A palavra de Deus alegra o coração
Lectio Divina para o Domingo XXVI do Tempo Comum (Ano B), 26.09.2021
Breve introdução
Aprendemos a viver através do exemplo, cuidados e palavras dos nossos pais e professores. Assim também, com as suas obras e palavras, Deus nos manifesta o seu amor e nos ensina a viver na fé e na relação filial com ele. Na Eucaristia, ouvimos proclamar a Palavra de Deus. Através dela, Deus fala connosco e guia-nos nos caminhos da vida. Podemos aproveitar melhor dos dons da Palavra de Deus e do Pão da vida, se nos prepararmos através da sua escuta e meditação ao longo da semana. Que Palavra importante nos oferece Deus neste domingo XXVI do tempo comum?
- Invocação
Jesus, tu que fizeste oração com os salmos
e alimentaste a comunhão com o Pai,
infunde em nós o Espírito Santo
para que, com a sua luz e sabedoria,
escutemos e meditemos na Palavra de Deus,
recebendo através dela o fortalecimento da fé
e a sabedoria para a vida quotidiana. Ámen.
- Escuta da Palavra de Deus
- Vamos escutar uma parte do salmo 19
Diferente do habitual, vamos centrar a nossa atenção no salmo responsorial. Sempre que possível, é cantado. Como sabemos, é também um texto da Palavra de Deus.
O salmo 19 é um hino de louvor ao Deus criador. Mas na segunda parte, aquela que vamos escutar, o estilo é sapiencial, apresentando uma meditação sobre a Lei de Deus, ou seja, sobre as suas palavras e os benefícios que faz em quem as acolhe e vive.
- Leitura do salmo 19 (18), 8-10.12-14
Os preceitos do Senhor alegram o coração.
A lei do Senhor é perfeita, ela reconforta a alma.
As ordens do Senhor são firmes,
dão sabedoria aos simples.
O temor do Senhor é puro e permanece eternamente;
Os juízos do Senhor são verdadeiros,
todos eles são rectos.
Embora o vosso servo se deixe guiar por eles
e os observe com cuidado,
quem pode, entretanto, reconhecer os seus erros?
Purificai-me dos que me são ocultos.
Preservai também do orgulho o vosso servo,
para que não tenha poder algum sobre mim:
então serei irrepreensível e imune de culpa grave.
- Breve comentário
O livro bíblico dos salmos é um conjunto de orações. “Faz parte dos livros sapienciais, porque comunica o «saber rezar» através da experiência do diálogo com Deus. Com o seu Espírito, Deus Pai inspirou-os no coração do rei David e de outros orantes, para ensinar cada homem e cada mulher a louvá-lo, a dar-lhe graças, a suplicar-lhe, a invocá-lo na alegria e na tristeza, a narrar as maravilhas das suas obras e da sua Lei. Em síntese, os salmos são palavra de Deus que, nós, humanos, usamos para falar com Ele.” Ao longo dos tempos, “tornou-se pátria, ginásio e casa de incontáveis orantes.” (Papa Francisco, catequese sobre a oração dos salmos, 14/10/2020).
Esta parte do salmo 19 faz o elogio da Lei de Deus, a que chama também ordens, preceitos e juízos. Esta Lei é muito mais do que o que normalmente entendemos com esta palavra. Designa as palavras com que Deus se revelou ao seu povo, estabeleceu aliança com ele, o instrui e guia nos retos caminhos da vida. Por isso, o salmista as considera perfeitas, verdadeiras, capazes de reconfortar a alma, dar firmeza ao caminho e sabedoria aos simples. Depois de fazer o elogio da Lei de Deus e dos seus benefícios para os crentes, o orante olha para si próprio e reconhece-se imperfeito, impuro, orgulhoso e pecador. Por isso, suplica o amparo e ajuda do Senhor para ser humilde, “irrepreensível e imune de culpa grave”.
Comentando este salmo e referindo os frutos da palavra de Deus, S. Agostinho escreve: “A Lei do Senhor reconforta a alma, porque é obra do Espírito Santo; dá sabedoria aos simples, porque é obra do Espírito Santo; alegra o coração, porque é obra do Espírito Santo; ilumina os olhos, porque é obra do Espírito Santo; permanece eternamente, porque é obra do Espírito Santo; é uma lei reta, porque é obra do Espírito Santo. Quem pode reconhecer os seus erros? Purificai-me dos que me são ocultos. Isto cantámos. Falemos disto, cantemos com o entendimento, cantando oremos, e orando imploremos: «Purificai-me dos meus erros ocultos»”.
Através das suas palavras, como escutamos na liturgia da Palavra, na Missa, Deus torna-se próximo e entra no coração dos seus fiéis, para aí permanecer, os instruir na sabedoria e os guiar nos retos caminhos da vida.
- Silêncio meditativo e diálogo
Os preceitos do Senhor alegram o coração.
A Palavra de Deus, quando a escutamos com atenção e disponibilidade para a acolher como ela é, dá-nos entusiasmo e alegria.
Quando escuto ou leio a Palavra de Deus, ela suscita alegria no meu coração? Como vou melhorar para lhe dar a devida atenção e acolhimento?
A lei do Senhor é perfeita, ela reconforta a alma.
Se reconhecemos nas palavras de Deus a expressão do seu amor por nós, elas dão-nos conforto, ânimo e confiança.
Tenho experimentado estes frutos na minha vida por efeito da Palavra de Deus? Não poderei ler e meditar brevemente todos os dias uma passagem da Bíblia?
As ordens do Senhor são firmes, dão sabedoria aos simples.
A Palavra de Deus é instrução e guia para a vida. Ajuda-me a ter luz, enfrentar e saber como agir no dia a dia.
Já experimentei a ajuda da Palavra de Deus em alguma situação da vida? Sei encontrar nela sabedoria e conselho para a minha vida?
Embora o vosso servo se deixe guiar por eles (os juízos do Senhor)e os observe com cuidado, quem pode, entretanto, reconhecer os seus erros? Purificai-me dos que me são ocultos.
A Palavra de Deus é guia para uma vida santa. Ela leva-nos a reconhecer as nossas faltas, a buscar o perdão de Deus e a esforçar-nos por viver retamente, segundo Deus.
Sou capaz de reconhecer os meus erros e procuro emendar-me, vivendo melhor a relação com Deus, com os outros e comigo mesmo? Peço a Deus para que o orgulho ou outro mal não tenha qualquer poder sobre mim?
- Propósito e oração final
Na missa do próximo domingo, vou prestar toda a atenção de que for capaz à Palavra de Deus e, durante a semana, vou dedicar um ou outro momento a ler uma passagem da Bíblia ou a rezar com um salmo.
– Pai nosso