Lectio divina para o 1º Domingo do Advento

O Advento apresenta-se como um tempo novo: o tempo da espera, o tempo da esperança.

Erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima!

Lectio Divina para o Domingo I do Advento (Ano C), 28.11.2021

Breve introdução

O Advento apresenta-se como um tempo novo: o tempo da espera, o tempo da esperança. Com toda a humanidade, esperamos a luz d’Aquele que está para nascer, como Deus connosco: Jesus Cristo. Esperamos a Sua vinda definitiva. Esperamos a Sua presença, que ilumina e dá um novo sentido ao nosso quotidiano.

O Advento é o tempo da expectativa, da escuta e da contemplação. É o tempo da atenção a Deus e ao que caminha ao nosso lado. Por isso mesmo, é o tempo da vigilância, de abandonar a indiferença e o auto-centramento, para nos abrirmos ao dom, para nos abrirmos a Deus e à aventura da vida vivida em atitude de serviço.

O Advento é o tempo de reaprender a fazer caminho com os outros, com os que partilham a mesma fé e com todos com quem partilhamos a nossa condição humana. Junto a eles, caminhamos em direção à luz, que é o próprio Deus, e que nos devolve a dignidade, a liberdade e a esperança.

1. Invocação

Senhor Jesus,
Tu que vieste, que vens e que virás, 
torna-nos atentos e despertos, 
para Te reconhecer na Palavra e na oração 
e em cada homem e mulher que encontramos.
Dá-nos a graça de Te escutar, 
para que em nós se renove a esperança. 
Concede-nos o dom de ser luz, 
que a todos liberte e a todos devolva a dignidade humana 
de filhos e filhas amados pelo Pai.
Ámen.

2. Escuta da Palavra de Deus

2.1. Vamos escutar uma passagem do Evangelho segundo São Lucas

O Evangelho deste domingo retoma um tipo de linguagem e expressões que já encontrámos nos textos dos últimos domingos do ano litúrgico. Numa primeira leitura, podemos ficar com a sensação que Jesus pretende provocar em nós medo ou incerteza. Contudo, a Sua mensagem é precisamente a oposta: convida-nos a estar vigilantes para reconhecer a Sua força salvadora, e assim viver no meio dos acontecimentos do mundo e da humanidade, cheios da Sua esperança. 

2. 2. Leitura do Evangelho segundo São Lucas (Lc 21, 25-28.34-36)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas. Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha, pois ele atingirá todos os que habitam a face da terra. Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem». 

Palavra da salvação

 (momento de silêncio para interiorizar a Palavra)

2.3. Breve comentário

O género literário a que este texto pertence utiliza uma linguagem que era muito comum no tempo de Jesus. Parece que nos apresenta uma descrição de acontecimentos históricos, de contornos catastróficos, para nos induzir ao temor e à falta de segurança. Infelizmente, ainda hoje, muitos leem este texto, e outros semelhantes, desse modo e utilizando-os como instrumentos para manipular e amedrontar os outros. Nele, Jesus não descreve acontecimentos futuros, mas oferece-nos uma chave de leitura, que nos permite ler os acontecimentos do passado, do futuro e do presente, à luz da Sua ressurreição. 

Do sol até aos mares, ou seja, desde o ponto mais alto até ao mais profundo e onde habita o mal, de acordo com o modo como se compreendia naquele tempo o universo, tudo se mostra frágil. A humanidade, simbolizada nas nações, sente-se insegura, cheia de incertezas, com medo, desanimada e sem esperança. 

No meio de todas essas realidades, está Cristo, o Filho do Homem, que surge com a Sua força, de onde menos se espera e quando menos se espera. Diante d’Ele, toda a humanidade, em geral, e cada pessoa, em particular, pode erguer-se e levantar a cabeça. Cristo ressuscitado ergue, ou seja, ressuscita, quem o contempla, devolve a dignidade perdida e permite que vivamos com esperança.

São inumeráveis os momentos da nossa vida em que podemos passar pela experiência do medo que paralisa, da incerteza, da desilusão connosco próprios ou com os outros, da frustração com as contrariedades com que nos deparamos, etc. No meio de tudo isso, sobretudo, quando nos parece que já não existem caminhos, Cristo, o vencedor do mal e da morte, levanta-nos e enche-nos da Sua esperança.

Para O reconhecermos, para participarmos da Sua esperança, precisamos da vigilância e da oração. Ou seja, precisamos de despertar os nossos sentidos interiores para Deus e para os outros, sem nos deixarmos capturar pela indiferença e insensibilidade, nem cairmos na armadilha de vivermos de olhos postos apenas nas realidades criadas.

3. Silêncio meditativo e diálogo

«Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas.»

  • Sou sensível ao que se passa à minha volta, sobretudo aos sofrimentos e dores dos outros?
  • Experimento eu próprio medo e insegurança diante das dificuldades da vida, das desilusões com os outros ou dos fracassos pessoais?

«Então, hão-de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória.»

  • Vou reconhecendo a presença fortalecedora do Senhor, sobretudo na Palavra e na Eucaristia?
  • Tento ver o rosto de Deus naqueles com quem me encontro?

«Erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados».

  • O encontro com o Senhor na oração e na celebração da Eucaristia renova a minha força interior e devolve-me a esperança?
  • Vivo com atitude positiva ou deixo que o desalento se instale no meu coração?
  • Ajudo os outros a ‘levantarem-se’ ou tendo a pôr-lhes mais pesos?

«Vigiai e orai em todo o tempo».

  • Sou perseverante na minha vida de oração, procurando o encontro com o Senhor?
  • Valorizo a participação na Eucaristia como momento central da minha vida cristã?
  • Estou atento ao que os outros possam precisar e sou sensível ao que Deus me possa dizer através deles?

4. Propósito e Oração final

– Ao longo desta semana, vou estar mais desperto para a presença permanente de Deus comigo e tentar estar atento aos outros, procurando que a força e a esperança de Cristo habitem sempre no meu coração.

– Pai Nosso

Repositório LECTIO DIVINA
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