-la. Em princípio, não importa o prémio ou castigo. Mais ainda, pensamos que Deus não pode jamais ser nosso devedor, por mais que tenhamos procurado cumprir até ao fim os seus mandamentos.

Depois de afirmar isto, devemos acrescentar algo muito importante. Deus não é obrigado a dar-nos nenhum prémio, nem tem que agradecer-nos qualquer serviço. Porém, porque é amigo, suscita-nos confiança; sabemos que se preocupa connosco e podemos confiar na sua presença e na sua ajuda. Uma vez que fizemos a nossa parte e que dissemos «somos servos inúteis», podemos acrescentar: … porém, temos um amigo que nos quer muito mais do que poderíamos imaginar. 

Por isso estamos seguros nas suas mãos. Isto significa que a nossa experiência religiosa sai do nível da lei, do mérito e do prémio que se exige e entra num contexto de amor e de confiança. Por amor, fazemos o que é bem. Confiadamente, pomo-nos no fim nas mãos do mistério que recebe, diante de nós, aspetos de um amigo e pai (Deus). Não sabemos o que o amigo nos dará; mas temos uma imensa confiança. E por isso, quando tivermos feito o que estava nas nossas mãos, podemos acrescentar: agora estamos, de verdade, em boas mãos. Nas mãos de um amigo que nos ama. Não merecemos nada, mas confiamos no seu amor e estamos certos de que nos concederá muito mais do que teríamos sonhado.

Silêncio meditativo e diálogo

Aumenta a nossa fé.

Pedir ao Senhor que aumente a fé é já ter a consciência de que se tem (alguma) fé, sem nos deixarmos cair na presunção de que ela é grande.

É reta a minha conceção de fé? Que sentido dou a este termo? Não confundo a piedade e intensa devoção com o ter fé? Tomo consciência de que ter fé é colocar-me nas mãos do Pai na certeza de que Ele cuida de mim e me oferece, deixando acontecer, o que é bom para mim.

– Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira:
‘Arranca-te daí e vai plantar-te no mar’, e ela obedecer-vos-ia’.

Fé é isso mesmo: acreditar que isto é possível, tomando consciência de que ações extraordinárias, miraculosas, não acontecem se não forem necessárias e vontade de Deus.

Consciente das minhas limitações transponho-as para Deus sem pensar que a Ele tudo é possível? Tenho uma fé consciente, que me faz criar mais proximidade com Deus, ou penso que fazer ou não fazer é um capricho Seu? Tenho fé suficiente para acreditar na força da oração, sem desistir dela só porque não acontece o que eu quero e quando eu quero?

– Terá de agradecer ao servo por lhe ter feito o que mandou?

Nenhum de nós é alheio ao facto de achar que, consoante o nosso cumprimento, ou não, da vontade de Deus, somos merecedores da gratidão de Deus. Quantas vezes temos vontade de desistir de rezar ou de fazer bem, só porque Deus “não nos trata como nós queremos!”

Tenho a capacidade de ser fiel na oração e na ação, sem que seja para alcançar alguma coisa de Deus? Tenho o hábito de fazer oração de louvor e ação de graças, ou não sei fazer oração sem ser “a pedir”? Tenho consciência de que o que Deus me pede, e me manda, é para meu bem e não para Ele? Viver em Deus, fazendo a sua vontade, é bem que eu alcanço.

– Quando tiverdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: ‘Somos inúteis servos:
fizemos o que devíamos fazer’

Quando não é fácil fazer o que Deus nos manda e não sentirmos que a vida se torna mais favorável, bem mais difícil se torna fazê-lo e assumir a nossa inutilidade do que somos diante da grandeza e da misericórdia de Deus.

Tenho o hábito de agradecer a Deus o bem que por mim é feito? Reconheço que, sendo servo, não posso gloriar-me dos meus atos bons? Fico magoado porque “não sou reconhecido pelo que faço” ou porque não sinto gratidão por parte dos outros? Acredito que a humildade de Deus, em Jesus, e de Maria é modelo para o quão humilde devo ser? Tenho, realmente, consciência de que, dada a minha pequenez no universo da criação, sou de facto “servo inútil”? 

Propósito e oração final

– Ao longo da semana, vou procurar tomar consciência de que diante de Deus e, por Ele, diante de todos a única atitude justa é a da gratidão, depois de tudo fazer da melhor maneira e da melhor vontade

Cada participante pode, querendo, apresentar uma breve intenção de oração.

Pai Nosso

Oração

Em humildade, Vos pedimos, Senhor,
que, perdoando as nossas fragilidades,
nos deis o dom da humildade
e nos ensineis a viver
em permanente atitude de gratidão.Por Cristo, Senhor Nosso.

Repositório LECTIO DIVINA
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