Lectio divina para o 25º Domingo do Tempo Comum

Quando Jesus anuncia a sua paixão, morte e ressurreição, os discípulos, que não compreendem o que Ele diz, e com medo de O interrogar, falam entre si numa lógica completamente diferente: quem de entre nós será o maior?

Seguir Jesus no serviço aos irmãos

Lectio Divina para o Domingo XXV do Tempo Comum (Ano B), 19.09.2021

Breve introdução

Quando Jesus anuncia a sua paixão, morte e ressurreição, os discípulos, que não compreendem o que Ele diz, e com medo de O interrogar, falam entre si numa lógica completamente diferente: quem de entre nós será o maior? Entrar na lógica de Jesus, num caminho de entrega, em que o maior é quem serve, é um desafio constante para os discípulos de todos os tempos. No abraço a uma criança, sinal da pequenez e fragilidade, exprime-se o desafio a abraçar uma vida vivida na lógica de Jesus, que serve os outros e não se serve dos outros.

1. Invocação

Senhor Jesus,
tu que te fizeste servo de todos
entregando-te, por nós, na cruz,
para a todos nos dares a vida plena da ressurreição,
ajuda-nos a compreender e viver a vida
numa atitude de serviço aos outros.
Acolhendo a oferta da tua vida no alimento da Eucaristia,
sejamos, também nós, pão repartido para a vida do mundo.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Marcos

Pela segunda vez, Jesus anuncia aos discípulos a proximidade da sua paixão, morte e ressurreição. Não era essa a expetativa dos discípulos, como o deu a entender Pedro que o contestou quando Jesus o anunciou pela primeira vez. E continuam sem entender, preocupando-se agora, entre eles, com outra questão: quem é o mais importante entre nós? Perante esta lógica de poder, Jesus propõe uma nova forma de compreender e viver a vida, a partir da lógica do amor: quem quiser ser grande, faça-se pequeno, viva numa atitude de serviço.

2. 2. Leitura do Evangelho segundo São Marcos (Mc 9, 30-37)

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».

Palavra da salvação

(momento de silêncio para interiorizar a Palavra)

2.3. Breve comentário

No texto do Evangelho deste domingo, começamos por acompanhar a caminhada de Jesus e dos seus discípulos através da Galileia. Jesus prepara-os para o que irá acontecer em Jerusalém, anunciando-lhes que vai ser entregue, morto e que ressuscitará ao terceiro dia. Eles não compreendem, como não o tinha compreendido anteriormente Pedro, da primeira vez que Jesus lhes falara da sua paixão (Mc 8, 31-33), ou os três discípulos que desciam do monte da transfiguração e se perguntavam «o que seria ressuscitar dos mortos» (Mc 9, 10). A sua ideia e expetativa em relação ao Messias ainda estava longe da lógica proposta por Jesus. Por isso, o caminho é feito com o «medo» de interrogar Jesus, e preenchido com questões mais conformes às suas próprias expetativas de um reino à maneira do mundo que conheciam: Quem de nós será o mais importante? Quem ocupará os primeiros lugares?

Será depois, em casa, já num espaço mais íntimo, que Jesus os questiona: «Que discutíeis no caminho?» Não insiste nem os obriga a responder… Mas, deixando a questão permanecer em aberto, apresenta-lhes a sua proposta que lança para uma nova forma de pensar e viver. Para Jesus, o primeiro, o mais importante, «será o último de todos e o servo de todos». Ou seja, «quem quiser ser grande, sirva os outros e não se sirva dos outros. E este é o grande paradoxo de Jesus. Os discípulos discutiam sobre quem deveria ocupar o lugar mais importante, quem subiria mais rapidamente, ocupando os cargos que dariam certas vantagens. E Jesus transtorna a sua lógica, dizendo-lhes simplesmente que a vida autêntica se vive no compromisso concreto com o próximo, isto é, servindo» (Papa Francisco, homilia da Missa em Havana, Cuba, 20 setembro 2015).

O gesto que se segue clarifica as palavras: uma criança é colocada ao centro e abraçada. No centro deste serviço está a pessoa concreta, de modo particular os mais frágeis. O serviço, o cuidar do outro por amor «não se reduz a uma atitude de servilismo mas, pelo contrário, põe no centro a questão do irmão: o serviço fixa sempre o rosto do irmão, toca a sua carne, sente a sua proximidade e em alguns casos até a “sofre”, e procura a promoção do irmão» (Idem). Para o cristão, o segredo está nesse olhar de quem vê nos outros, e sobretudo nos mais “pequeninos”, o rosto de Jesus que conduz ao Pai.

3. Silêncio meditativo e diálogo

«…vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará».

O sentido da vida de Jesus passa pela entrega total de si mesmo na cruz, pela qual se abre, para a humanidade, o horizonte da esperança da ressurreição. É este dom de vida plena que agradecemos e acolhemos em cada Eucaristia: Jesus, Pão da vida eterna, oferece-se por nós. Em cada Eucaristia anunciamos a sua morte, proclamamos a sua ressurreição, esperamos a sua vinda gloriosa. Em cada Eucaristia, Jesus convida-nos a partilhar da sua lógica de amor e de serviço, no dom de nós mesmos.

  • Acolho, em cada Eucaristia, o dom da vida de Jesus que, nos caminhos da minha vida atual, se oferece como fonte de esperança e de vida eterna? 
  • Encontro, na Eucaristia, o apelo a, como Jesus, fazer da minha vida Pão repartido para a vida do mundo, num caminho de serviço aos outros?

«Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar».

«Os discípulos tinham medo de interrogar Jesus quando Ele lhes falava da sua paixão e da sua morte. Assustava-os, não podiam compreender a ideia de ver Jesus sofrer na Cruz. Também nós temos a tentação de fugir das cruzes próprias e das dos outros, afastar-nos daquele que sofre» (Papa Francisco). 

  • Sou capaz de permanecer junto da cruz do irmão que sofre? 
  • Consigo ver Jesus em cada homem caído no caminho da vida, em cada irmão que tem fome ou sede, que está nu, encarcerado ou enfermo?

«Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos»

À questão sobre quem seria o maior entre os discípulos, Jesus responde com o desafio de uma nova forma de pensar e viver: quem quiser ser grande, sirva os outros e não se sirva dos outros. «Servir significa cuidar dos frágeis das nossas famílias, da nossa sociedade, do nosso povo. São os rostos sofredores, indefesos e angustiados que Jesus nos propõe olhar e convida concretamente a amar» (Papa Francisco). 

  • Na minha vida concreta, assumo habitualmente atitudes de serviço aos outros? Ou sirvo-me dos outros para os meus interesses pessoais?
  • Na minha comunidade, procuro colaborar em algum serviço dentro das minhas possibilidades e capacidades? Ou estou apenas à espera que ela corresponda às minhas necessidades e interesses?

4. Propósito e Oração final

– Ao longo desta semana, procuro deixar-me iluminar pela lógica de Jesus, e identificar as situações em que posso (e devo) assumir uma atitude concreta de serviço.

– Pai Nosso

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